Grupo André Jordan promoveu regresso do evento, no Belas do Clube de Campo

Pode-se embirrar com a agenda frenética de Marcelo Rebelo de Sousa, mas não se pode esquecer a naturalidade e a generosidade com que a cumpre. Se não lhe tivessem pedido, não teria falado no sábado na entrega de prémios da Taça Presidente da República, no Belas Clube de Campo, Sintra. Mas como lho pediram, logo improvisou um discurso cheio de cumplicidade e humor.

Assinalava-se o regresso da Taça Presidente da República, pela primeira vez no Belas Clube de Campo, Sintra. O Grupo André Jordan, mentor do evento, trouxe-o de volta depois de o ter criado e organizado em Vilamoura de 2000 a 2005, com o Alto Patrocínio do então titular do cargo Jorge Sampaio, que também teria estado presente ontem em Belas não se desse o caso de estar internado. 

Marcelo não se esqueceu dele: “Felizmente está em estabilização, mas com muita pena de não poder estar connosco hoje. Ele sim, gostava de golfe. Nunca percebi se jogava bem ou mal, porque a família dizia que jogava bem, ele era muito humilde e dizia que não jogava tão bem; mas para Presidente, devia jogar razoavelmente bem. Em qualquer caso, foi ele o patrocinador durante anos deste torneio.” 

Aliás, o actual Presidente ainda se recordava do dia em que se jogou a última edição há 12 anos, porque foi ganha pelo par de que fazia parte o seu filho Nuno (em conjunto com Benno Van Veggel). “Ainda me lembro quando me telefonou, há mais de 10 anos, a dizer, ‘Pai, ganhei uma taça de golfe e é o presidente Jorge Sampaio que me vai entregá-la’. Eu não vi nisso nenhum presságio, nem nada que pudesse vir acontecer 10 anos volvidos”, brincou depois. 

São tempos que recorda com “saudade dupla”: “Ele na altura vivia cá, os meus netos viviam cá, o contexto de vida era outro, e portanto se fosse possível voltar atrás, eu voltaria de bom grado, e estaria aqui para assistir à entrega pelo presidente Jorge Sampaio da Taça ao meu filho. Ele [Sampaio] telefonou-me pela manhã umas 10 vezes a pedir para que se eu estivesse com a, b, c, d, e, f, que lhes dissesse que não se esquecia deles e que apareceria um destes dias.” 

Teve também palavras especiais para o anfitrião André Jordan. “Estamos aqui sobretudo para homenagear André Jordan, que é um pioneiro que entendeu o que era o turismo em Portugal mais cedo do que o comum dos mortais, e quando digo mais cedo, foi efectivamente há cerca de 50 anos; e depois não envelhece, ao contrário de mim, e também é deprimente encontrá-lo porque está sempre mais novo. Quando me disse, 'Vamos relançar este torneio’, eu respondi, ‘Mas ó André, tem a minha certeza, é claro, é evidente.’ Estamos aqui para lhe agradecermos, para o cumprimentarmos pela sua persistência, pela sua visão e pela sua juventude, muitos parabéns.”

André Jordan ficou-lhe agradecido, afirmando ao GolfTattoo: “O professor excedeu-se em generosidades, principalmente em relação a mim. Eu conheço-o na verdade desde 1971, no passado de ambos de jornalistas e do princípio do Expresso. Sempre tivemos uma boa relação, não de intimidade mas de boa amizade e bom entendimento. As palavras que ele disse a meu respeito são da responsabilidade dele, não assumo.”

Legenda: André Jordan agradece a Marcelo após o discurso deste © JOÂO CABRAL

Mais do que o aspecto competitivo, a Taça Presidente da República visa promover a divulgação turística de Portugal e dos seus melhores destinos de golfe, mas também angariar fundos financeiros para instituições privadas de solidariedade social, no caso deste ano a CECD Mira Sintra – Centro de Educação para o Cidadão com Deficiência. 

Célia Duarte, a presidente desta instituição, lembrou no seu discurso de agradecimento que Marcelo Rebelo de Sousa lhe prestou uma visita nas vésperas de ser eleito Presidente, o que foi um bom augúrio; Marcelo haveria de retribuir afirmando que lá regressaria “rapidamente para que não se diga que só vou em tempo de campanha eleitoral e não vou em pleno mandato presidencial”, e elogiou o trabalho da mesma lembrando que conta com 200 a 250 colaboradores e perto de 2500 utentes. 

O Presidente salientou que não poderia deixar de vir e que, reatada a tradição, não mais irá parar a Taça Presidente da República, e que nos próximos quatro anos lá estará para entregar o troféu, com uma ressalva humorística: “Como tenho a preocupação de separar a família das funções oficiais, espero nunca ter de dar a Taça a um parente meu, seria uma péssima noticia, abriria logo as maiores suspeições, que ele teria ganho no golfe não por ser talentoso mas ser filho do presidente.”

A prova jogou-se ontem com 74 jogadores convidados nacionais e estrangeiros, ligados a diferentes áreas da sociedade, entre as quais figuras públicas como João e Manuela de Deus Pinheiro, Stefano Saviotti, Vasco Rocha Vieira, Carlos Costa, o antigo embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Gerald McGowan, Stefano Saviotti, Luís Correia da Silva, Luís Filipe Pereira, João Vieira Pereira, Camilo Lourenço, Paulo Fernandes e Rodrigo Costa.

A prova foi ganha pelo par composto por Ernâni Magalhães/Soren Pedersen, com 39 pontos stableford net, seguido, com 38 pontos, de Carlos Andrade/Diogo Pinto Gonçalves, quatro jogadores que pertencem ao Clube de Golfe de Belas. O terceiro lugar,também com 38 pontos, pertenceu aos jornalistas João Vieira Pereira/Camilo Lourenço.

A Taça Afonso Patrício Gouveia, para a melhor senhora em prova, foi entregue pela filha Teresa Patrício Gouveia, tendo pertencido a  Sharon Henderson, com 36 pontos. Houve ainda prémios para a bola mais perto do buraco e para o drive mais longo, em homens e em senhoras.  

De noite houve, pelas 19h30, um cocktail no Sky Bar do Hotel Tivoli Lisboa e depois jantar de gala no mesmo hotel.

André Jordan fez o seguinte balanço ao GolfTattoo: "Não pode ser mais positivo, mais satisfatório e mais alegre para nós do que a afluência, o entusiasmo, o equilíbrio de jogadores estrangeiros e portugueses, que é um dos objectivos deste torneio, não só no sentido de promover o golfe turisticamente, mas também no do entendimento entre as pessoas e os povos, de uma maneira pequena, mas significativa porque também são pessoas significativas, não são umas pessoas quaisquer, são pessoas que vêm por sua conta, e até houve gente que veio no seu avião privado. Um dos que veio de fora foi o inglês Peter Adams, director do European Tour e director de torneio no Portugal Masters.

"Trabalhou-se bastante para a organização, a nossa equipa esteve impecável, esforçada, dedicada. Estamos a relançar o empreendimento do Belas Clube de Campo, está a ir muito bem, mas não vivemos dias de abundância, e tudo tem de ser feito com muito rigor. Felizmente conseguimos."