Tiago Rodrigues faz balanço do torneio que organizou nos EUA e fala da sua vida em geral
Tiago Rodrigues e o belga Maxence DeCraecke, ambos da Rollins College, na Florida, fundaram e organizaram o Orlando International Amateur, cuja primeira edição decorreu entre os dias 28 a 30 de Dezembro, no Orange County National Golf Center and Lodge, em Winter Garden, nos arredores de Orlando. Nesta entrevista, o jogador do Oporto Golf Club, que foi um dos melhores amadores a actuar em Portugal antes de ir para os Estados Unidos representando a selecção nacional inúmeras vezes, tanto em termos colectivos como individuais, faz o balanço da primeira edição daquele torneio e fala da sua experiência até ao momento no outro lado do Atlântico e das suas ambições para o futuro, que passam por uma carreira de jogador profissional logo que regressar a Portugal em Maio deste ano.
GOLFTATTOO – Que balanço fazes do Orlando International Amateur?
TIAGO RODRIGUES – Correu muito bem, superou completamente as minhas expectativas, tanto pela qualidade de jogadores como pela maneira como o torneio decorreu. E depois, na prova masculina, tivemos a vitória do campeão europeu, o Stefano Mazzoli, o que ajudou a elevar o nome do torneio. Todo o staff fez um grande trabalho na organização do torneio. Tivemos um feedback positivo de muitos jogadores e também algumas sugestões que irão ajudar melhorar o torneio para as próximas edições.
Na prova masculina participaram 96 jogadores e houve uma lista de espera que deixou muitos de fora, mas na feminina concorreram apenas 12 jogadoras…
Na prova feminina tivemos só 12 jogadoras por várias razões: primeiro, os meus contactos e os do Max são mais na parte masculina das seleccões e equipas universitárias; depois, o campo já não permitia aceitarmos mais jogadores. Mas embora fossem só 12, o nível era alto: a vencedora, Ariadna Fonseca, era número 590 do mundo e a quarta classificada, a america Jessica Porvadnik, era número 310. Para o ano esperamos aumentar o torneio para dois campos e fazer crescer o torneio feminino. Fizemos bons contactos este ano durante o torneio com treinadores, que irão trazer jogadoras para o próximo ano.
É um torneio para repetir nos próximos anos?
Eu e Max trabalhámos 12 meses para preparar o primeiro Orlando International Amateur (OIA) e já começamos a preparar o do próximo ano. A nossa visão para o OIA é que num futuro próximo seja uma paragem anual obrigatória para os melhores amadores do mundo. O nível de jogadores do primeiro ano torna as nossas expectativas bastante positivas para os próximos anos.
E no futuro qual será o teu papel no torneio, tendo em conta que estás no teu último ano no Rollins College?
O meu papel não mudará. Voltarei sempre a Orlando para a planificação do torneio.
Os organizadores do Orlando International Amateur com os vencedores / © D.R.
O que te levou há quatro anos atrás a decidires ires estudar para os EUA?
Há cinco anos estava entre a decisão de me tornar profissional de golfe ou continuar a estudar. O sistema universitário nos EUA proporciona a oportunidade de continuar a jogar golf em alta competição e a receber uma educação ao mesmo tempo. A Rollins College foi sem dúvida também uma das razões porque vim. Para além de ser um sítio fabuloso, é também uma universidade com uma grande reputação académica. Também aqui em Orlando estão os melhores treinadores e campos de golfe do mundo. Todas estas razões tornaram a minha decisão fácil.
Qual é o curso que estás a tirar e quais as suas principais disciplinas?
Estou no curso de Relações Internacionais, foca-se principalmente em estudar as relações diplomáticas e económicas não só entre países mas também entre organizações internacionais. É algo por que me interesso.
Que balanço fazes da tua vida na Florida nos últimos anos, seja em termos desportivos, seja em termos extra-desportivos?
Muito positivo. Fiz bons amigos e excelentes contactos, a mudança também me ajudou a crescer e a desenrascar-me sozinho. Também conheci na universidade a minha namorada, que tem sido uma grande ajuda para mim. Em termos desportivos o primeiro ano foi um pouco desapontante para mim. Vim bem preparado para jogar o meu primeiro ano, mas uma regra recente da NCAA impediu que eu jogasse, devido à minha participação em alguns torneios antes de vir para os EUA. No entanto acabei por ter tempo para jogar alguns torneios dos mini-tours de profissionais, o que me deu bastante experiência. Também tive tempo para começar a trabalhar com o coach Henry Reis, que é o treinador principal da Annika Sorestrom Golf Academy aqui em Orlando. O segundo e terceiro anos na Rollins correram razoávelmente, um pouco inconsistente, mas consegui dois top 20 e um top 10. A vinda para os EUA deu-me a oportunidade de jogar e trabalhar com pessoas que me ajudaram a melhorar o meu jogo em vários aspectos.
Com a namorada, Vivian Smith Montiel, num jogo dos Orlando Magic / © D.R.
Onde tens residido, dentro ou fora da universidade?
Os primeiros dois anos vivi no Campus da universidade mas no terceiro decidi mudar-me para fora. Mesmo assim vivo muito perto da universidade, numa cidade a norte de Orlando que se chama Winter Park. Nos meus tempos livres gosto de sair com os meus amigos, normalmente vamos para Downtown Orlando, também gosto de ir jantar pela Park Avenue, que é a zona mais conhecida em Winter Park. Não sou muito de ir aos famosos parques temáticos da Disney ou da Universal.
E quais são os teus planos para quando acabares o curso?
Quando acabar o curso penso voltar a Portugal e continuar no golfe, apostar numa carreira profissional. Quero dedicar-me totalmente. E também terei o projeto do Orlando International Amateur
Como teria sido a tua vida, se tivesses ficado em Portugal em vez de ires para os Estados Unidos?
Não gosto muito de olhar para trás e pensar no que pudesse ter acontecido porque nunca se sabe. Talvez tivesse corrido bem ou então talvez tivesse ficado arrependido por não vir para os EUA. Estou feliz e foi a melhor decisão que fiz.
Na tua ausência, como tens acompanhado a actualidade do golfe nacional em Portugal?
Sigo sempre o golfe nacional ou pelo GolfTattoo ou pelo website da FPG. Também estou sempre em contacto com alguns amigos do golfe. Estou muito contente com o sucesso do meu amigo Melinho {Ricardo Melo Gouveia], é inspirador ver que todo o seu trabalho está resultados. Espero que continue. Estou sempre com o seu irmão, o Tomás, a seguir os seus resultados pela internet. Em termos amadores, também tenho seguido, fiquei orgulhoso pelas vitórias da selecção na divisão 2 dos Campeonatos da Europa por Equipas em homens e em boys. Vê-se que há muitos jovens a aparecer.
A presença do Tomás Melo Gouveia na mesma universidade facilitou a tua integração?
Tornou tudo mais fácil, vivemos juntos os primeiros anos e ajudamo-nos um ao outro. É sempre bom ter cá um amigo que fala português também.
Do que sentiste mais falta de Portugal nestes últimos tempos?
Já não vou a Portugal há cinco meses e só voltarei em Maio de 2016. Este ano não fui a Portugal para o Natal por causa da organização do torneio, o meu pai veio visitar-me, mas mesmo assim as saudades são muitas do resto da família e amigos. Sinto falta também da comida portuguesa. Eu e o Tomás estamos sempre a procurar restaurantes portugueses em Orlando mas não são mesma coisa.