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O golfe regressa – veja em que moldes
02/05/2020 12:38 Rodrigo Cordoeiro
Regresso será apenas de forma recreativa; competição não antes de Junho e dependente de retoma hoteleira e de restauração © FILIPE GUERRA/GOLFTATTOO/FPG

Regresso será apenas de forma recreativa; competição não antes de Junho e dependente de retoma hoteleira e de restauração

Incluído nas modalidades desportivas individuais praticadas ao ar livre que receberam luz verde do Governo para reatar a sua actividade a 4 de Maio, o golfe vai voltar a poder ser jogado a partir de segunda-feira, por enquanto, apenas de forma recreativa e não competitiva. 

No actual panorama da crise pandémica, não há desporto mais seguro no mundo do que o golfe, considerou ao GolfTattoo o presidente da Federação Portuguesa de Golfe, Miguel Franco de Sousa. 

“Estamos a falar de praticar um desporto exercido numa zona de área relvada na ordem dos 35 hectares, não contando com o mato, onde muita gente também anda. O distanciamento social é obrigatório pela própria actividade, porque se os jogadores estiverem muito perto uns dos outros, arriscam-se a levar com o taco em cima. Em tudo o resto – como por exemplos nas caminhadas – será preciso bom senso”, justifica o dirigente. 

Ontem, sexta-feira, a FPG divulgou o Plano de Reabertura de Instalações de Golfe (consultar aqui), elaborado em conjunto com o Associação de Gestores de Golf de Portugal (AGGP) e a Associação Portuguesa de Greenkeepers (APG). 

Este documento está dividido em três partes. A primeira, intitulada “Para o Praticante de Golfe”, vai ao ponto de especificar as linhas orientadoras desde o “Antes de ir para o campo” ao “Regresso a casa”, passando pela “Chegada ao Campo”, “Regras de Sociabilização”, “Clubhouse”, “Check-in”, “Aquecimento”, e “Jogo”, salientando-se neste último particular a possibilidade de as Comissões Técnicas locais poderem optar por retirar todas as bandeiras do campo de golfe. 

A segunda parte refere-se ao “Treino Acompanhado (Aulas de Golfe)” e a terceira à "Gestão das “Instalações”. 

Sem hipótese, por lei, de ver as competições reactivadas até ao início de Junho, Miguel Franco de Sousa tinha já admitido ao Record, ontem, a vontade de organizar, ainda nesta época, as “provas mais importantes”, que decidam “os principais títulos individuais e colectivos” a nível nacional, mas lembrou que o calendário depende do funcionamento dos serviços de alojamento e de restauração. 

“Já cancelámos bastantes competições neste período [Primavera] de grande actividade nacional e internacional. Já temos a indicação de que eventualmente poderemos retomar [a competição] em Junho, mas estamos dependentes da retoma das unidades hoteleiras e de restauração para apoio. Não vale a pena fazer competições de norte a sul do país, sem alojamento para os atletas”, explicou. 

Ao mesmo jornal diário desportivo, o dirigente deu ainda "nota positiva" à coordenação demonstrada entre as federações dos desportos que vão ser retomados e a Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude, tendo enaltecido a atenção prestada ao golfe e ao ténis, duas modalidades com "muitas parecenças", pela dinâmica económica que as envolve. 

O presidente da FPG referiu ainda que a quebra da actividade económica causada pelo surto do novo coronavírus reflectiu-se na prática de golfe em contexto turístico, tendo, segundo o próprio, privado os campos portugueses de “largas dezenas de milhares de jogadores” no último mês e meio, precisamente a “época alta do turismo de golfe”. 

Adiantou que as receitas das 83 instalações nacionais de golfe este ano vão cair entre 50% e 70% face a 2019 - 125 milhões de euros –, tendo explicado que a dimensão das perdas vai depender da forma como as restrições ao turismo vão ser levantadas. 

“[As quebras] vão depender de quando é que se vão abrir as fronteiras e da forma que vão ser limitados os passageiros nos aviões – se a um terço, a metade, a dois terços da lotação. Esta pandemia está a deixar cicatrizes muito fortes, e muita gente que tinha planeado viajar poderá não viajar”, reconheceu. 

O responsável frisou ainda que o Algarve, região com mais campos no país, vocacionada para o turismo, está a sofrer mais do que as instalações de Lisboa, do Norte e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, que vivem sobretudo das "quotizações anuais", pagas pelos golfistas residentes em Portugal – há 15.800 atletas inscritos na FPG.