No centro de uma polémica com a FPG, atleta do CG Vilamoura brilhou no Global Junior Golf na Penha Longa
No centro de uma polémica entre o seu pai, Pedro Matos Coelho, e a Federação Portuguesa de Golfe (FPG), Francisco Matos Coelho fez nos últimos dias aquilo que sabe fazer melhor: jogar um grande golfe e… ganhar.
Auto-afastado desde o último Verão das competições federativas e o grande ausente do Internacional Amador de Portugal ganho no sábado por Daniel Rodrigues, com quem constitui a mais promissora jovem dupla do golfe português, o atleta do Clube de Golfe de Vilamoura, de 15 anos, venceu ontem – domingo – na Penha Longa o Atlantic Youth Trophy, prova do Global Junior Golf – circuito internacional amador para jogadores de sub-21 anos que pontua para o ranking mundial amador mas em escalão inferior ao Internacional de Portugal.
Entre 55 competidores de muitos países europeus e até da Rússia, Kiko venceu com 210 pancadas (66-70-74), 6 abaixo do Par 72 do campo Atlântico da Penha Longa, deixando o seu concorrente mais directo, o alemão Wigo Weisener (205, 71-70-74), a cinco de distância. Foram os únicos a jogar abaixo do Par no agregado, e o português saiu com a melhor volta do torneio, a de 6 abaixo do Par do primeiro dia, com 8 birdies.
Cinco dias antes, terça-feira, no mesmo campo, Kiko concluira o Penha Longa Intercollegiate Open, do mesmo circuito, no 2.º lugar isolado entre 73 jogadores. Então, totalizou um agregado ao nível do Par, com 216 (74-71-71). O único que fez melhor foi o vencedor, o holandês Darcy Peters (com o qual o português já jogara no passado e de quem é amigo), com 210 (70-71-69), 6 abaixo do Par.
Foi na Penha Longa que Kiko deu de caras com o golfe, para não mais o largar, com oito anos. “O meu avô tinha uma casa lá, um dia o meu pai resolver experimentar o golfe e eu quis ir com ele”, contou ao GolfTattoo.
As provas na Penha Longa foram as primeiras de Matos Coelho desde o importante triunfo no escalão de 14-15 anos no Doral Publix Junior Golf Classic, em Dezembro em Miami, onde bateu uma forte concorrência de 98 jogadores.
“Nessa semana nos EUA estive pouco sólido mas o jogo curto compensou", disse ao GolfTattoo. "Já na Penha Longa senti-me a bater melhor na bola, em geral mais equilibrado, mas podia ter sido bem melhor – há sempre coisas a melhorar. No primeiro torneio não consegui a vitória porque o Darcy Peters jogou muito bem, no segundo consegui, com duas boas primeiras voltas, na terceira joguei apenas o suficiente. Quero agradecer ao Global Junior Golf pela excelente semana na Penha Longa."
O triunfo na Florida foi tanto mais notável quanto a sua rodagem não era a normal para o final do ano, dado não competir desde Julho em provas individuais do calendário federativo, por protesto com o que considera(m) ser "decisões que parecem nitidamente discriminatórias" por parte da FPG.
O último torneio federativo que jogou foi em representação do seu clube no Campeonato Nacional de Clubes – Solverde, em Setembro no Bom Sucesso. Vilamoura perdeu a final para Miramar.
Pedro Matos Coelho alega que a FPG tem prejudicado o seu filho, nomeadamente com alterações nos rankings, e insurge-se contra o facto de este não ter sido convocado para o Internacional de Portugal, estando o atleta dentro dos seis primeiros do Ranking Nacional Absoluto BPI – era 5.º – que eram elegíveis para a seleção nacional no Montado.
Em comunicado, a FPG desmente as questões relativas aos rankings e justifica a não convocatória de Kiko “por respeito à indisponibilidade declarada pelo Pai do atleta e seu encarregado de educação […]”.
A FPG cita três datas, entre 19 de Setembro e 1 de Novembro, em que Pedro Matos Coelho lhe terá enviado e-mails “repetindo” que o filho “não mais iria participar em competições da FPG, ou representar Portugal nas selecções nacionais […]”. E ainda a de 5 de Novembro, quando, numa reunião entre o presidente da FPG e Pedro Matos Coelho, este o terá reiterado a Miguel Franco de Sousa.
Pedro Matos por sua vez, diz que manifestou ao presidente nessa reunião a disponibilidade do filho para jogar pelas selecções.
Em relação à acusação de que a FPG está a dificultar a carreira de Kiko, a FPG lembra que ele jogou pela seleção em quatro ocasiões, e que declinou a convocatória noutras três, incluindo no European Young Masters (que é como que o campeonato da Europa de sub-16) e no The Boys Amateur Championship, uma das duas principais competições de Sub-18 do mundo a par do US Amateur.
“Tivesse o atleta integrado todas as seleções para as quais foi convocado, seria um dos atletas com mais participações em competições internacionais do escalão de Sub16 - o que bem demonstraria, se necessário fosse, o apreço que a Federação tem pelo atleta e o apoio que tem dado à sua carreira”, diz o comunicado.
A FPG finaliza o comunicado reiterando a confiança no atleta, “em nada diferente da que tem em outros bons jogadores que participam nas seleções nacionais, esperando-se por isso que a sua indisponibilidade possa terminar e que ele possa retomar a sua carreira e voltar a ser elegível para poder representar Portugal”.
Este é uma situação que vem afastando dos palcos do golfe amador nacional um dos mais talentosos jovens golfistas portugueses.
Dani, do CG Miramar, venceu anteontem o Internacional de Portugal apenas na sua segunda participação, um ano depoois de uma excelente estreia aos 15 anos, nos 17.ºs classificados. Kiko também fez em 2018 a sua estreia no Internacional, com 14 anos, finalizando de forma igualmente notável nos 28.ºs. Nunca saberemos o que lá teria feito na última semana.