É recorde nacional na era de stroke play do Internacional Amador de Portugal
Quatro portugueses passaram hoje (sexta-feira) o cut no 86º Campeonato Internacional Amador Masculino de Portugal, um novo recorde nacional, e embora nenhum esteja no top-10, qualquer um tem ainda hipóteses reais de terminar amanhã (sábado) dentro dessa elite.
Tomás Silva, em 15.º empatado (a Par do campo); Vítor Lopes, em 24.º empatado (+2); Afonso Girão e Pedro Lencart no grupo dos 29.º classificados (+3); são os jogadores que fizeram história no Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela, onde o líder continua a ser o italiano Guido Migliozzi (-11).
Desde que o mais importante torneio de golfe português para amadores de alta competição mudou o seu formato de match play para stroke play, em 2008, só em 2010, na Aroeira, houve três portugueses a apurarem-se para o último dia de prova. Na altura, Tomás Silva, Tiago Rodrigues e Manuel Violas. De resto, passaram sempre dois, exceto no ano passado, o pior de sempre, com apenas um.
"Temos de tomar em atenção que este ano houve mais jogadores portugueses a participar, num total de 20, portanto, com mais probabilidades de haver um número mais elevado a passar o cut. Há também alguns jogadores que este ano estão só dedicados ao golfe como o Tomás Silva, o Afonso Girão, o João Girão, o Tomás Bessa, o Vítor Lopes, por isso os resultados têm de aparecer, se estão a treinar mais se estão mais dedicados os resultados iriam aparecer mais cedo ou mais tarde", explicou o selecionador nacional, Nuno Campino.
Dos quatro, Tomás Silva e Pedro Lencart alcançam este feito pela segunda vez, embora em situações bem distintas.
Tomás Silva é o mais credenciado dos portugueses, triplo campeão nacional amador, com um top-10 num Campeonato da Europa. Mostrou-o bem quando chegou a liderar esta semana ao cabo de 18 buracos (66 pancadas). Tem vindo a perder terreno, caindo para 10.º aos 36 buracos (77) e agora 15.º aos 54 (73), mas houve uma clara evolução de ontem para hoje e poderá voltar a brilhar amanhã.
"Estou contente com a minha volta, o resultado não foi excecional mas estou contente com a volta em si, porque consegui criar várias oportunidades de birdie, o que, num dia destes, era o mais difícil. O putt não esteve à altura, falhei algumas oportunidades mas não fiquei chateado porque eram bons putts… a bola, simplesmente, não entrava. Se pelo menos metade dos putts que tive para birdie entrasse, teria uma volta de 3 ou 4 abaixo do Par", referiu o melhor português, num dia em que o vento soprou ainda mais forte e choveu insistentemente.
Pedro Lencart, pelo contrário, como sublinhou Nuno Campino, "é uma jovem promessa", tem apenas 15 anos e passar o cut em dois anos seguidos é uma verdadeira proeza, só averbada antes dele por Pedro Figueiredo, Manuel Violas, Gonçalo Pinto e João Carlota.
"Este ano vim mais à vontade, claro que há sempre aquela pressão de ser o primeiro torneio internacional do ano e logo em Portugal, mas acho que consegui manter-me mais calmo. Há memórias que nunca se esquecem, nunca me esquecerei do último putt no terceiro dia para passar o cut no ano passado e isso ajuda", frisou Pedro Lencart, depois de voltas de 72, 74 e 73.
Para Vítor Lopes e Afonso Girão é a primeira vez que passam o cut, um marco em jogadores de 18 e 19 anos, respetivamente.
"É sempre importante passar um cut, é um dos objetivos, agora é tirar partido disso, fazer um bom resultado e acabar com um top 10", disse Vítor Lopes, que partiu para a volta de hoje no top 10 mas teve de refrear os ânimos e ser mais calculista.
"Comecei com um bom buraco no 1, achei que estava confiante, mas no 2 fiz logo 3 putts, 1 bogey, depois no 4 fiz chip e 3 putts, o que é inadmissível, sofri 1 duplo bogey. Fiquei com 3 acima do Par ao cabo de 4 buracos e aí comecei a pensar no cut, tentei acalmar as coisas", elucidou o algarvio que soma cartões de 72, 71 e 75.
"Estou feliz porque é a primeira vez que passo o cut, era o meu principal objetivo e agora é olhar para o dia de amanhã. Até ao momento não tenho jogado muito bem, mas também não tenho feito erros muito grandes, tenho andado com voltas perto do Par (73, 72 e 74), mas agora quero uma volta mais longe do Par mas para baixo», declarou, por seu lado, Afonso Girão, o campeão nacional de sub-18.
O 86.º Campeonato Internacional Amador Masculino de Portugal começou da melhor maneira na quarta-feira, com um português a liderar o torneio e Portugal a comandar a Taça das Nações.
Esta competição coletiva terminou hoje com a vitória da equipa A de Itália, com 421 pancadas, 11 abaixo do Par, que superou a formação B do mesmo país por 8 shots. Portugal fechou na 5.ª posição com 434 (+2).
São também dois italianos que encabeçam o leaderboard individual, com Guido Migliozzi (69+66+70) a surgir no topo, com uma vantagem de 2 pancadas sobre o seu amigo Andrea Saracino (69+70+68).
É muito provável que amanhã haja um terceiro campeão italiano consecutivo. Quanto aos portugueses, o selecionador nacional é muito claro sobre o que poderemos sonhar realisticamente: "Já estamos muito longe de tentar lutar por uma vitória, mas é possível haver um top-10. Seria um bom objetivo para qualquer um deles conseguir um top-10 no Internacional de Portugal."