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Para José Maria Jóia, o golfe pode esperar
26/08/2015 15:10 Rodrigo Cordoeiro
"Pepito" hoje no aeroporto de Lisboa antes de partir com destino a Miami / © GOLFTATTOO

Um dos grandes talentos de Portugal relega modalidade para segundo plano

Talvez tudo fosse diferente para José Maria Jóia, ou “Pepito” para o amigos, se não tivesse sido aquela arreliadora lesão no seu terceiro ano (junior year) na University of Central Florida (UCF), em Orlando, Florida. Ele foi um dos maiores talentos que o golfe amador português já viu passar, mas hoje partiu de Lisboa num voo da TAP rumo aos Estados Unidos, onde vai tirar um mestrado em Hospitality and Tourism Management, no Rosen College of Hospitality Management, uma escola de hotelaria pertencente à UCF, a 35 minutos do Main Campus, perto da Universal Studios e dos grandes parques temáticos de Orlando.

Quer isto dizer que uma carreira no golfe está completamente posta de parte? “Não, mas agora vou-me concentrar no mestrado”, responde, acrescentando: “Claro que vou continuar a jogar golfe e depois nunca se sabe, depende da minha lesão, se não sentir dores. E por que não uma carreira no golfe? Não a descarto. O golfe é um desporto muito especial.”

Jóia fez parte das duas selecções nacionais que mais brilharam na história do golfe português. Em 2008, no mesmo ano em que foi campeão nacional de sub-18 e vice-campeão nacional absoluto, integrou o sexteto que alcançou o quarto lugar no European Boys Team Championship, na Eslovénia, até hoje a melhor classificação de sempre de Portugal num campeonato da europa por equipas. Em 2010, em Buenos Aires, contribuiu para a melhor marca nacional de sempre no Campeonato do Mundo por Equipas (Troféu Eisenhower) em Buenos Aires: 13.º lugar, entre 69 nações participantes, com um trio em que pontuaram ainda Pedro Figueiredo e Manuel Violas Jr.

Depois acompanhou Ricardo Melo Gouveia (o melhor golfista português da actualidade), seu companheiro de sempre no CG Vilamoura, na ida para os Estados Unidos. Fizeram juntos, em 2010-2011, a primeira época na universidade de Lynn, em Boca Ratton (Florida), contribuindo para que esta fosse vice-campeã na divisão 2 da NCAA (National Collegiate Athletic Association); em 2011-2012, mudaram-se para os Knights da UCF (Orlando), já da Divisão 1 – e mantiveram-se em destaque, por duas vezes (2011-2012 e 2012-2013) garantindo presença no NCAA Championship, a final do circuito universitário norte-americano. 

Entretanto, Ricardo Melo Gouveia concluiu o curso no Verão de 2014 e tornou-se de imediato profissional, com o sucesso que se sabe: já venceu duas vezes no Challenge Tour, líder e bateu o recorde nacional no ranking mundial (é o n.º 119). Quanto a Jóia, deparou-se com uma lesão nas costas (na lombar esquerda) que, para começar, o afastou da competição durante toda a temporada de 2013-2014, limitando-se nesse período ao treino do jogo curto. Foi para ele, como os americanos lhe chamam em termos técnicos, um Red-Shirt Year. “Rasguei a fáscia [membrana que envolve os músculos] e não curou bem, é uma lesão mal tratada”, explica. 

Embora tenha regressado à competição na última época de 2014-2015, conseguindo entrar na equipa do “Knights” em todos os torneios, as dores nunca o abandonaram: “Sentia-me mal, tinha dores, falta de confiança, havia torneios em que nem conseguia bater o drive, saía de madeira 3. Comecei a proteger-me e o swing, inevitavelmente, muda. Enfim, sentia-me um bocado desconfortável, apesar de ainda ter tido alguns torneios com resultados mais ou menos bons, mas não ao nível a que costumava estar, e isso também se ressentiu na minha equipa, porque não tivemos uma época tão boa, e eu era o sénior, devia ter ajudado ou contribuído um pouco mais.”

Concluído em Maio o curso de Business, veio no início de Junho para Portugal, tendo feito um mês de estágio em hotéis do grupo Pestana no Alvor, o D. João e o recém-aberto South Beach. “Foi uma experiência boa, conheci muita gente, fiz muitos amigos, e de resto estive com amigos e família e joguei algum golfe”, diz ao GolfTattoo, estimando que o mestrado terá a duração de ano e meio. Até lá, é uma questão de dar tempo ao golfe.