
João Maria Pontes e Hugo Espírito Santo no Campeonato do Mundo de Pitch & Putt
Portugal obteve um excelente resultado na primeira edição da IPPA World Cup, o Campeonato do Mundo de Pitch & Putt da International Pitch & Putt Association, realizado no Balgove Course, situado na mítica vila escocesa de St. Andrews.
A seleção nacional de pitch & putt (P&P), constituída por João Maria Pontes, de 16 anos, e Hugo Espírito Santo, de 37, sagrou-se vice-campeã mundial, só perdendo na final com a Holanda por 2/1.
Portugal não começou da melhor maneira, perdendo com a Itália no primeiro duelo da fase de grupos, por 3/1 e ficou logo em situação complicada.
“Éramos obrigados a ganhar os dois matches seguintes para podermos passar aos quartos de final”, recorda Hugo Espírito Santo (HES), o mais titulado internacionalmente dos jogadores de P&P em Portugal.
Os golfistas portugueses deram a melhor resposta possível quando se viram “encostados às cordas”, derrotando sucessivamente a equipa da casa, a Escócia, por 2/1, e a Holanda, por 3/2.
Foi durante o embate com a Escócia que HES rejubilou com um hole-in-one no buraco 7 que teve direito a certificado da St. Andrews Links, “a entidade que gere os sete campos de golfe das redondezas, entre os quais este Balgove Course”, como explicou António Vasconcelos, o árbitro internacional que pertence à Comissão Organizadora da IPPA, como delegado da Federação Portuguesa de Golfe (FPG).
“Foi o único hole-in-one da competição e o buraco 7 tem 50 metros”, disse HES.
O certificado de hole-in-one de Hugo Espírito Santo / © D.R.
Terminada a fase de grupos, Portugal ficou no 2º lugar, com 4 pontos, os mesmos da Holanda que venceu o Grupo-A.
Nos quartos de final, Portugal precisou de uma ponta final de sonho para superar a surpreendente formação de San Marino (1 up), num confronto só decidido no último buraco.
“Vínhamos a perder por 2 quando faltavam apenas três buracos e conseguimos ganhá-los todos. Eu concretizei um putt de 4 metros no 17 para irmos empatados para o 18. Nesse putt, lembrei-me de tudo de bom, olhei para o horizonte, vi St. Andrews e isso deu-me uma autoconfiança, motivação e garra tremendas!», emocionou-se João Maria Pontes (JMP), ao recordar essa grande vitória.
Nas meias-finais, a dupla portuguesa – o torneio joga-se em pares, no formato de greensomes – desfez-se da oposição da França por 3/1. “Foi o match mais fácil”, garantiu HES.
Na final Portugal deparou de novo com a Holanda como na fase de grupos, mas desta feita foram os rivais a levar a melhor e a entrarem para a história como os primeiros campeões desta IPPA World Cup.
Balanços positivos
“Sabíamos que os holandeses eram muito fortes. Falhámos alguns putts importantes e foram justos vencedores”, resignou-se HES, apesar de tudo satisfeito com o balanço final: “Estamos orgulhosos. Demos o nosso melhor, com garra e determinação. Estamos super-felizes. Ser vice-campeão do mundo é um sonho.”
JMP também fez uma análise extremamente positiva: “Eu e o Hugo sempre nos demos bem em campo. A minha prestação foi bastante boa. Estive bem em quase todos os momentos. Claro que falhei um putt ou outro, mas o golfe é mesmo assim. Fiz uma boa preparação antes de vir para cá, desde a convocatória, e as coisas saíram bem. Nem poderiam ter saído de outra maneira, pois fiz um trabalho consciente com qualidade e ambição.”.
Portugueses no top-5 do torneio individual
Terminado o Mundial, a IPPA organizou um torneio individual de 18 buracos, duas voltas de 9, em stroke play, e os portugueses voltaram a brilhar.
HES, campeão ibérico de P&P, foi 5.º classificado, com 4 pancadas abaixo do Par, enquanto JMP foi 4.º (-5), entre 18 jogadores, e o jovem campeão nacional de sub-16 ainda foi declarado vencedor na categoria juvenil.
Conhecer um campo mítico e privar com ator de Hollywood
O campo onde se jogou o torneio é uma academia de nove buracos de Par-3, adaptado a P&P, e situa-se mesmo ao lado do Old Course de St. Andrews, o campo mais famoso do Mundo, chamado de “A Casa do Golfe”, onde diz-se ter nascido ali a modalidade. O Old Course tem sido palco de memoráveis edições do British Open, o torneio mais antigo do Mundo.
Os dois portugueses foram, obviamente, várias vezes ao mítico percurso, tiraram várias fotografias e até deram de caras com o ator norte-americano Josh Duhamel (da saga “Transformers”, da série “LasVegas”, etc.), com quem fizeram selfies.
“Ele é muito simpático”, confirmou JMP, que andou nestes últimos dias nas nuvens: “Parecia que estava a sonhar, não estava em mim, é muita emoção ao mesmo tempo, muita coisa boa passa-nos pela cabeça.
“E depois de ver na internet vídeos de Seve Ballesteros, Jack Niclaus e Nick Faldo a terem vitórias deslumbrantes no Open, parece que os imaginas ali com o público. Tudo é simplesmente um sonho tornado realidade.
João Maria Pontes com troféu de campeão júnior / © D.R.
“Estar aqui, a jogar o Campeonato do Mundo, apenas com 16 anos, faz-me acreditar muito que daqui a uns anos possa estar de novo noutro nível de eventos. O ambiente que encontras é muito bom, todos são amigos de todos, ninguém fica maldisposto ou triste por uma volta mesmo má.
“Vi-me simplesmente como um jogador privilegiado por estar em St. Andrews a representar Portugal no Campeonato do Mundo. Olhar em redor e ver o 18 ou o 17 é simplesmente uma grande emoção, de alegria e prazer. Incrível! Aqui respira-se golfe e eu não saía daqui tão cedo, porque só de estar sentado a olhar para o campo e de pensar que é possível jogar lá um Open.”
O famoso tempo agreste da Escócia não assustou os portugueses e JMP referiu que “faz muito frio, com muito vento, nunca tinha jogado P&P em links assim, mas com uma boa ativação antes de jogar para aquecer o corpo, o frio passa”.
Foi, portanto, uma jornada gloriosa da seleção nacional, mostrando que o diretor-técnico nacional, João Coutinho, teve razão em convocar estes dois jogadores. Para a história fica que na primeira IPPA World Cup, Portugal foi vice-campeão.
Pitch & Putt consolida-se internacionalmente
Note-se que, anteriormente, houve outros campeonatos mundiais de P&P, mas com a sua gestão a contar com a participação de outra entidade concorrente da IPPA.
É, contudo, a IPPA que é reconhecida pela esmagadora maioria das federações nacionais de golfe, incluindo a FPG.
É também a IPPA quem tem privilegiados contactos internacionais com o R&A, a entidade que gere as regras do golfe em todo Mundo (à exceção de Estados Unidos e México), ao ponto de ter sido convidada para organizar de novo a IPPA World Cup em St. Andrews em 2020.
Finalmente, é igualmente a IPPA que encetou negociações com o Comité Olímpico Internacional para que o P&P possa vir a integrar o programa oficial dos Jogos Olímpicos da Juventude.