Selecção Nacional luta por subida à 1ª divisão no Europeu por Equipas
Portugal qualificou-se ontem para o primeiro grupo da Segunda Divisão do Campeonato da Europa Amador Masculino por Equipas, o que significa que foi conseguido o primeiro objectivo desta semana, que era colocar-se com hipóteses de subir à primeira divisão em 2016.
O torneio está a ser organizado pela Associação Europeia de Golfe (EGA), em conjugação com a União Polaca de Golfe (PZG), a 26 quilómetros de Gdansk, no Postolowo Golf Club.
Dos dez países em competição, só os quatro primeiros acediam ao primeiro grupo, que amanhã disputam as meias-finais e no sábado a final entre as duas melhores equipas e também o confronto que decide o 3º lugar.
No ano passado, Portugal ficou em 15º e penúltimo lugar da 1ª Divisão, na Finlândia, e o objetivo este ano é subir de novo – prémio que só está reservado aos três países primeiros classificados.
Era natural, por isso, o contentamento, do seleccionador nacional Nuno Campino, mesmo que moderado, pois ainda há dois dias duros pela frente: "Já alcançámos o primeiro objectivo que é a possibilidade de lutar por um lugar na primeira divisão. O empenho dos jogadores foi óptimo, houve grande companheirismo entre todos e estamos todos focados para ganhar o match de amanhã".
A primeira fase, disputada em stroke-play ao longo dos dois últimos dias, foi ganha pela Noruega com 712 pancadas, 8 abaixo do Par, com 359 ontem e 353 hoje.
Portugal totalizou 729, 9 acima do Par, com jornadas de 365 e 364. O resultado final foi igual ao da Islândia, o país que liderava aos 18 buracos, com 358, mas que hoje fez 371, o pior resultado das quatro seleções nos dois primeiros dias.
Com os dois países empatados, foi necessário recorrer ao sistema de desempate e o regulamento dita o somatório dos dois resultados que cada país deitou fora.
Ora Portugal não tinha contabilizado ontem o cartão de 79 (+7) de Vítor Lopes e hoje foi o 77 (+5) de João Girão a não ser aproveitado. Portanto, em dois dias, Portugal deitou fora 156 pancadas. A Islândia, por seu lado, não precisou de voltas de 76 (+4) e 78 (+6), ou seja, de 154.
Se Portugal tivesse terminado em 3º, iria defrontar amanhã nas meias-finais a Áustria, a 2ª classificada desta primeira fase. Assim, com o 4º lugar, o nosso adversário será o 1º, a Noruega.
É contudo difícil dizer qual das duas seleções é a mais forte. É certo que os escandinavos mostraram-se mais estáveis, mas os austríacos estiveram hoje endiabrados e carimbaram o melhor resultado do torneio, de 351 pancadas, 9 abaixo do Par, para ficarem com um agregado de 716 (-4).
De qualquer modo, Nuno Campino, que passou por estas situações no seu tempo de jogador, sabe que muitas vezes o que se passa no stroke-play não tem reflexo directo no rendimento no match-play e o seleccionador sente a equipa em crescendo: "Dependemos apenas de nós, acredito que se jogarmos o que sabemos temos equipa para vencer. Não fomos brilhantes nestes dias, cometemos ainda alguns erros e espero que consigamos corrigi-los para amanhã. Todas as equipas são fortes nesta altura e eles foram os melhores no stroke-play, mas estamos motivados e com um objectivo que é ganhar o match de amanhã para nos qualificarmos automaticamente".
Para os foursomes da manhã, Nuno Campino decidiu apostar nas duplas Vítor Lopes/Tomás Silva e o Pedro Lencart/João Girão. Os singulares da tarde não estão decididos: "Só temos de entregar os nomes meia-hora antes. Por isso, vamos ver como correm as coisas de manhã para colocarmos depois os jogadores à tarde".
O dia de hoje foi bastante emocionante, pela subida acentuada de rendimento da Áustria e a derrocada da Islândia, mas Portugal soube manter-se calmo, chegou a andar grande parte do tempo no 3º lugar, para depois segurar o 4º e último de apuramento para as meias-finais.
A selecção nacional partiu hoje para esta última volta com 5 pancadas de vantagem sobre a Eslovénia e soube manter essa distância até ao final, nunca estando realmente em perigo a qualificação.
Talvez por isso, Tomás Silva, o mais velho da equipa e também o de melhor palmarés, com os seus três títulos de campeão nacional amador, tenha feito questão de começar as suas declarações públicas por um elogio colectivo: "Em primeiro lugar, quero dar os parabéns a esta equipa. O primeiro objetivo foi cumprido, que era ficar no top-4 para conseguirmos lutar pela subida".
Sente-se que o espírito de equipa está forte. Ontem, a seleção viveu em parte graças à boa volta de João Girão, que liderava a classificação individual com as suas 68 pancadas, 4 abaixo do Par. Hoje, foram as 77 pancadas de Girão a ficarem de fora e a equipa reagiu bem colectivamente.
Gonçalo Costa, que ontem chegou a andar no 2º lugar individual aos 9 buracos, tem-se mostrado bastante estável e entregou um cartão de 71 (-1) depois de ontem ter feito 73 (+1), adicionando 10 birdies em dois dias. É o melhor português e terminou esta segunda fase num bom top-ten, no 8º lugar, a Par do campo, empatado com outros quatro jogadores. "Foram duas voltas bastante sólidas em todas as partes do jogo, excepto no chipping que não esteve tão bem o que não permitiu muitas vezes recuperar de um ou outro shot falhado, mas por outro lado consegui converter várias oportunidades de birdie. No geral penso que o resultado não se possa considerar bom mas sim satisfatório", disse.
Ter sido o melhor português no stroke-play poderia proporcionar-lhe um certo alívio, como que justificando a confiança da equipa técnica que lhe atribuiu um dos dois wild cards, mas Gonçalo Costa sublinha que não encara a sua prestação dessa forma: "Na minha opinião este resultado não é o que define a decisão do wild card ter vindo para mim, porque acredito que o Afonso Girão (que está na liderança do Campeonato Nacional de sub-18, em Espinho) também poderia ter contribuído muito bem para a equipa. Quando estou em representação da FPG não penso em justificar as convocatórias que foram feitas, mas sim em ajudar ao máximo a equipa, orgulhando e elevando o nosso país".
Estes dois dias de prova trouxeram outro tipo de alívio a Gonçalo Costa: "Desloquei o pulso a treinar, na quinta-feira antes de começar o estágio de preparação. No entanto, com a ajuda do fisioterapeuta Pedro Mimoso foi possível recuperar a tempo de jogar, mas até ao último momento havia sempre o receio do pulso se voltar a magoar".
João Girão, o líder aos 18 buracos, desceu para o 13º lugar, empatado com mais dois jogadores, colecionando 8 birdies, mas hoje só 1. Mesmo assim, um top-15 entre 60 jogadores é uma boa classificação e contribuiu muito para o apuramento de Portugal para a segunda fase.
"Hoje não correu tão bem – afirmou – mas, mesmo assim, sinto-me bem e confiante para amanhã! E sim, claro que estou motivado".
Se o resultado de 77 (+5) de João Girão foi o pior dos portugueses no segundo dia e o 71 (-1) de Gonçalo Costa foi o melhor, Vítor Lopes também conseguiu um importantíssimo 71 (-1), mostrando que, efectivamente, o 79 (+7) de ontem foi algo inesperado.
Contudo, o nº1 do Ranking Nacional BPI admite que não está a ser uma prestação fácil: "Individualmente não estou muito confiante à volta dos greens. Hoje fui para o campo com uma ideia na cabeça: manter a calma e ajudar a equipa, pois é um torneio de equipa! Tive um mau buraco onde perdi a bola, no 10, mas depois reflecti, graças ao Tomás, que vinha de caddie, e conseguiu motivar-me".
Vítor Lopes, que só fez 6 birdies em 36 buracos, subiu do 44º para o 29º lugar (+6), empatado com outros quatro jogadores, entre os quais Pedro Lencart (4 birdies) e Tomás Bessa (8 birdies), qualquer um deles com duas voltas seguidas de 75. O terceiro melhor português nesta primeira fase foi Tomás Silva, no 16º posto (+2), empatado com mais dois jogadores.
O triplo campeão nacional amador somou voltas de 74 e 72, foi o único a converter 1 eagle (hoje, no buraco 4, de Par-5) e juntou-lhe mais 7 birdies.
Os números de birdies (e o eagle) são importantes tendo em vista a segunda fase da prova, em match-play, porque dão confiança aos jogadores de que poderão ganhar buracos sem depender demasiado dos adversários.
Vítor Lopes, o campeão da Taça FPG/BPI, lamentou-se hoje das "muitas pancadas que a equipa desperdiçou nos últimos 6 buracos. No conjunto dos dois dias deixámos 20 shots nesses últimos 6 buracos!"
Em contrapartida, no front nine os portugueses ganharam 26 pancadas ao campo. Isso poderá ser importante se as saídas dos matches frente aos noruegueses forem do buraco 1, para se ganhar logo alguma vantagem no resultado, fortalecendo psicologicamente a equipa.
Na classificação individual, a menos importante, os portugueses terminaram a primeira fase da seguinte maneira:
8º (empatado) Gonçalo Costa 144 (73+71), Par
13º (empatado) João Girão 145 (68+77), +1
16º (empatado) Tomás Silva 146 (74+72), +2
29º (empatado) Tomás Bessa 150 (75+75), +6
29º (empatado) Pedro Lencart 150 (75+75), +6
29º (empatado) Vítor Lopes 150 (79+71), +6
O top-5 da classificação coletiva, a mais importante, ficou organizado do seguinte modo no final da primeira fase:
1º Noruega 712 (359+553), -8
2º Áustria 716 (365+351), -4
3º Islândia 729 (358+371), +9
4º Portugal 729 (365+364), +9
5ª Eslovénia 734 (370+364), +14