João Coutinho, Nelson Ribeiro e Hugo Pinto falam da brilhante prestação lusa no Internacional
O 88.º Campeonato Internacional Amador de Portugal coincidiu com o primeiro aniversário de Nelson Ribeiro no cargo de Treinador Nacional. “Foi precisamente esta semana que fez um ano que assinei com a Federação Portuguesa de Golfe”, recordou no sábado, no último dia da competição realizada no Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela. E que melhor maneira de comemorar do que ter comandado – em parceria com o seu adjunto Hugo Pinto – o contingente português rumo a um magnífico desempenho no Montado Hotel & Golf Resort?
Vítor Lopes, embora trabalhe há muitos anos com o treinador do CG Vilamoura, Joaquim Sequeira, reconheceu o mérito do Treinador Nacional: “Tirou-me um pouco o medo de jogar golfe e de acreditar em ganhar. Acho que vinda dele foi essencial, dá para ver pelos resultados, que têm corrido bem.” Nelson Ribeiro, por sua vez, disse sobre Vítor Lopes que “está cada vez mais organizado” e que “essa organização acaba por lhe dar um pouco mais de tranquilidade – e depois, quando está em campo, acaba por conseguir jogar um golfe mais descansado e mais concentrado”.
Mas não foi só a vitória wire-to-wire de Vítor Lopes: nove dos 16 portugueses em prova passaram o cut (antecipado para os 36 buracos em vez dos 54 buracos) e quatro estavam no top-10 à partida para a quarta e última volta – eram eles, além daquele que viria a ser o vencedor, Afonso Girão, Pedro Lencart e Daniel Rodrigues. Este último, de 15 anos, fez uma grande estreia no torneio, tal como Francisco Matos Coelho, de 14. São duas grandes jovens promessa do golfe nacional.
Nunca se tinha visto uma prestação lusa tão forte nas primeiras três voltas do torneio, desde que em 2008 se passou a jogar somente em stroke play e não mais numa primeira fase de stroke play e numa segunda de match play. “O torneio correu de forma quase perfeita, foi realmente um campeonato diferente porque teve um sabor muito português”, considera João Coutinho, Director Técnico Nacional da FPG. “Tivemos um líder desde a primeira volta até à última e houve muito bom golfe por parte dos nossos jogadores, muitos deles muito novos.”
Dos 16 jogadores portugueses em prova, seis integraram a selecção nacional e tiveram portanto acompanhamento privilegiado por parte da Equipa Técnica: Vítor Lopes, Pedro Lencart (acabou em 13.º entre os 120 participantes, mesmo não estando fisicamente a 100 por cento), Daniel Rodrigues (17.º), Vasco Alves (47.º), Gonçalo Teodoro e Pedro Clare Neves – os dois últimos foram os únicos do sexteto que falharam o cut. De resto, Francisco Matos Coelho foi 28.º, Afonso Girão 32.º, João Maria Pontes (63.º), Pedro Silva 67.º) Martim Baptista (77.º). Na Taça das Nações, a equipa de Portugal A, com Lopes, Lencart e Alves, ficou no segundo lugar, uma pancada atrás do forte trio de Espanha A.
“O Vítor Lopes trabalha há muitos anos com a FPG – com o seu clube também, obviamente, mas é sobretudo a FPG que o leva a competir internacionalmente, e essa preparação fez com que mostrasse no Montado a maturidade que tem e que dissesse que estava na altura de começar facturar”, continua João Coutinho. “A concorrência era muito forte e acho que foi uma vitória extraordinária. O Pedro Figueiredo ganhou em 2008, o Gonçalo Pinto em 2013 e agora o Vitor Lopes em 2018. Parece que temos um padrão de vitórias de cinco em cinco anos, não podemos esperar mais cinco anos para ganhar outro Internacional, é isso que se espera."
João Coutinho diz que Nelson Ribeiro “é um treinador diferente de todos aqueles que tivemos”, com “uma nova perspectiva e uma nova forma de estar perante aquilo que é o trabalho e as vitórias”. E acrescenta: “Já o demonstrava no CG Miramar (e continua a demonstrar porque continua a treinar os jovens de Mirama) e agora isso vê-se na selecção."
Desde que Nelson Ribeiro assumiu funções tomando o lugar que nos últimos anos pertenceu a Nuno Campino, já houve cinco vitórias internacionais de portugueses (uma delas no British Boys Amateur Championship, com Pedro Lencart a tornar-se o segundo luso a conquistar este major de sub-18 depois de Pedro Figueiredo em 2008, os outros triunfos foram por Francisco Matos Coelho, Leonor Medeiros e Ana da Costa Rodrigues no Campeonato Internacional Juvenil da Áustria), um segundo lugar (Francisco Matos Coelho no Doral Publix Junior Golf Classic em Miami), um quarto lugar (Diogo Mealha no Open Amador de Inglaterra de sub-14) e perto de 20 classificações no top-20.
João Coutinho diz que o melhor ainda está para vir: "Acho que isto é apenas o princípio do trabalho do Nelson, muito está por fazer e muito o Nelson e a sua equipa irão fazer pelo golfe e para levar os miúdos aos mais altos níveis competitivos."
Vítor Lopes reconhece que durante o Internacional se sentiu muito unido com a selecção, pois sendo o golfe um desporto muito individual toda a gente em seu redor puxou por ele. Hugo Pinto, que é desde Março do ano passado o Treinador Nacional Adjunto (pelo que agradece o convite que lhe foi feito nesse sentido por Nelson Ribeiro), confirma essa preocupação por parte da equipa técnica: “Nestas competições em que há mais do que um atleta, tentamos criar ao máximo uma dinâmica de grupo favorável à estabilidade, à confiança, à entreajuda, porque apesar de ser uma prova individual, se eles sentirem a união, se sentirem a cumplicidade entre todos, vão estar muito mais motivados. Esta semana tivemos essa oportunidade, de puxar pelo melhor de cada um e fazer com que os outros também crescessem. Por isso acho que a dinâmica do grupo, o espírito de equipa, funcionou muitíssimo bem, e isso faz com que a performance individual também se evidencie.”
Agora segue-se o Internacional de Espanha, de 28 deste mês a 4 de Março, na Andaluzia. Hugo Pinto vai estar na prova feminina, com Leonor Bessa e Sara Gouveia, no Barceló Montecastillo Golf & Sports Resort (Cádiz). Nelson Ribeiro na masculina, com Vítor Lopes, Pedro Lencart e Afonso Girão, no Real Golf La Manga Club. Sai mais um brilharete para as hostes portuguesas?