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Miguel Silveira revela-se no Circuito FPG vencendo em Ribagolfe
26/09/2022 18:18 Rodrigo Cordoeiro
Miguel Silveira em acção no domingo rumo ao título em Ribagolfe Oaks © Filipe Guerra

Jovem de 15 anos do CG Miramar foi o sensacional vencedor do 4.º Torneio do Circuito FPG

Miguel Silveira, do CG Miramar, 15 anos (a duas semanas de fazer 16), já vinha dando provas de valor este Verão: 11.º classificado ex aequo no Campeonato Nacional Absoluto Hyundai, no final de Julho, no Aroeira Pines Classic; 2.º lugar ex aequo no escalão sub-16 do 4.º Torneio do Circuito Drive Tour (Campeonato Nacional de Jovens), em meados de Julho, no Santo Estêvão Golfe; e o 3.º lugar ex aequo no 5.º Torneio, no final de Agosto, no Estela Golf Club. 

Já em Setembro fez parte da equipa de Miramar que competiu no Campeonato Nacional de Clubes Solverde (Taça Visconde Pereira Machado). Miramar foi vice-campeão perdendo a final para o Oporto. 

A nível internacional, jogando a título particular, ficou nos 30.ºs no Scottish Boys' U16 Open. E também deu cartas em torneios do seu home club.

No entanto, reconhece que no início do 4.º Torneio do Circuito FPG, que decorreu este fim-de-semana no Par 72 do Ribagolfe Oaks, em Benavente, estava longe de pensar que viria a ser o vencedor absoluto, até porque este ano ainda não conseguira sequer um top-20 no circuito. Acabou por tornar-se o primeiro amador masculino a vencer em termos absolutos no Circuito FPG 2022.

Miguel Silveira com o troféu © Filipe Guerra

“No primeiro dia, até tive a sorte de jogar com um colega meu de Miramar [Bernardo Costa Pinheiro], vínhamos só nós os dois, então, estava mesmo tranquilo. Pensei assim para mim próprio: ‘Imagina que estás a jogar uma volta de treino, shot a shot, e depois vês o resultado, é o que vier; dás o teu melhor, não pensas muito no score, tentas só manter o par do campo'.” 

O resultado foi uma volta com 4 birdies e o resto pares, para um resultado de 68 (-4), que lhe deu uma vantagem de três pancadas sobre Ana da Costa Rodrigues (também de Miramar), Miguel Cardoso (Oporto GC) e o profissional João Pinto Basto Jr. – um trio que marcou então 71 (-1) na abertura. 

E como é que ele entrou para a segunda volta a liderar, no domingo, jogada debaixo de ventos intensos? “Pensei em ser um pouco mais pragmático no meu jogo, jogar mais seguro, porque sabia que se mantivesse o meu resultado, se andasse ali à volta do par do campo, seria muito provável ganhar o torneio. Por isso não queria fazer um grande resultado, não era necessário, era só mesmo segurar o jogo.” 

Começou mal a segunda volta, com o seu primeiro bogey, no 1. Mas, depois fez três birdies nos cinco buracos seguintes (2, 4 e 6) para chegar a -2 na volta e a -6 no agregado. Houve um acidente de percurso no 9, onde marcou duplo bogey 6. Nos back nine fez seis pares consecutivos antes de uma série de bogey-bogey nos 16 e 17.  Nesta altura seguia com +2 na volta e -2 no agregado.

O profissional George Ounstead, graças a uma excelente segunda volta de 68 (-4), liderava na clubhouse com 143 (-1). Silveira precisava assim de fazer pelo menos o par no Par 5 do 18 para garantir o triunfo – e foi o que fez, fazendo 74 (+2) na volta, somando 142 (-2) e ganhando o título absoluto do torneio pela margem mínima.

George Ounstead foi vice-campeão absoluto e 1.º na categoria de profissionais © Filipe Guerra

Ana da Costa Rodrigues, com scores de 71-73, foi terceira absoluta com 144 (Par) e vencedora da prova feminina amadora.

Ana da Costa Rodrigues © Filipe Guerra

No quarto lugar houve um quarteto com 145 (+1), composto pela campeã nacional absoluta Inês Belchior (76-69), da Quinta do Peru; José Miguel Franco de Sousa (78-67), do CG Estoril, que fez a volta mais baixa do torneio no seu encerramento; e os profissionais Pedro Almeida (74-71) e Hugo Santos (72-73).

“Não sabia que precisava do par no 18 para garantir o triunfo”, diz Miguel Silveira. "Eu por acaso até queria fazer um birdie, porque os dois bogeys antecedentes foram muito maus. De qualquer forma, pensei que se fizesse um par ou um birdie ainda podia ser suficiente para ganhar o torneio e mesmo que não fosse um segundo ou terceiro lugares já eram muito bons.”

Miguel Silveira felicitado pelos seus companheiros de clube © Filipe Guerra

Embora integre desde há um ano as fileiras do CG Miramar, que fica em Vila Nova de Gaia, Miguel Silveira reside em Torres Vedras, a mais de 250 quilómetros.

GolfTattoo falou com o pai de Miguel, José Silveira, que explicou que tal se prende com a necessidade de o filho ter “uma equipa, um grupo de trabalho”. “Ele sempre treinou muito sozinho. Este desporto já é um bocado solitário, e se for para andar sempre a treinar sozinho, não há quem aguente”, sublinhou.

O próprio Miguel Silveira escolheu o clube, o Club de Golf de Miramar, que nos últimos anos tem sido o maior viveiro nacional de jovens campeões. “Fazemos um esforço financeiro terrível, tentamos ir uma, duas vezes por mês a Miramar, para os estágios”, adianta José Silveira. “Mas as competições, as saídas de fim-de-semana em grupo, são muito motivadoras. De resto ele treina no Campo Real, que é o campo mais próximo de nós, e num terreno que aqui temos, mantendo-se em contacto online com o treinador.”

“O Miguel joga golfe desde os três ou quatro anos, ninguém jogava golfe na família, ele foi o primeiro a começar, a ver televisão e a jogar golfe, depois veio o irmão e eu também”, continua José Silveira. “E ele sempre treinou, sempre jogou, toda a gente o conhece, pelo que esta sua vitória não surgiu de repente, tem a ver com muitos anos de dedicação. Ele trabalha muito e é muito focado. Sempre teve assim uma estatura pequenina, mas agora, fisicamente, está a ganhar tamanho e isso já lhe permite outros voos. Acho que ainda não tinha chegado a hora do Miguel, pode ser que chegue daqui para a frente.”

A vitória de Miguel Silveira no Ribagolfe Oaks tem, com feito, todos os sinais de turning point na sua carreira. Indiscutivelmente abre-lhe a porta das selecções nacionais.

Sofia Sá (Associação Desportiva da Quinta do Lago), desde Agosto na Texas Christian University, em Fort Worth, onde estuda Economia e compete pelas Frogs na primeira divisão feminina da NCAA, foi a vencedora do 1.º Torneio do Circuito FPG, em Fevereiro, no Montado Hotel & Golf Resort. 

Desde então houve dois vencedores profissionais – Pedro Lencart no 2.º Torneio, em Abril, no Oporto Golf Club; e Vítor Lopes no 3.º Torneio, em Junho, no Boavista Spa & Golf Resort.

Para os profissionais, o ‘prize money’ no Circuito FPG ascende, nos seus torneios regulares, aos 7.500 euros. Neste 4.º Torneio, o primeiro prémio, no valor de €1.700, coube a George Ounstead. Pedro Almeida e Hugo Santos repartiram os prémios para o segundo (€1.100) e o terceiro (€900). 

Os premiados do 4.º Torneio do Circuito FPG de 2022: foram os seguintes: 

1.º da classificação geral: Miguel Silveira (CG Miramar)

1.º da classificação de profissionais: George Ounstead

1.ª da classificação feminina de amadores: Ana da Costa Rodrigues (Miramar)

1.ª da classificação feminina net: Sara Melo (Quinta do Peru Golf & Country Club)