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Recorde de participantes com jovens campeões
Joana Silveira e António Teixeira posam com os troféus / © FPG

Joana Silveira e António Teixeira vencem Nacional de Segundas Categorias em Ribagolfe

O torneio organizado pela Federação Portuguesa de Golfe (FPG) no campo nº2 de Ribagolfe (par-72), em Benavente, até ao passado domingo, foi um enorme sucesso de participação, e há quatro coincidências interessantes a constatar nas Segundas Categorias: Os dois torneios terminaram em play-off, os dois campeões têm 14 anos, qualquer um deles veio de trás no último dia e são ambos jogadores do Club de Golf de Miramar.

“Pelo segundo ano consecutivo tivemos um recorde de inscritos nesta competição”, regozijou-se o director-técnico nacional, João Coutinho, lamentando apenas que, tal como no ano passado, na Quinta do Peru, só tenha havido um torneio no sector feminino, “por falta de inscrições em Terceiras Categorias, ditando o regulamento um mínimo de três jogadoras”.

A juventude imperou num torneio que contou com 10 jogadoras e 100 jogadores (para além de 21 que se inscreveram e nem sequer jogaram), como se pode ver pelo facto dos dois vencedores de Segundas terem apenas 14 anos.

Miramar dominou por completo o torneio feminino, ocupando os três primeiros lugares.

Mafalda Santos adiantou-se na primeira volta, com 77 pancadas, perseguida a 3 da sua companheira de clube Joana Silveira e de Sara Gouveia de Vilamoura.

No segundo dia, foi Joana a conseguir um score de 77, enquanto Mafalda ficou-se pelas 80 e Sara pelas 86. A jogadora de Vilamoura acabaria mesmo no 4º posto, ultrapassada por Inês Santos, com voltas de 82 e 79.

“Na partida para a última volta estava motivada, um pouco ansiosa mas, ao mesmo tempo, descontraída e queria ganhar o torneio. Fui (para o campo) para recuperar o resultado”, disse Joana Silveira.

Com duas jogadoras empatadas com 157 pancadas, 13 acima do Par, foi necessário ir a play-off para decidir o título. A campeã contou o que se passou nessa altura: “Somos amigas e se ela ganhasse também seria bom. Fomos para o buraco 18 e fizemos ambas o par. Pela segunda vez no 18, eu cheguei ao green em 3 pancadas e fechei com 2 putts. Ela foi ao bunker, saiu mas ficou curta e falhou o putt. Sinceramente, não fiquei aliviada quando ela foi ao bunker porque o mesmo tinha acontecido na primeira vez que fomos ao 18 e ela tinha feito o par. Pensei que até poderia haver um terceiro buraco de play-off, que já teria de ser no 9 e não no 18.”

Joana Silveira já tinha sido vice-campeã nacional de jovens nos escalões de sub-12 (2012) e sub-14 (2013) e admite que esta vitória foi mais saborosa: “Realmente, ser campeã nacional é diferente.”

António Teixeira já conhecia essa sensação. Afinal, em 2011, neste mesmo Ribagolfe 2, o então jogador de Amarante recuperou da desvantagem de 7 pancadas no último dia e obteve o mais importante título da sua curta carreira, batendo Pedro Lencart Silva por 3.

Daí que tenha cerrado os dentes quando terminou a primeira volta deste Nacional de Segundas com 77 pancadas, a 5 do líder, Renato Ferreira, também de Miramar, autor de um bom score de 72.

Para mais, António Teixeira não estava em segundo. Longe disso. À sua frente tinha Albino Timóteo com 73, quatro jogadores com 75 pancadas (António Gravelho, Marlon Neto-Bradley, Domingos Pinho e Pedro Vieira) e outros quatro com 76 (Miguel Coelho, Tiago Nunes, Henrique Barros e João Pereira).

Quantos nestas circunstâncias acreditariam nas suas hipóteses de sucesso? Bem, Nelson Ribeiro, o profissional da equipa técnica de Miramar, explica que “o António acredita seriamente que se procurarmos a vitória ela poderá vir até nós”.

Foi essa crença que levou este jovem de 14 anos a conquistar o seu segundo título de campeão nacional vindo bem de trás. Uma segunda volta de 73 pancadas deixou-o empatado com um agregado de 6 acima do par com Marlon Neto-Bradley e Francisco Ataíde Jr., este último autor da melhor volta do torneio, de 71, depois das 79 iniciais.

“Tentei não pensar na vitória – disse António Teixeira – mas sim em fazer o melhor resultado possível, porque se pensasse na vitória iria ficar com mais peso em cima e iria desleixar-me. Durante o dia ia sabendo mais ou menos como iam os resultados e apercebi-me de que poderia tentar ganhar o título. Como sempre me disseram, o torneio nunca está ganho até ao último shot."

O título foi decidido num play-off de três jogadores, uma conclusão de sonho, até porque vinham de três clubes diferentes: Miramar (Teixeira), Quinta do Peru (Ataíde Jr.) e Quinta do Fojo (Neto-Bradley).

O campeão relatou como tudo se passou: “No primeiro buraco sentia-me nervoso porque foi o meu primeiro play-off desde que jogo golfe. Fui o segundo jogador a sair do tee e dei um bom drive para o meio do fairway. O Marlon foi parar ao bunker e deu dois shots para conseguir sair de lá, acabando o buraco com bogey. Eu dei um rescue para ver se chegava ao green à segunda mas caí no bunker e o Francisco ficou uns dois metros curto ao green, fazendo chip e 2 putts como eu. No segundo buraco de play-off, fui o primeiro a sair e dei 1 bom drive para o meio. O Francisco também, ficando um bocado mais à direita, com uma árvore no caminho. Estávamos à espera que as raparigas acabassem de sair do green, também no play-off e nesse tempo fui-me capacitando daquilo que era preciso e do que poderia fazer dali. Joguei madeira-3 para o green e fiquei a sete metros da bandeira fazendo dois putts. O Francisco jogou depois de mim, foi parar ao rough, fazendo o par.”

Dois jovens de 14 anos a vencerem um título nacional no mesmo dia em play-off, depois de virem de trás, ambos do mesmo clube… serão meras coincidências?

"O Nelson esteve sempre connosco e é uma ajuda psicológica nestes momentos", sublinhou Joana Silveira.

“É sempre importante saber que se tem uma pessoa ali presente para nos poder apoiar, como o Nelson fez no final do segundo dia da competição, quando fui ter com ele e mandou-me para o driving range bater bolas porque, provavelmente, haveria um play-off”, frisou António Teixeira.

Nelson Ribeiro tem viajado com as equipas de Miramar e estes não foram os primeiros títulos nacionais que jogadores “seus” levarem para o clube em 2014: Susana Ribeiro sagrou-se bicampeã nacional absoluta; Tomás Bessa e Pedro Lencart Silva são campeões nacionais de pares; enquanto Joana Silveira, Pedro Lencart Silva, Henrique Barros, Daniel Rodrigues e Pedro Neves são campeões nacionais de clubes jovens de sub-14.

Nelson Ribeiro acredita num trabalho interdisciplinar e recusa recolher todos os louros: “Não trabalho sozinho. Tenho uma equipa técnica comigo. Trabalhamos com um preparador físico, temos ajuda de um psicólogo, algumas vezes contamos com a colaboração da Faculdade de Desporto do Porto e também não esqueço a ajuda importante dos pais que alimentam e permitem os sonhos destes jogadores. Tentamos trabalhar a parte física, a emocional, as questões ligadas à alimentação e, se calhar, em Miramar começamos a marcar a diferença por isso.”

Foi, sem dúvida, uma jornada de glória para Miramar, clube ao qual só escapou o título de Terceiras Categorias, arrebatado por Miguel Ferreira, da Quinta do Fojo, com 162 (83+79), +18. O 2º lugar foi assegurado por Luís Costa, do Paço do Lumiar (84+83), com as mesmas 23 acima do par do 3º classificado, Vasco Lobão, de Miramar (82+85).