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Ricardo Santos: “Sou hoje um jogador mais seguro”
16/07/2014 11:26 Rodrigo Cordoeiro
Ricardo Santos aguarda com paciência o momento para "explodir" com uma grande classificação / © GETTY IMAGES

Melhor golfista português faz balanço quando ainda faltam quatro meses para fim da época

Que balanço fazes da tua época 2013-2014 até ao momento no European Tour, numa altura em que já jogaste 19 torneios?

O balanço é positivo, embora seja verdade que poderia ser bem melhor. Tenho jogado mais regular este ano. Terminei agora mais uma jornada de quatro torneios seguidos [Open da Irlanda, BMW International Open, Alstom Open de France, Aberdeen Asset Management, Scottish Open], em que as coisas foram bastante positivas, especialmente porque o meu jogo melhorou bastante. Neste momento estou a jogar ao nível a que quero estar a jogar.
É verdade que as duas últimas semanas deveriam ter sido bastante melhores, pois em França cometemos três erros estratégicos que me prejudicaram bastante e que não me permitiram alcançar uma classificação no top 10. Na Escócia voltámos a cometer um erro do mesmo tipo. Já analisámos e já falámos para que não volte acontecer no futuro. Na Escócia também não me adaptei ao greens, tive bastantes dificuldades na finalização.
Agora estarei quatro semanas em Portugal para descansar e preparar-me para mais uma série de seis torneios. O meu próximo torneio será o Campeonato Nacional PGA Portugal [6-8 Agosto], no European Tour será na Dinamarca dia 14 de Agosto.

Quando falas no plural, referes-te à parceria com o teu caddie, o argentino Jorge Gamarra…?

Por vezes cometemos erros, mas é normal, todos cometem e errar e humano.

Nota-se que, em relação às tuas duas épocas anteriores no European Tour, estás a fazer mais cuts (apenas 4 cuts falhados). És hoje um jogador mais seguro de ti próprio?

É verdade que este ano tenho jogado mais fins-de-semanas do que nas épocas anteriores. Sim, sinto mais confiança no meu jogo, apesar de não ter feito grandes classificações até ao momento. Mas é verdade que me sinto melhor e mais à vontade em campo.

Em contrapartida, ainda não aconteceu uma daquelas classificações a que nos habituaste, como a vitória na Madeira em 2012 ou o 4º lugar em Abu Dhabi em 2013...

Pois é verdade, ainda não aconteceu uma grande classificação, mas o golfe é mesmo assim. Não existe nenhuma época igual a outra, há que ter paciência e continuar o trabalho. Há coisas que nós não controlamos e há que esperar pelo bom momento.

O que se passou na terceira volta do BMW PGA Championship em Wentworth? É um torneio muito rico em termos de prémios monetários, tinhas passado o cut numa posição perto do top 10, e fizeste 79 na terceira volta…

O que aconteceu foi que nos primeiros nove buracos falhei quatro putts curtos de 1,5 metros para dentro e já ia 4 acima sem jogar mal. Depois, no buraco 16, falhei o tee shot e acabei por fazer um triplo. Resumindo, não tive as coisas a correrem bem para o meu lado e assim e fácil de fazer um 79 naquele campo.

Esse foi o momento mais frustrante para ti até agora nesta época, ou houve outros?

Sim esse foi um, mas a semana em França penso que foi o pior, pois ia com um resultado muito bom para poder terminar no top 10 e dois buracos estragaram um pouco o dia e o sonho de poder jogar o British Open. É verdade que estava um dia horrível e extremamente difícil e é fácil acontecerem buracos maus naquele campo em condições assim. É sempre difícil aceitar aqueles momentos, mas há que aceitá-los e seguir em frente, pois não aconteceu só a mim e há outros torneios que se seguem para jogar.

No torneio seguinte, na Áustria, voltou a acontecer uma terceira volta de 79… Sentes que, de alguma forma, cometeste os mesmos erros de Wentworth?

Não, na Áustria senti-me um pouco cansado e a verdade e que não me conseguia concentrar como deveria e como é normal.

Após esse torneio na Áustria disseste que estavas a adaptar-te a pequenos ajustes no swing. Que ajustes são esses?

Sim, é verdade, esse também foi um aspecto que não me ajudou a ter um melhor resultado. Os ajustes são iniciar o back swing com mais ritmo e conseguir ter a cabeça do taco square durante o back swing.

Nas duas últimas temporadas, por esta altura, já tinhas garantido a cartão do Tour para a época seguinte, algo que ainda não aconteceu este ano. Sentes uma pressão adicional por causa disso?

De momento sinto-me bem, pois, como disse anteriormente, não há épocas iguais por isso vou continuar fiel com o meu trabalho e esperar que as coisas aconteçam pelo melhor.

Em termos físicos tem estado tudo bem contigo?

Sim tenho-me sentido bastante bem, o único torneio onde me senti pior foi na Áustria, mas penso que seja normal haver uma semana ou outra que não me sinta a 100 por centro.

Claro que também tens tido bons momentos, o que fica provado pelo facto de ocupares a 94ª posição na Race to Dubai, o que provisoriamente te garante o cartão para o próximo ano. Fala-nos, por exemplo, daquela volta de 62 (9 abaixo do par) no primeiro dia do Africa Open…

A volta de 62 na África do Sul foi uma volta fácil de golfe em que joguei muito bem e as coisas correram bem para o meu lado. Quando assim é, torna-se bem mais fácil. Foi num momento em que estava bastante confiante no meu jogo e foi só deixar as coisas acontecerem. São voltas que não custa nada fazer, parece que o golfe e fácil, o que não e verdade. E são dessas voltas que me tem faltado este ano até ao momento, especialmente nos fins-de-semana, para poder terminar melhor classificado.

Em termos de torneios, tens como ponto alto o 10º lugar no NH Collection Open em Espanha… Fala-nos desse torneio e de outros pontos altos que queiras referir… O Open da Irlanda, por exemplo…

O NH Collection Open foi um bom torneio, apesar de se tratar de um torneio pequeno. Foi bom especialmente pela recuperação que fiz depois de ter estado 6 acima do par no fim dos primeiros 12 buracos do torneio. Contudo, o momento mais alto para mim foi na Malásia, onde terminei, se não estou em erro, em 20º [foi 18º]. Cheguei a estar em 5º no último dia, e penso que se não tenho sido penalizado no buraco 3 teria alcançado uma melhor classificação. Aquela penalidade tirou-me a concentração durante alguns buracos, prejudicando-me a última volta. O Open da Irlanda também foi um torneio muito positivo e com muito bom golfe, com excepção do drive.

Já tiveste nesta época algum momento insólito ou divertido dentro ou fora do campo?

Sim, estive no BMW International Open, onde me pediram para representar Portugal num evento de futegolfe… Eu, que não tenho habilidade nenhuma com os pés a jogar futebol, tive que meter uma bola de futebol dentro de um buraco onde só cabia mesmo a bola, com televisão, muito público e com jogadores famosos, como o Sergio Garcia (que por acaso foi pior que eu [risos], Francesco Molinari, Victor Dubuisson, John Daly, entre outros. Foi um momento diferente e divertido.

Quando veremos finalmente o Ricardo Santos a jogar um major?

É uma pergunta à qual não tenho resposta, eu espero que seja o mais rápido possível.

Tens neste momento 31 anos. Sentes que o teu melhor no golfe ainda está para vir?

Eu sinto e penso que sim, pois ainda há várias coisas que posso melhorar. Se conseguir melhorá-las, certamente terei muitos melhores resultados do que já tive até agora.

Pedro Figueiredo é profissional há quase um ano. Gonçalo Pinto é-o desde há pouco tempo e Ricardo Melo Gouveia acaba de abandonar o estatuto amador. Foram três grandes amadores portugueses. Que conselhos lhes daria nestes seus primeiros tempos como profissionais?

Em primeiro lugar, muito trabalho, coisa que estou certo todos eles já o fazem; nunca desistir, não desesperar por as coisas, por vezes, não acontecerem como eles querem – porque isto é uma maratona e não uma corrida de 100 metros; acreditarem neles próprios até ao fim e, claro, têm que ter um apoio financeiro para poderem ter um calendário e não estarem com a pressão adicional de terem de fazer resultados para poder pagar as contas.

Que mensagem gostarias de deixar aos visitantes do site GOLTATTOO agora que este projecto arrancou?

Que joguem golfe, pois é a melhor modalidade desportiva que vão encontrar. E digo isto porque conheço várias pessoas que experimentaram e nem dormem quando têm um torneio no dia seguinte [risos] e outras que são e já foram profissionais noutras modalidades e quando têm uma hora livre vão ao campo de golfe. Além do mais, não há outra modalidade com paisagens como as do golfe.