Tudo a postos para edição memorável na Carregueira, com 136 jogadores de 20 clubes
A Lisbon Golf Cup, a mais antiga competição de golfe de Lisboa, integrante do calendário do Lisbon Sports Club (LSC), ou Carregueira, como é conhecido, em Belas, Sintra, assinala a sua 100.ª edição já no fim-de-semana que se avizinha. O clube anfitrião quis fazer da efeméride uma ocasião especial e, para tal, constituiu há meses uma Comissão Organizadora, que tratou de fazer tudo com requinte.
A prova começou a ser comunicada com os convidados a receberam um e-mail que dizia o seguinte: “God save the Queen and you, please, save the date”, sendo a data 1 e 2 de Julho. Duas semanas depois os mesmos convidados receberam o convite impresso em papel especial Conqueror A4, uma peça para guardar e emoldurar, personalizada com o nome de cada convidado.
Mais de 30 sócios estiveram envolvidos a ajudar no melhoramento e no embelezamento do campo e na montagem do palco, o que incluiu também pinturas na clubhouse. O field ascende aos 136 jogadores, oriundos de 20 clubes, e o evento é tão digno que todos saem do buraco 1, com saídas entre as 7h20 e as 14h30. Os sócios Isabel Dray, Filipe Mendes Quinto, Edgar Costa e Jorge Santos, presidente da Mesa da Assembleia Geral do LSC, vão revezar-se como starters. No sábado, haverá prova de vinhos e música com as "Varanda Sessions with DJ Ogo" e a piscina e o padel estão disponíveis a partir das 14h.
Fazendo a prova parte do calendário da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), estão presentes alguns dos melhores jogadores amadores de alta competição , mas também antigas glórias do golfe nacional e do próprio clube e antigos vencedores da Lisbon Golf Cup que já não são sócios do LSC (como Jorge Oliveira da Silva, Carlos Valente e Eduardo Vieira). Não falta sequer o presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa.
Mas a Lisbon Golf Cup tem outro aliciante competitivo, pois é nela que se decidirá quais são as quatro jogadoras que se vão juntar a Leonor Bessa e Sara Gouveia na selecção nacional feminina que representará Portugal no European Ladies Team Championship de 11 a 15 de Julho, no Montado Hotel & Golf Resort. Serão elas as quatro primeiras na classificação gross, dentro de um lote devidamente sinalizado.
A Lisbon Golf Cup é para o vencedor em net, senhora ou homem visto que a prova é mista, e tem como actual detentor o jovem Gonçalo Miranda, um jogador da casa de 15 anos. Na competição gross, basta dizer, para se ter uma ideia do nível que vai ter, que estão presentes o campeão e o vice-campeão nacionais amadores, respectivamente Tomás Melo Gouveia, do Clube de Golfe de Vilamoura, e Vasco Alves, do Oporto Golf Club.
Legenda: Nathan Brader e o campeão nacional Tomás Melo Gouveia já treinaram hoje na Carregueira
Há também expectativas em relação a José Maria Cazal-Ribeiro e Luís Costa Macedo, os dois melhores jogadores do LSC, e que são o campeão e o vice-campeão nacionais de mid-amateurs (acima dos 30 anos) e também bicampeões nacionais de clubes no mesmo escalão. Num campo que conhecem com as palmas das mãos, será interessante ver até que ponto vão dar luta aos “internacionais” da selecção portuguesa.
As cerca de 15 competições internas do LSC foram quase todas criadas durante o período em que viveu no Alto da Ajuda e receberam o nome dos embaixadores da Grã-Bretanha acreditados em Portugal ou das esposas destes. Mas a Lisbon Cup está intimamente ligada è empresa inglesa do antigo cabo submarino, a Eastern Telegraph Company. A Taça nasceu para agradecer a cedência, por parte da empresa, em 1914, de um terreno na Quinta Nova de Santo António, Carcavelos. Foi nessa antiga propriedade, onde ainda hoje encontra o colégio St. Julians, que o clube passou os últimos tempos de gestação e nasceu sob o impulso da comunidade britânica.
A Lisbon Sports Cup, hoje conhecida como Lisbon Golf Cup, tem sido disputada ininterruptamente desde 1918 até aos nossos dias, e é o segundo torneio mais antigo de Portugal, apesar das sucessivas mudanças de sede a que o clube teve de se sujeitar, antes de assentar definitivamente, em 1964, no belíssimo Casal da Carregueira.
Antigamente, a Lisbon Golf Cup disputava-se em 18 buracos de manhã e 18 de tarde. À hora do almoço, num placard afixado na parede propositadamente para o efeito, faziam-se apostas sobre os eventuais vencedores. O limite de handicap estava limitado a 16,0 e as senhoras não podiam jogar. É que, até perto do final da década de 70, o ambiente desportivo regia-se ainda por padrões muito conservadores, respeitando-se rigidamente a estrutura de divisão entre as competições só para homens e as que eram exclusivamente femininas.
Legenda: Patricia Nunes Pedro foi a primeira senhora a vencer a competição que durante décadas foi exclusiva dos homens. Logo na primeira vez que se tornou uma competição mista
Com a mudança de mentalidades e o crescente número de senhoras a jogar golfe, o espírito de abertura entrou numa trajectória de alargamento e, já em princípios da década de 90, foi admitido que homens e mulheres pudessem participar em todas as provas, independentemente de ter sido criadas para uns ou para outros. E, curiosamente, no primeiro ano em que a Lisbon Cup abriu as portas às senhoras, foi uma senhora que venceu, Patrícia Nunes Pedro, feito que ela haveria de repetir em mais três ocasiões, a última em 2013. Patrícia, irmã do presidente do LSC, Pedro Nunes Pedro, é uma das concorrentes nesta edição centenária.