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Francisco Oliveira, a nova estrela dos Skyhawks
24/03/2015 16:41 Rodrigo Cordoeiro
Francisco Oliveira, um jogador português a crescer nos Estados Unidos / © FILIPE GUERRA

Golfista algarvio de 18 anos faz história na equipa da Point University, na Georgia

Desde meados de Janeiro nos Estados Unidos, Francisco Oliveira chegou, viu e venceu. A 11 de Março, apenas no seu segundo torneio em representação dos Skyhwaks da Point University, em West Point, Georgia, triunfou individualmente no Point Skyhawks Invitational, torneio da NAIA (National Association of Intercollegiate Athletics) que decorreu no Callaway Gardens Resort, em Pine Mountain (Georgia). E contribuiu para o primeiro lugar da sua equipa no colectivo. Nunca os Skyhawks (em português, Falcões do Céu) tinham vencido no passado, fosse a nível individual ou colectivo. “A nossa equipa foi liderada por um desempenho incrível do Francisco. Ele arrasou com a concorrência. Não podia estar mais contente com a forma como ele começou a sua carreira universitária”, disse o treinador dos Skyhwaks, Steven Paine. Nesse torneio, num difícil campo de par-72, Oliveira fez duas voltas de 71-70 para ser o único dos 36 participantes que totalizou um agregado abaixo do par, deixando o segundo classificado a seis shots de distância. Eis o jovem algarvio, de 18 anos, tricampeão nacional de clubes (em 2012, 2013 e 2014) pelo Clube de Golfe de Vilamoura, em discurso directo para GolfTattoo a partir de West Point.

Em menos de dois meses Francisco tornou-se referência dos Skyhawks / © FILIPE GUERRA

“O campo do Callaway Gardens é um par-72 razoavelmente comprido. No torneio que ganhei, fiz uma abaixo no primeiro dia com 6 birdies, 2 duplos e um bogey e duas abaixo no segundo, com 3 birdies e um bogey. Foram dois dias de calor, mas com vento, especialmente nos últimos 18 buracos. Joguei bem, acertei muitos greens. No fim da primeira volta estava empatado na liderança com outro da minha equipa, mas na segunda virei os primeiros 9 a 3 abaixo e consegui gerir bem a liderança, ganhando com 6 shots de vantagem. Agora esta vitoria dá-me confiança, e é continuar a trabalhar o melhor possível, como tenho feito. O treinador está orgulhoso pois ganhámos também por equipas. Depois disso joguei o SCAD Atlanta Invitational [16 a 17 de Março], no campo The Oaks, em Covington, também na Georgia. Joguei bem os dois dias mas não consegui meter putts em nenhum deles. Acertei bastantes greens e isso reduziu o prejuízo nos greens. Fiz voltas de 74-73 e, com um agregado de 5 acima do par, acabei entre os sextos classificados, entre 57 jogadores. A nível colectivo, a minha universidade acabou na segunda posição entre oito equipas concorrentes. 

“A oportunidade de vir para os Estados Unidos surgiu através de um senhor, Eric Abreu, que também já ajudou outros jogadores portugueses a vir para cá, como o Ricardo e o Tomás Melo Gouveia ou o José Maria Jóia. Eu tinha em mente vir para os “States” há já algum tempo, e através deste senhor a oportunidade concretizou-se. O processo foi algo complicado e bastante demorado. Desde o SAT (teste de admissão à universidade nos EUA), preencher inúmeros documentos, obter o visto de estudante para entrar na América, entre outros. São tudo coisas demoradas de se obter, daí ter começado a tratar de tudo bastante antes de vir para cá. Mas tudo correu bem e tenho uma bolsa que me cobre 75 por cento das despesas.

“Estou nos Estados Unidos desde o início do ano. Viajei para cá no dia 11 de Janeiro, portanto, há cerca de dois meses. A adaptação não foi difícil de todo. Um dos meus colegas de equipa foi buscar-me ao aeroporto, e assim que cheguei à universidade fui logo apresentado a toda a equipa. Todos eles foram super-acessíveis comigo, não me tem faltado nada, o que é bastante bom. A nível de estudos, como a escola é relativamente pequena, temos uma relação mais chegada com os professores, o que nos ajuda bastante a nível académico. O treinador também tem sido espectacular, sempre atento às minhas necessidades, o que facilita bastante em ambos os aspectos, desportivo e académico. Estou a tirar Business & Management, pois foi um dos cursos que me aconselharam e também por ser o mesmo curso da maioria dos jogadores da equipa.

Com Vítor Lopes em Portugal, companheiro de clube / © FILIPE GUERRA

“A cidade onde estou é pequena, por isso não há muito que fazer no dia-a-dia. Tenho aulas todas a manhãs, e tardes livres todos os dias da semana. De tarde temos sempre treino entre as 14h e as 17h30, e, como ainda escurece bastante cedo, o resto do dia passa-se no ginásio, a estudar ou a relaxar com os amigos. Durante os fins-de-semana tento ir treinar, pois ainda não tenho carro. Fora o golfe, apenas estar com os amigos e divertir-me o máximo possível. Estou a morar nos apartamentos da universidade, pois só podemos viver fora do "campus" após o primeiro ano de estudos. Isto acaba por ser bom, porque a maioria também mora cá, o que me permite conhecer mais pessoas. Já conheço bastante bem a região, e nos arredores há cidades que já tive a oportunidade de conhecer, como Auburn ou Columbus, que são sítios com mais movimento e onde quero definitivamente voltar.

“Desde que estou cá, ainda não esteve bom tempo, tem estado sempre frio, chuva e vento. Sendo do Algarve, já sinto falta de treinar de manga curta e dos dias de sol! A comida é também bastante diferente. É muito fácil desviarmo-nos de uma alimentação saudável, pois é tudo à base de fritos e salgados. Como eu como quase sempre na escola, não tem sido muito difícil de gerir a alimentação.

“E claro, a família. Tento falar com os meus pais e irmãos duas ou três vezes por semana no Skype, e estou sempre em contacto com os meus amigos em Portugal através das redes sociais e outros meios. É um pouco difícil de estar cá a viver, principalmente sendo o único português nos arredores, mas não tenho tido dificuldades em lidar com isso.

"O facto de treinar todos os dias ajuda-me a ganhar consistência no meu jogo. O mais difícil tem sido mesmo a adaptação aos greens de bermuda. Jogar nestes greens é um processo demorado de aprender, pois é preciso saber ler o grain e saber quando se está a jogar contra ou a favor do mesmo. Isso tem influenciado bastante o meu jogo nos greens e também nos resultados, mas tenho trabalhado nisso com o treinador, e sei que os resultados vão aparecendo com o tempo. De qualquer forma, o golfe universitário é muito evoluído em relação a Portugal, e não é difícil de conciliar com os estudos, o que me faz querer continuar cá nos próximos anos.

Os planos de Oliveira passam por ser jogador profissional de golfe / © FILIPE GUERRA

"Comecei a jogar golfe há pouco menos de seis anos após o meu pai ter vindo da Florida com um saco de golfe. Ele começou com um amigo, e eu fui uma tarde com ele e gostei. Daí foi continuar a ir com o meu pai, comprar o meu primeiro saco de golfe e começar a levar o jogo mais a sério. Foi quando me transferi para o Clube de Golfe de Vilamoura que senti que queria mesmo dar um passo em frente enquanto jogador e tentar atingir objectivos a nível nacional. Tenho ambições de me tornar profissional de golfe após terminar o curso e de tentar chegar ao European Tour, ou, se me mantiver por cá depois da universidade, de tentar alcançar o Web.com Tour.

"Tendo em conta que apenas me transferi para Vilamoura há três anos, apenas tenho a agradecer a todos os que me apoiaram e que fizeram com que me tornasse um melhor jogador. Ao Clube de Golfe de Vilamoura por me proporcionar todas as condições para poder treinar, evoluir e competir ao mais alto nível. Ao Joaquim Sequeira, meu treinador desde o primeiro dia que represento Vilamoura, que foi quem mais me fez evoluir dentro de campo, e que sempre me ajudou quando foi preciso. Ao Gonçalo Pinto, com quem treinei a maioria dos últimos seis meses antes de vir para os Estados Unidos, melhorando bastante o meu swing. A todos os meus colegas de equipa, que me apoiaram sempre, e aos meu pais, pois foram eles que me trouxeram para o golfe, e que têm feito os possíveis e os impossíveis para que possa fazer aquilo que mais gosto, jogar golfe, e que proporcionam a oportunidade de estar a estudar nos Estados Unidos, o sonho de qualquer estudante."