Nova dinâmica do Centro Nacional de Formação de Golfe explicada pelo seu director
Foi em meados de Maio, logo a seguir ao Open de Portugal no Morgado Golf Resort (em cujo clube aliás era treinador e coordenador), que Hugo Pinto substituiu Luis Costa Macedo na direcção do Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor (CNFG), acumulando-a com o cargo que já exercia de treinador nacional adjunto da FPG.
Agora, a nova época desportiva do CNFG, iniciada em Setembro, apresenta-se com uma imagem renovada e conteúdos diferenciadores, sob a marca “Jamor 365”, que no fundo acaba por ser o “chapéu de chuva” de todas as valências do complexo, quer da Escola Nacional de Golfe, quer das instalações e das dinâmicas de serviços e de produtos.
“É a qualidade das instalações e da nossa intervenção diária que fará crescer e desenvolver a modalidade”, diz, acrescentando: “Temos a difícil tarefa de compreender as aceleradas mudanças sociais e agir em conformidade.”
Actualizando processos e metodologias de trabalho com o objectivo de atrair mais praticantes, retê-los e fazê-los progredir, foi criado um novo modelo de ensino para a Escola Nacional de Golfe.
Deste modo, “o jogo assume a partir de agora uma importância extrema. […] Queremos que os nossos alunos interpretem primeiro a dinâmica de jogo e só depois adquiram competências técnicas, estratégicas, psicológicas e sociais.”
GOLFTATTOO – Como têm sido estes quase quatro meses ao leme do CNFGJ?
HUGO PINTO – Quatro meses de muito e árduo trabalho, abertura de novos desafios e uma oportunidade única de intervir em ações e processos de crescimento e desenvolvimento do Golfe junto dos centros de decisão. Estamos a criar um espaço de coerência entre o que sempre defendemos para o desenvolvimento da modalidade e a nossa prática diária.
É sem dúvida uma experiência profissional única, altamente enriquecedora e aliciante. Aprendemos todos os dias porque nos questionamos também diariamente. Após um período de avaliação das instalações e de práticas correntes, de gestão e desportivas, é tempo agora de executar projetos e criar valor.
E como é que isso vai ser feito?
A imagem que os portugueses em geral têm do Golfe não é propriamente simpática. Vivemos ainda o resultado de um desenvolvimento comercial e de um serviço para turistas. Foram décadas de Golfe para fora e muito pouco no âmbito desportivo. Ainda temos muitas estruturas e dinâmicas a funcionar assim, da gestão ao ensino.
Temos a difícil tarefa de compreender as aceleradas mudanças sociais e agir em conformidade, valorizando o importante e único papel do desporto e neste caso do golfe em particular. Cabe-nos a nós, CNFG, criar e promover uma imagem renovada e conteúdos diferenciadores, de forma a aumentar a procura e a satisfação pelo golfe.
Estamos a trabalhar em conjunto com toda a estrutura da FPG para oferecer um Plano Anual de Actividades no Jamor atrativo, promotor de formas de prática informal e próximo de todas as motivações.
Paralelamente, com o renovado modelo de ensino, garantimos que a principal motivação para a iniciação, retenção e desenvolvimento de níveis de jogo, está assegurada. É a aprendizagem.
Foi desenvolvido um projeto técnico-pedagógico que garante o nosso empenho, a nossa dedicação e a nossa competência, no mais estrito cumprimento de fundamentos pedagógicos e metodológicos. A nossa missão é exatamente essa, ser uma referência em todos os processos de ensino e treino de Golfe. Vamos continuar a trabalhar em conjunto com outras instituições promotoras da prática do golfe, como o Desporto Escolar, numa base de apoio e crescimento. É a qualidade das instalações e da nossa intervenção diária que fará crescer e desenvolver a modalidade.
O que muda na Escola Nacional de Golfe?
Muda o modelo de ensino, a estrutura e a organização. Teremos a partir de Setembro 3 vetores de operação, a saber:
1 - O ensino de crianças e jovens, uma prioridade, com reforço da frequência, do volume e da intervenção técnico-pedagógica direta, organizado por escalões etários e com a figura do coordenador de escalão, conferindo ao projeto maior acompanhamento, proximidade e cumplicidade. O planeamento será elaborado por etapas e com competências a desenvolver em todos os fatores, começando sempre pelo jogo. O jogo assume a partir de agora uma importância extrema. O ensino de qualquer modalidade inicia-se pelo jogo e só depois se passa ao processo de aquisição técnica. Queremos que os nossos alunos interpretem primeiro a dinâmica de jogo e só depois adquiram competências técnicas, estratégicas, psicológicas e sociais.
2 – Promoção do ensino com Programas de Iniciação, Aperfeiçoamento e Competição. Estes programas são compromissos de aprendizagem, onde o Treinador é o responsável pela garantia de frequência semanal (1 ou 2 vezes). O programa tem objetivos individuais à partida, um plano de aprendizagem, formas de avaliação continuas e um acompanhamento efetivo. Temos de fomentar o acompanhamento direto e permanente dos nossos alunos, gerir com proximidade e humanismo todos os programas e eventos.
3 – Ensino individualizado e dirigido para públicos específicos, com programas de aprendizagem “taylormade”.
Quer na Escola Nacional de Golfe, quer nas restantes valências do CNFG, é decisivo passar a mensagem de que trabalhamos 365 dias por ano para todos!
Como tem decorrido a actividade no Jamor em termos de ocupação no driving range e no campo de golfe?
Jamor 365 é muito mais que uma marca, é um projeto global do CNFG cheio de conteúdo e atividades. Representa o trabalho da FPG e da equipa do CNFG para todos e com todos. É fantástico sentir que estamos a contribuir direta e indiretamente para a realização e para o sucesso dos nossos atuais e futuros praticantes. É para crescer!
A par dos processos de ensino e treino de Golfe, o CNFG oferece uma instalação de utilização em autonomia, para a prática e para o jogo, que está em permanente mudança. As exigências sociais e profissionais dos nossos utentes estimulam-nos a procurar sempre mais e melhores soluções. Neste sentido, e reconhecendo melhorias evidentes no espaço, há a registar um aumento gradual do número de voltas no campo e de bolas batidas no Driving Range.
Em que moldes funciona o restaurante, a loja de golfe e o ginásio? É mediante o aluguer dos espaços à FPG? E nestes capítulos houve mudanças de funcionamento?
Os serviços anexos ao Golfe são prestados através de contratos de concessão, em ligação permanente com a direção do centro, numa lógica de complemento e trabalho em conjunto. O objetivo é criar uma identidade global reforçada e partilhada. Temos de continuar a desenvolver, com espírito crítico e criatividade, pontes de entendimento e atuação para valorizar o espaço num todo.
Se não estou em erro, o CNFG, desde a sua remodelação e ampliação com o campo de golfe e a nova clubhouse, sempre foi deficitário em termos de receitas, ou seja, não dá lucro. O seu objectivo passa também por inverter esta tendência?
O objetivo primeiro do CNFG é valorizar o praticante, as suas opções de aprendizagem e jogo, proporcionar as melhores condições para o desenvolvimento da modalidade. Sabemos que o equilíbrio financeiro é fundamental para investir no melhoramento do próprio espaço e oferecer melhores condições. Queremos que o CNFG seja um exemplo a seguir em todas as áreas associadas à modalidade e à industria do Golfe, e por isso vamos apresentar um plano anual de formação, dirigido a todos os agentes envolvidos no Golfe em Portugal. As nossas práticas terão de sair beneficiadas desse conhecimento, experiência e formação. Com instrumentos de gestão mais eficientes, os resultados também serão melhores e a nossa missão alcançada.
Para atrair mais praticantes, é preciso que o produto, no caso a infra-estrutura do CNFGJ, seja promovida. Como tencionam chamar o público-alvo?
A FPG tem na sua estrutura um departamento de comunicação e imagem que trabalha de forma exemplar e em sintonia com o CNFG. É um impulso importante para a divulgação da nossa existência, do que propomos e da qualidade das nossas práticas. Está a ser delineado um plano de comunicação com eventos diferenciados, marcas fortes e jovens, parcerias estratégicas e, sobretudo, a afirmação de uma identidade de qualidade, de rigor, de competência e de valor acrescentado.
Existe um compromisso muito sério e responsável para com o trabalho diário, uma vontade vincada de todos de terminar o dia a sentir que a nossa missão é cumprida. A equipa do CNFG do Jamor é fantástica e trabalham a pensar em todos.
Fale-nos um pouco de como a sua carreira chegou ao golfe e como foi o trajecto desde então?
Fui obrigado a entrar no Golfe! No ano letivo 2001/2002, então colocado na E.B. 2,3 de Armação de Pera, foi–me atribuído (imposto), um grupo-equipa de Golfe do Desporto Escola. Sem formação específica, acabei por encontrar num programa da FPG para professores de Educação Física a melhor solução para a minha formação. O interesse cresceu e comecei a associar uma paixão antiga, o treino, e uma modalidade ímpar, o Golfe.
Continuei a estudar e a procurar soluções para que a minha prática técnico-pedagógica fosse cada vez melhor e naturalmente tirei os cursos de treinadores de grau 1, 2 e 3, e uma pós-graduação em treino e competição de Golfe na FMH, casa onde me formei entre 1995 e 2000 em Ciências do Desporto.
Passei por várias escolas com grupos-equipa e centros de formação desportiva de Golfe e entrei para um projeto de clube em 2009, no Clube de Golfe do Morgado do Reguengo, que me permitiu crescer e desenvolver como treinador e coordenador de um projeto de formação e especialização.
Tenho estado ligado à formação de treinadores e professores, e mais recentemente abracei o desafio de trabalhar com o Nelson Ribeiro, uma grande referência para mim, na Seleção Nacional, como Treinador Nacional Adjunto. É um cargo e uma missão que muito me honra e muito tem contribuído para o meu percurso.
Tem sido uma caminhada feita de trabalho, persistência, muito estudo, paixão e conquistas. Foi uma nova vida que descobri já em adulto que me completa como pessoa e como profissional, uma vida que só é possível pelo apoio incondicional da minha família. Com oportunidade, agradecer e realçar o voto de confiança que me foi dado pelo Presidente Miguel Franco de Sousa, é uma honra servir a FPG.