Jogou três partidas seguidas contra Ricardo Melo Gouveia na Taça Manuel Agrellos
Um dos objectivos declarados da Taça Manuel Agrellos é permitir que os jovens amadores de alta competição passem uns dias com os melhores profissionais, em convívio e competição. A Afonso Girão, do Oporto Golf Club, saiu-lhe a sorte grande na terceira edição desta Ryder Cup à portuguesa, jogada ontem e anteontem no Montado Hotel & Golf Resort. É que coube-lhe jogar cada uma das três sessões (duas de pares e uma de singulares) com o melhor golfista português no ranking mundial e a grande sensação do momento: Ricardo Melo Gouveia.
Afonso esteve à altura do desafio. Embora tenha perdido a sessão inicial, em fourball, ganhou a seguinte em foursomes e empatou a de singles. Em termos de pontos, o embate global entre ambos terminou empatado, com 1,5 pontos para cada lado.
“Foi uma óptima experiência, apesar de ele [Melo Gouveia] não estar na sua melhor forma, porque veio agora de férias”, começa por dizer Afonso, de 17 anos. “Mas, não tendo ele jogado o seu melhor golfe, deu para observar e para ver as rotinas, a sua consistência de jogo. Ele tem óptima atitude, acho que aprendi muito com ele estes dias. Fiquei a sentir que tenho de bater muito mais bolas e de treinar muito mais do que treino agora. O jogo dele é sempre igual. Mesmo quando bate mal, a bola anda só menos 5 metros. Por isso tenho de trabalhar muito a consistência.”
Nos singles de ontem, Afonso perdeu o primeiro buraco com bogey mas virou para os segundos 9 buracos já em vantagem e após 16 buracos estava na frente por 2 up. Mas Melo Gouveia fez birdies no 17 e 18, ao passo que Afonso meteu bolas na água em ambos. E o match terminou empatado.
“Ele devia-me ter ganho o match, só não ganhou porque abriu-me ali a porta nos últimos buracos”, disse Melo Gouveia. “É um óptimo jogador. Tem imensa garra, imenso futuro. O Nuno Campino [seleccionador nacional da FPG] tem feito aliás um óptimo trabalho com os miúdos, têm todos muita motivação e garra para ganhar.”
Perguntámos a Melo Gouveia se deu alguns conselhos a Afonso nestes dias. “Ele parece-me um miúdo que não precisa de muito aconselhamento”, responde. “Comporta-se bem no campo, é bom jogador. Nos singles, se calhar, foi um bocadinho agressivo no 17, devia ter jogado mais para o meio do green. São coisas que ele vai aprender. Não lhe disse nada porque estava ali numa situação em que ainda faltava um buraco, o match ainda estava a decorrer.”
Segunda-feira de manhã, nos fourball, formando dupla com Rafael Gaspar, Afonso perdeu por 2/1, frente a Melo Gouveia/Miguel Gaspar; de tarde, novamente com Rafael, alcançou uma grande vitória diante de Melo Gouveia/Gonçalo Pinto, por 4/3. “Jogámos muito bem, íamos 4 abaixo ao fim de 8 buracos”, esclarece Afonso. “Nos segundos 9 não jogámos tão bem, mas ainda assim fizemos -2. Foi um bom match.”
Uma vitória, uma derrota e um empate frente ao melhor golfista português do momento. O mínimo que se pode dizer é que Afonso esteve à altura do desafio.