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Recordes e ‘fair play’ na Audi Quattro Cup de 2023
14/07/2023 11:01 Hugo Ribeiro
Lourenço Araújo e Henrique Araújo obtiveram triunfo memorável na 32.ª edição da Audi Quattro Cup © Filipe Guerra

Henrique e Lourenço Araújo, pai e filho, foram os vencedores em Royal Óbidos na mais concorrida das edições

A Audi Quattro Cup não para de crescer e em 2023 foram estabelecidos novos recordes a nível nacional, um ano depois de, no panorama internacional, terem sido ultrapassados os dois milhões de registos e os 16 mil torneios organizados no acumulado desde o nascimento da prova, em 1991. 

Há muito considerado um dos maiores torneios do golfe amador mundial, a Audi Quattro Cup atraía normalmente entre 70 e 80 participantes na sua etapa portuguesa. Este ano, contudo, para a 32.ª edição, as inscrições dispararam para 108, um recorde absoluto.

«É um enorme orgulho. Significa que o nosso torneio já é conhecido dos nossos clientes e, mesmo a um Domingo, fazem questão de participar, este ano com um recorde de 108 jogadores. Deixa-nos ainda mais entusiasmados para organizarmos o evento no próximo ano», disse Nuno Mendonça, o Diretor Geral da Audi em Portugal, em declarações ao programa Golf Report da SIC Notícias.

O Royal Óbidos Spa & Golf Resort está preparado para grandes enchentes. Em 2023 será o palco do mais importante torneio de golfe português esta temporada, o Open de Portugal, do European Challenge Tour, e há poucas semanas acolheu também um dos Campeonatos da Europa da European Seniors Golf Association, que contou com mais de 400 pessoas.

Não foi, por isso, difícil à equipa liderada por Pedro Castelo Branco adaptar-se à boa novidade que foi o crescimento em flecha do número de participantes, embora tenha sido necessário alterar o regulamento da prova.

«Esta é a terceira vez consecutiva que recebemos a Audi Quattro Cup em Royal Óbidos. O torneio joga-se sempre em shotgun, mas, com 108 jogadores, seria impossível. Por isso, optámos por fazer saídas simultâneas de dois tees», explicou o diretor de golfe de Royal Óbidos ao site Golftattoo.

A mudança foi bem acolhida pelos jogadores, até porque permitiu-lhes experimentar o sistema que é utilizado pelo Challenge Tour no Open de Portugal, onde os profissionais também saem ao mesmo tempo de dois buracos. 

A Audi Portugal também reagiu ao aumento do número de jogadores e levou, pela primeira vez, nove modelos de automóveis – outro recorde do torneio –, com destaque para os 100 % elétricos. A marca sente, cada vez mais, que o golfe tornou-se numa atividade sustentável e os seus clientes que jogam esta modalidade optam crescentemente pelos modelos elétricos. 

«Como o número de clientes foi ainda mais significativo este ano, resolvemos reunir aqui alguns dos nossos melhores modelos, desde o Audi A8, ao Q8 Plug In, ao Q8 e-tron. São três dos topos de gama da Audi, além do porta-estandarte dos elétricos que é o Audi e-tron GT. Colocámos aqui uma seleção especial de viaturas, para uma seleção especial de clientes», explicou Nuno Mendonça. 

O diretor geral da Audi Portugal já está a pensar na exposição de viaturas que irá preparar para 2024: «No próximo ano poderemos esperar muitas novidades. Em 2024 a Audi vai lançar oito novos modelos, quatro deles 100% elétricos. Vamos fazer questão de trazer todos esses automóveis para cá. Este ano já trouxemos nove viaturas e para o ano poderemos igualar esse número, porque teremos muitas novidades para mostrar aos nossos clientes». 

A Audi Quattro Cup está, realmente, a tornar-se numa montra do melhor da marca alemã e este ano vieram clientes do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Sul e Madeira. A realização da prova no oeste do país ajuda bastante, por ser equidistante dos extremos mais afastados.

A competição funciona, igualmente, como uma boa estratégia de fidelização. Nesse sentido, poderá ter sido importante a equipa vencedora ser constituída por pai e filho. Nada melhor do que passar, através do golfe, a imagem de marca familiar e de passagem de testemunho entre gerações. 

«Para mim a Audi Quattro Cup tem um sentimento muito especial. Primeiro porque sou um cliente da Audi há muitos anos e vou continuar a ser, e depois porque é um torneio fantástico, de primeiríssimo nível», sublinhou Henrique Faria Araújo, o pai da equipa vencedora. 

«Para mim significa muito porque ainda não joguei muitos torneios de golfe, entre uns 10 a 15 e sair daqui com o troféu é inexplicável, é um sentimento de alegria. Não foi o meu primeiro título, mas foi o mais especial», acrescentou Lourenço Araújo, o filho. 

«Há clientes com uma ligação à marca de há muito tempo e fazem questão de estar presentes todos os anos. É muito curioso os vencedores serem pai e filho. Para nós é ótimo, porque nota-se que estão a um nível muito sofisticado e talvez possamos aspirar a um lugar no pódio da Final Mundial», salientou Nuno Mendonça. 

O diretor geral da Audi Portugal referia-se à boa prestação desportiva da equipa vencedora, com 43 pontos net, batendo por 3 pontos Sérgio Magalhães e José Domingos Alves. A 4 pontos de distância ficaram os 3.º classificados, José Nuno Braga e Jorge Torres Moreira. Este último lugar do pódio só foi decidido pelo desempate do melhor resultado nos últimos seis buracos. 

Em 2023 houve quantidade e qualidade, com nove pares a deterem um handicap de ‘single digit’ e isso valorizou ainda mais o triunfo da família Araújo e ambos reconheceram que foi um sucesso ainda mais saboroso por ser inesperado. 

«Em qualquer jogo de pares, se temos a sorte de encaixar, as coisas funcionam. Jogar em Greensomes Stableford é muito diferente. Já jogámos juntos em Texas Scramble, mas é muito mais difícil em Greensomes. Agora, hoje encaixámos completamente o jogo. E não pudemos treinar em Greensomes porque eu moro no Porto e o meu filho em Lisboa», explicou Henrique Faria Araújo. 

Na realidade, são ambos jogadores do Porto, ‘filhos’ do Estela Golf Club, mas enquanto o pai manteve-se sócio do clube da Póvoa de Varzim, o filho tornou-se, entretanto, sócio do Lisbon Sports Club. As raízes continuam, porém, arreigadas ao Norte. «Achávamos que não iríamos ganhar, mas, afinal, vamos levar o caneco para o Porto», frisou Lourenço Araújo. 

Jogar num campo desenhado pelo saudoso Seve Ballesteros é sempre especial e Lourenço não fugiu à norma: «Foi incrível, gostei muito do campo. Havia vento, pelo que percebi, costuma estar ainda mais vento, mas foi desafiante». 

Agora, ao qualificarem-se para a Final Mundial, os Araújo irão atuar noutro campo desenhado por outro antigo n.º1 mundial. A decisão do título mundial será tomada entre 10 e 14 de novembro, no Almouj Golf, em Mascate, a capital de Omã. 

O traçado concebido por Greg Norman já foi a sede da Grande Final do Challenge Tour e está ligado para sempre à história do golfe português. Foi lá, em 2015, que Ricardo Melo Gouveia tornou-se no primeiro português a vencer a Grande Final do Challenge Tour e também no primeiro português a terminar uma época como n.º1 do ranking do Challenge Tour. 

«Em Omã vamos tentar o nosso melhor, prometemos que iremos treinar muito para representar Portugal com um lugar como deve ser», prometeu Henrique Faria Araújo. 

Araújo foi o apelido certo nesta edição de 2023, uma vez que a classificação gross teve como vencedores Afonso Bento e... Pedro Araújo, com 33 pontos. Dois excelentes jogadores, com handicaps, respetivamente, de 2 e de +1. 

São madeirenses, do Clube de Golfe do Santo da Serra, o palco do Madeira Islands Open, que integrou o PGA European Tour até 2015. Já conheciam o campo e ficaram encantados com o torneio. 

«É um excelente torneio, com um excelente ambiente», atestou Afonso Bento, que explicou a presença de uma equipa da Região Autónoma da Madeira: «Quando jogámos as qualificações do World Corporate Golf Challenge na Madeira um dos prémios, o do drive mais longo, era vir jogar esta Audi quattro Cup. O Pedro ganhou esse prémio e manteve-se fiel ao perceiro de jogo. Ontem viemos jogar a Final Nacional do WCGC e hoje estivemos a competir aqui na Audi Quattro Cup». 

O bom ambiente sublinhado pelo jogador madeirense foi confirmado por uma atitude de grande desportivismo, merecedora de uma ovação generalizada dos jogadores durante a cerimónia de entrega de prémios. 

A dada altura, Nuno Mendonça entregou os prémios ‘skills’ (habilidade). Cindy Neeks venceu o drive feminino mais longo (no buraco 9), António Moura Portugal colocou a bola mais perto da bandeira no buraco 8 e, para receber o troféu do drive masculino mais longo, no buraco 18, foi chamado ao palco José Lopes. O jogador pediu para falar, pegou no microfone e disse que era seguramente um engano, porque o seu drive tinha ido demasiado à direita. Alguém, por engano, escrevera o seu nome na tabuleta. Graças a esse gesto de sinceridade e desportivismo, foi possível descobrir que o vencedor fora, afinal, Miguel Portela. 

A edição de 2023 da Audi Quattro Cup, em Royal Óbidos, foi mesmo, a todos os títulos, memorável.