Jovem madeirense fala da vitória sobre Ricardo Melo Gouveia na Taça Manuel Agrellos
Para a terceira e última sessão de jogo da Taça Manuel Agrellos, que incluía os 10 encontros de singles em mach play, a Carlos Laranja coube-lhe defrontar na oitava partida o n.º 1 do golfe nacional profissional, Ricardo Melo Gouveia. E foi aqui que aconteceu a grande surpresa do dia, na terça-feira, com o jovem madeirense de 16 anos, do Clube de Golfe do Santo da Serra, a derrotar por 3/2 aquele que é o português que mais alto subiu no ranking mundial (foi 77.º no final de Janeiro, actualmente é o n.º 135º na tabela) e no European Tour (terminou época de 2016 no 54.º lugar da Race to Dubai).
Melo Gouveia e Laranja durante o duelo / © FILIPE GUERRA
“Entrei nervoso, claro, mas entrar a jogar com um dos melhores jogadores europeus é sempre uma experiência diferente. Depois ele falou comigo e deixou-me à vontade”, conta o jovem craque do Santo da Serra, no concelho do Machico, ao qual regressou em Agosto passado depois de um ano a viver no Centro de Alto Rendimento do Jamor (no Centro Desportivo Nacional, em Oeiras), na condição de Jovem Talento, com o apoio da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) e de alguns membros do Santo da Serra (impossível não lembrar Cristiano Ronaldo a vir muito jovem da Madeira para a Academia do Sporting).
Apesar do nervosismo, só esteve a perder num buraco, o 6. “ Dei um bom shot no 7, faço eagle e a partir daí comecei a dar bons shots à bandeira, deu-me confiança. E também meti muitos bons putts, tive sorte, dei bastantes putts bons”, conta Laranja, que já terminara a época federativa em beleza conquistando a 5 de Novembro o seu primeiro título no 6.º Torneio do Circuito Allianz, na Quinta do Peru.
Além daquele eagle, Laranja fez 4 birdies e tinha um putt de 1 metro para birdie quando o jogador do ACP Golfe lhe concedeu o match. “Foi óptimo jogar com ele”, disse Melo Gouveia, “nunca tinha jogado, mas já tinha ouvido falar muito bem dele e do seu jogo: Fiquei impressionado, jogou bastante consistente, desde o 1 ao 16. Eu não estive bem nos grens, não consegui pôr pressão no Carlos e ele meteu os putts que deveria ter metido e alguns que eu não estava à espera que metesse. Dou-lhe os parabéns e acho que está no caminho certo.”
Quanto ao que terá dito a Laranja no início do jogo, para que ele descontraísse: “Eu senti que ele estava um bocadinho nervoso e um bocadinho preso, pu-lo à vontade, mas é um miúdo espectacular, vê-se que é muito humilde, acho que tem um grande potencial. Fiz-lhe perguntas normais, mais pessoais, se continuava no Jamor, porque lembrava-me que estava aqui a viver. O Ricardo Santos jogou com ele o ano passado e já se tinha visto à rasca, foi um match também difícil para ele.”
Nas duas sessões de pares da véspera, Laranja formara equipa com José Maria Cunha (CG Miramar) derrotando nos fourball, de manhã, Gonçalo Pinto/Miguel Gaspar, por 1up, e de nos foursomes, de tarde, unira-se a João Girão (Oporto) perdendo por 5/3 para Hugo Santos/João Ramos.
E 2017, será o ano em que Carlos Laranja vai “explodir” na cena nacional? Responde o próprio: “Não sei se vou explodir, o golfe é sempre difícil, um dia estamos a jogar bem e no outro fazemos muito acima, não sei o que o futuro reserva. Vou continuar a esforçar-me e esperar que mais aconteça.”