Foi a primeira vitória internacional do recém-sagrado campeão nacional de sub-16
Duas semanas depois de ter vencido o campeonato nacional no escalão de sub-16 anos, João Maria Pontes alcançou ontem o seu primeiro título internacional, por ocasião da quarta edição do Open de Sub-25 da Corunha em Espanha, que decorreu no fim-de-semana no par-72 do Real Club de Golf de La Coruña, com 55 participantes, e que atribui o Troféu Cabreiroá (patrocinador do torneio, água mineral da Galiza).
Foi neste campo que Severiano Ballesteros (1957-2011), “El Matador”, obteve o seu primeiro título de campeão de Espanha de profissionais, em 1974, e a verdade é que o jogador português do CG Miramar se inspirou no seu ídolo para se sagrar campeão absoluto do torneio mesmo competindo no escalão de sub-16 anos.
Antes de o torneio começar, escrevera no Facebook: “Este vai ser para ti! Foi aqui que começaste a ser quem foste! Agora é a minha vez.” O que, como explica, mais do que uma manifestação de confiança na vitória, era uma fonte de motivação. “É a minha grande referência, sei a história toda dele, sempre o levei comigo na cabeça e no peito”, justifica.
O jogo de Ballesteros sempre foi conhecido por ser errático, mas brilhante nas recuperações e no jogo curto. Na Corunha, João Maria Pontes foi uma autêntica réplica do lendário jogador espanhol, pela forma como travou um grande duelo com o galego Alejandro Piñeiro e com Andres Segrelles à espreita.
O português ganhou o torneio batendo Piñeiro com um birdie no primeiro buraco do play-off, depois de ambos terem concluído as duas voltas regulamentares com scores de 74-73, 3 acima do par.
O desempate jogou-se no 10 (um par-4 de 360 metros, com um fairway de apenas 10 metros de largura na zona de aterragem), onde bateu um shot a 140 metros do bunker de fairway deixando a bola a meio metro da bandeira – e depois não falhou putt para 3. O seu adversário fez par.
No Facebook: "Sem dúvida que sinto o sangue do Severiano Ballesteros presente comigo! Sem palavras, até à última!!"
Mas antes veja-se como jogou os últimos 3 buracos regulamentares, contados pelo próprio jogador:
16 (par-4): “Fui para o meio do mato, tinha quatro árvores pela frente e estava num terreno só com terra. Tinha 160 metros à bandeira, dei um ferro 5 em fade por uma nesga de espaço, foi demasiado em fade e fui parar ao bunker lateral ao green, depois fiz 2 putts para bogey 5.”
17 (par-5): “Dei um segundo shot a 220 metros da bandeira, fiquei a 5 metros para eagle, acabei por fazer birdie.”
18 (par-4): “Na saída fiquei no mato à esquerda, tive bater um sand wedge de 58.º em full swing para passar por cima das árvores altas, deixei a bola a 6 metros e fiz dois putts para par. O meu adversário tinha começado o 18 a liderar por uma, fechou com bogey e fomos a play-off…”
Isto é ou não puro Ballesteros?
Junto ao quadro que assinala o registo de Ballesteros no clube / © Mafalda Pontes
Em termos gerais, João Maria Pontes diz que esta sua primeira vitória internacional teve um “sabor especial”, porque está a fazer uma “época inesperada”, depois de em Setembro ter sido operado a um tumor no cérebro. Além dos títulos no Campeonato Nacional de Jovens e na Corunha, foi 4.º classificado no Campeonato Nacional Absoluto, foi campeão nacional de clubes de sub-18 e representou a selecção de boys no Campeonato da Europa por Equipas.
“Acho que as coisas estão a correr bem, estou a ir no bom caminho, tenho uma boa estrutura de apoio, um grupo fantástico a trabalhar comigo, e esta vitória foi uma fonte de motivação para continuar a trabalhar – agora é ganhar torneios mais importantes, pois é com conquistas pequenas que se fazem vitórias grandes”, disse ao GolfTattoo.
Destaque ainda, por parte de Miramar, de Tomás Araújo, que foi vice-campeão em sub-10, e de Duarte Gonçalves, 6.º no mesmo escalão.