Comitiva lusa vive momentos atribulados nas vésperas do arranque na Eslováquia
“Sinto-me frustado. Não temos tacos, não temos roupa, não temos sapatos, não temos nada.” O desabafo é do bicampeão nacional absoluto Tomás Silva, um dos três portugueses que já amanhã, quarta-feira, começam a competir na Eslováquia para o 28.º International European Amateur Championship, no Legend Course do Penati Golf Resort, em Šajdíkové Humence, perto da cidade de Senica, a pouco mais de uma hora de automóvel de Bratislava e Viena.
A comitiva portuguesa, que integra ainda os jogadores Vítor Lopes e João Girão e o seleccionador Nuno Campino, perdeu a bagagem na viagem e nunca mais a reaveu. Tinham partido no domingo de Lisboa rumo a Viena, com escala em Madrid. Já lá vão mais de dois dias e é certo que os jogadores não terão os tacos a tempo da primeira jornada.
Mas o insólito é que no clube palco da prova só havia dois sets de tacos para alugar, um deles de senhoras, que ficou reservado a João Girão. "Tem que ser, não há plano B... Portanto, vamos fazer o melhor possível com aquilo que temos", disse, pragmático, o jogador do Oporto. Quanto a Vítor Lopes e Tomás Silva, vão ter de partilhar o mesmo set de tacos. Tomás inicia a sua prestação às 8h58 e quando terminar entrega os seus tacos a Vítor.
Da companhia aérea na qual os portugueses viajaram, a Iberia, foram dizendo que não sabiam do paradeiro dos três sacos de golfe e das quatro malas de porão. Segundo as últimas informações da Federação Portuguesa de Golfe, os tacos estarão agora a caminho da República Checa e, se tudo correr bem, amanhã durante o dia serão devolvidos aos donos na Eslováquia, juntamente com o resto da bagagem. Mas já não a tempo da primeira volta.
“São tacos completamente diferentes dos nossos, enfim”, lamenta Tomás. “Estou triste porque preparei-me para este torneio, sinto-me bem, mas com esta situação toda só me resta tentar divertir-me em campo e não pensar no resto.”
“Os tacos que tivemos de alugar são terríveis para mim”, lamenta Vítor Lopes.
Tomás Silva, do Clube de Golfe do Estoril, brilhou na edição passada, sendo 9.º no The Duke’s Course, em St. Andrews. Para os outros dois, Vítor Lopes (CG Vilamoura) e João Girão (Oporto GC), será uma estreia no torneio.
Melhor que a classificação de Tomás Silva em 2014, só o 4.º e o 5.º lugares de Daniel Silva, em 1986 (Eindhoven Golf Club, Holanda) e 1988 (Falkenstein Golf Club, Alemanha), numa altura em que a prova ainda só se realizava de dois em dois anos – passou a realizar-se anualmente logo em 1990; o 7º lugar de Ricardo Santos em 2005 (Antwerp International Golf & Country Club, Bélgica); e o 4.º lugar de Gonçalo Pinto em 2012 (Carton House, Irlanda).
O Europeu Individual Amador disputa-se em quatro voltas de stroke play, com cut aos 54 buracos para os 60 primeiros e empatados acederem aos derradeiros 18 buracos.
Vítor Lopes, o melhor português no ranking mundial amador (303.º), sai às 14h29, do buraco 1, com o italiano Michele Cea (n.º 350) e o escocês Craig Howie (237.º).
João Girão (n.º 1898) começa pelas 14h10, do 10, com o eslovaco Jakub Hrinda e o russo Nikita Ponomarev.
Tomás Silva (n.º 601) entra em jogo bem mais cedo, pelas 8h58, do 10, com o francês Robin Russel e o inglês Michael Saunders.
O inglês Ashley Chesters (n.º 4 mundial) venceu as duas últimas edições e joga para ser tricampeão. Chesters competiu em Fevereiro no Internacional de Portugal, no Montado Hotel & Golf Resort, tendo terminado no trio de sextos classificados, a cinco shots do campeão – o italiano Paolo Ferraris.
O campo é um Par-72 de 6.313 metros. É da autoria da prestigiada empresa Nicklaus Design (do “Golden Bear”, vencedor de 18 Majors) e tem recebido desde o ano passado o D+D REAL Slovakia Challenge, do Challenge Tour.