Tomás Silva-Pedro Lencart e João Girão-Nathan Brader decidem finalistas na Taça FPG
O nevoeiro voltou a assolar o Estela Golf Club, na Póvoa de Varzim, e prejudicou pelo segundo dia seguido a programação prevista para o torneio masculino da 32ª Taça FPG / BPI.
O diretor de torneio, João Coutinho, da Federação Portuguesa de Golfe, não teve outra opção senão concluir hoje (Sábado) os encontros dos oitavos e dos quartos de final e adiar as meias-finais para amanhã (Domingo), a partir das 8h30. Por consequência, a final masculina será reduzida de 36 para 18 buracos.
Não obstante o nevoeiro, os jogadores manifestaram a sua vontade de jogar e houve lugar a várias surpresas e boas exibições. Mas apesar das surpresas, há quatro grandes jogadores nas meias-finais de amanhã.
João Girão, o vice-campeão desta Taça FPG/BPI em 2014, defronta Nathan Brader, o campeão nacional de sub-18 de 2014, em mais um aliciante duelo Oporto Golf Club-Clube de Golfe de Vilamoura; enquanto na outra meia-final, o triplo campeão nacional amador e duas vezes vencedor desta prova, Tomás Silva (do Clube de Golfe do Estoril), mede forças com Pedro Lencart, o ex-campeão nacional de sub-14, de Miramar.
Destes quatro semifinalistas, só o inglês radicado há muito no Algarve não integrou a seleção nacional que este ano, na Polónia, venceu a Segunda Divisão do Campeonato da Europa. Só esta nota mostra bem a força das meias-finais, envolvendo todas especialistas de match play.
A maior surpresa da jornada de hoje foi a eliminação, nos quartos de final, do campeão do ano passado, Vítor Lopes, nada mais, nada menos, do que o n.º 1 do Ranking Nacional BPI/FPG!
Ainda por cima, o algarvio dobrou os primeiros nove buracos a vencer por 2 e ganhou logo o 10 para dilatar a vantagem para 3. Como é possível que Rui Morris o tenha derrotado por 1 up no último buraco? Uma combinação de fatores. Por um lado, o combativo jogador de Miramar nunca baixou os braços – um exemplo para outros que se intimidam com a qualidade de jogo de Vítor Lopes –, e, por outro lado, houve uma série de erros do representante de Vilamoura, algo perturbado por o nevoeiro não lhe permitir calcular as distâncias com o dispositivo eletrónico a que costuma recorrer.
Joaquim Sequeira, o histórico treinador de Vilamoura, resumiu rapidamente o desastre dos últimos oito buracos: “O que se pode dizer que alguém que vem a ganhar por 3 buracos e comete três erros de ferro-4?.”
Vítor Lopes não estava, obviamente, contente por ter perdido o título, mas foi elegante na análise que fez ao seu desaire e preferiu elogiar Rui Morris: “Não há desculpas. Poderia dizer que talvez fosse o cansaço da semana passada (foi o melhor amador no Solverde Campeonato Nacional PGA), das constantes viagens (Espinho-Algarve-Póvoa de Varzim) em poucos dias, mas a verdade é que o Rui está de parabéns. Esteve sólido do tee e muito bom no chip e putt. Ele ganhou-me o 11 (o 2 do campo, pois saíram do 10) e o 12, teve grandes chip e putt para salvar o 13 e o 14, ganhou-me no 15, eu tive uma “gravata” no 16 e depois no 17 estava a 30 metros da bandeira e dei um shot para ficar a 20… enfim, no 18 já não estava bem e fui para fora e ele fez o Par para ganhar".
Foi, sem dúvida, a grande surpresa da Taça FPG / BPI, mas Hugo Teixeira também obteve um enorme resultado, ao afastar nos oitavos de final Tomás Bessa (o vencedor da fase de stroke play) por 3/2.
No confronto mais mediático dos oitavos de final, entre dois jogadores da tal seleção nacional que triunfou no Europeu, Pedro Lencart não deu hipóteses a Gonçalo Costa, como se pode ver pelo resultado desnivelado de 7/6.
“O Gonçalo não estava no seu melhor e eu estive desde o início muito sólido, a fazer greens e a meter os putts. No buraco 2 fiz um chip-in do bunker e logo no buraco seguinte fiz chip e putt. Mostrei-me muito forte”, disse Pedro Lencart que reconhece o cansaço de demasiada competição nos últimos meses e que, ainda por cima, está a lutar contra bolhas nos pés que o levam por vezes a coxear: “Acordei hoje com uma bolha nova, dolorosa, que me doeu bem no jogo da manhã. Depois tive de fazer um curativo e à tarde o Voltaren (anti-inflamatório) que tomei fez efeito, mas agora a dor está a voltar.”
Nos quartos de final, os resultados foram os seguintes: João Girão (Oporto Golf Club)-Hugo Teixeira (Montado), 6/5; Nathan Brader (Vilamoura)-José Maria Caeiro (Estoril), 5/4; Tomás Silva (Estoril)-Afonso Girão (Oporto), 7/6; Pedro Lencart (Miramar)-Rui Morris (Miramar), 4/3.
O duelo mais apelativo acabou por ser o mais desnivelado porque Tomás Silva, o triplo campeão nacional amador, continua a entrar muito forte nos seus embates, marcando desde muito cedo a sua posição.
Se nos oitavos de final de ontem, diante de Afonso Leite Castro, ganhou 8 dos 9 primeiros buracos, hoje, nos quartos de final, tendo pela frente o campeão nacional de sub-18, Afonso Girão, venceu logo os três primeiros.
“Claro que isso de começar cedo a ganhar ajuda, mas o que está a fazer a diferença é não estar a falhar shots. No stroke play, percebi o que estava a fazer mal, corrigi isso e agora no match play vê-se. Hoje só falhei um shot, no buraco 7, e dei outra abertura no 10 mas ainda assim ainda consegui recuperar. Isso torna as coisas difíceis para os meus adversários, ao verem que não falho.”
Nas meias-finais de amanhã, vai jogar com Pedro Lencart, outro que tem na consistência e na estabilidade mental os seus pontos fortes. Será um confronto aliciante com 7 anos de idade a separá-los.
“Será o meu primeiro confronto com o Tomás, que é um excelente jogador de match play”, sublinhou Lencart, que, com apenas 15 anos, está pela primeira vez nas meias-finais.
“Gosto muito de match play e queria jogar bem este ano, porque no ano passado saí com um sabor amargo, ao perder muito cedo, num play-off, com o João Girão (que foi à final)», disse, depois de se desenvencilhar de Rui Morris por 4/3.
Não foi um duelo fácil, dado que Morris, motivado pelo soberbo triunfo sobre Vítor Lopes, começou forte e chegou a liderar por 1 buraco. “Ao fim de nove ia a perder por 1. Foram nove buracos muito animados porque fizemos vários birdies. Nessa altura, tentei ser paciente e esperar pelos erros dele. E eles vieram porque ele perdeu quatro buracos seguidos (do 10 ao 13). O meu jogo foi parecido com o da manhã embora não tenha arriscado tanto. Com o Gonçalo Costa tive de arriscar mais. À tarde fui mais conservador, ia vendo o que ele ia fazendo e eu preocupava-me em ter a bola em jogo.”
Se Tomás Silva e Pedro Lencart estiveram a fazer fairways e greens, Nathan Brader admitiu que nem esteve muito apurado do tee, mas, em contrapartida, foi um ás nos greens.
“Fiz uns putts muito bons, que me deram cinco birdies e quando o match terminou ia com 3 pancadas abaixo do Par do campo», comentou o inglês, que levou a melhor sobre José Maria Caeiro por 5/4.
A sua meia-final com João Girão deverá ser espetacular. É certo que o jogador do Oporto Golf Club está numa forma apurada, que até se nota pela sua atitude positiva e confiante em campo. As vitórias nos dois Europeus que jogou este ano, o facto de ter sido finalista desta Taça no ano passado, fazem dele o favorito para a meia-final de amanhã. Mas, atenção, nas finais do Campeonato Nacional de Clubes Solverde de 2014 e de 2015, Brader venceu sempre os seus singles. Poderá ser um osso duro de roer.