Nos 25 anos da Golfsport empresário faz balanço e mostra-se optimista para o futuro
Nascido no Porto, Rui Portela iniciou a prática de golfe com 9 anos no Club de Golf de Miramar. Além do interesse pelo jogo, desde cedo se dedicou no seu clube à organização de torneios para os jovens. A viver em Lisboa há 30 anos, foi nesta cidade que iniciou o seu percurso profissional nas áreas do Turismo e do Golfe, tendo exercido cargos na área comercial e operacional em empresas de golfe (Iberogolfe, João Lagos Sports, Golfconsult e Penha Longa Golf Resort) até 1996, quando decidiu investir na criação da sua própria empresa, tendo fundado a empresa Golfsport. em Maio desse ano. Nesta entrevista, a propósito da efeméride dos 25 anos desta última, Rui Portela traça um balanço e mostra-se confiante e com desafios para o futuro. "O conceito que introduzi foi muito claro e válido ainda hoje: Criar e Inovar." Com uma promessa para os sponsors: "Retorno, retorno, retorno!"
GOLFTATTOO – Como nasceu o seu interesse pelo golfe?
RUI PORTELA – Foi no Porto, no Club de Golf de Miramar. O meu pai era um exímio golfista e, claro, tentou incutir em mim o gosto pelo golfe. E, conseguiu! Mas porque nesses tempos (anos 70) o golfe ainda era um desporto pouco praticado por jovens, faltava o ambiente necessário para nos fixar no clube. Isso aconteceu comigo e aos 16 anos enveredei pelo futebol.
Só passados dez anos (início dos anos 80) regressei ao clube e nessa fase, além do interesse pelo jogo, começou a crescer em mim o interesse pela organização de torneios, especialmente para jovens. No fundo, o que eu sentia nessa época era uma grande vontade de proporcionar ambiente e competição aos jovens para que nunca perdessem a paixão por este desporto e se dedicassem a ele pelo resto das suas vidas.
Miramar tornou-se a partir daí uma verdadeira “fábrica” de campeões e é ainda hoje o clube (só com 9 buracos) que melhor escola de formação tem e que tem produzido nos últimos anos os melhores jogadores Nacionais e Internacionais.
Quando é que essa dedicação ao golfe por “carolice” virou profissão?
Foi quando saí do Porto para tirar o Curso Superior de Turismo. Terminado o curso e depois de uma curta experiência no Algarve com operadores turísticos alemães, regressei a Lisboa.
No final dos anos oitenta iniciei a minha vida profissional ligada ao golfe no Grupo Iberogolfe do António Carmona Santos. Mais tarde passei pelo Grupo João Lagos Sports e pela GolfConsult. Nessas três empresas adquiri alguma experiência comercial e organizativa que me levou a diretor comercial da Penha Longa, onde estive três anos. Em 1996 decidi arrancar por conta própria e fundei a Golfsport, Organizações e Representações de Golfe Lda.
Como resume a actuação da Golfsport desde a sua fundação até à actualidade?
Ao longo dos anos ligado às empresas de golfe em que trabalhei, acumulei contactos que foram os meus principais clientes para o arranque da empresa e o cimentar no panorama do golfe Nacional. E desde o início da Golfsport, o conceito que introduzi foi muito claro e válido ainda hoje: Criar e Inovar.
Já no início dos anos 90 os torneios eram um pouco “mais do mesmo”. Havia que romper com esse figurino e apresentar projectos novos, diferentes. Nunca fiquei à espera que viessem ter comigo a pedir para fazer um torneio “assim e assado”. Fui eu que criei o concept de evento e depois fui bater às portas dos potenciais sponsors, para que agarrassem o projeto.
Foi assim que surgiram eventos como a Corporate Cup, o primeiro torneio de empresas realizado em Portugal e outros projetos como o Nightlight Golf Challenge, o primeiro torneio noturno no nosso país ou ainda por exemplo o torneio infantil Panda Golf Cup que viria a revelar futuras grandes “estrelas” como Pedro Figueiredo, Ricardo Melo Gouveia e outros. Depois é como tudo. Estes eventos tiveram visibilidade e outros seguiram estes modelos de eventos.
Antigo cartaz da Escolinhas de Golfe Panda
Deixaram de ser novidade é isso? Criou novos conceitos novos eventos?
Acompanhei sempre de perto a evolução do chamado “golfe comercial” ao longo dos últimos 20 anos. A partir de determinada altura verifico que toda a gente, com ou sem experiência de golfe, entra neste meio e desata a organizar torneios, porque tem um amigo que tem uma empresa e que quer patrocinar um torneio. Inevitavelmente, começa a baixar a qualidade nas organizações e banaliza-se a aposta nos eventos de golfe, como meio de publicitar as marcas. Más organizações, falta de conhecimentos para dar retorno às marcas, resultados viciados por ânsia de conquista de prémios de viagens e outras ofertas, ou até mesmo as próprias organizações a viciarem sorteios, a desacreditarem muito a modalidade e os sponsors a começarem a desaparecer.
O que fez para contrariar esse sinal do mercado?
Reagindo. Recriando conceitos. Inovando. Procurando também ser mais cirúrgico na hora de dar retorno aos sponsors. Para começar, em cada evento reduzimos os formatos para receber apenas 15, 30 ou 50 convidados. Cada convidado do sponsor passou a ser o seu cliente ou pessoa com potencial para vir a ser. Deixou de haver “desperdício”.
Depois o conceito: em vez de competição pura, passaram a ser eventos com forte carga de entretenimento, divertimento e… last not least, de puro networking.
A par disso, a inovação: eventos Out of the box”. Novas experiências. Nasceu o conceito Golf Experience.
Cheguei a ter reuniões com potenciais sponsors em que iniciei a reunião dizendo: Trago-lhe aqui cinco projetos de eventos de golfe. Mas nenhum terá lugar… num campo de golfe!
Nasceu o Golfe no Castelo. Um green de relva natural colocado na praça de armas do Castelo de S.Jorge. Um tee de saída numa das Torres, a 30 metros de altura. 50 convidados reunidos num sunset event para determinar o vencedor do concurso Nearest the Pin. E nessas três horas do evento todos estiveram juntos, riram, beberam, comeram, divertiram-se, competiram! Em suma : puro networking. Grande retorno.
Nasceu o primeiro evento de Golfe Rústico. Construímos um campo de golfe de 9 buracos ao longo do perímetro da fortaleza histórica de Almeida, com tees de saída nas muralhas, nos revelins e nos fossos de Almeida e greens completamente rústicos, vagamente regados cilindrados e cortados. Assim nasceu o primeiro evento denominado Rústico e Histórico, com 50 golfistas a passarem um fim-de-semana memorável a divertirem-se e a competirem num ambiente único.
Mas há mais na calha e já estamos com projetos de golfe urbano, beach golf e muitos outros, para os quais estamos já a procurar financiamento. Com uma promessa para os sponsors: retorno, retorno, retorno!
Golfe Rústico e Histórico em Almeida
A atividade da Golfsport esgota-se com os eventos?
Longe disso. Desde o início de vida da empresa que integramos outros negócios na nossa atividade, como a comercialização de equipamento de golfe, merchandising, troféus e brindes. Digamos que no início tinham pouca expressão na faturação global. Serviam quase de fornecimento de artigos corporate para os nossos eventos. Representavam provavelmente cerca de 20% da facturação da empresa.
Para se perceber a evolução do negócio, hoje, ao fim de 25 anos, passa-se exactamente o oposto, representando agora 80% do negócio da empresa. Somos revendedores da Adidas, Callaway e, sobretudo, Taylor Made marca que tem supremacia nas vendas, não só pela qualidade dos produtos, como da nossa política de preços, indubitavelmente com os melhores preços em Portugal e mesmo comparando com os sites mais baratos globalmente.
E o futuro, como se apresenta?
Diria que risonho. Temos um projeto na calha que já arrancou e que vem complementar a restante actividade da empresa. No entanto neste momento está em stand by motivado pela pandemia. Criámos um serviço inovador no mercado de incoming de golfistas estrangeiros. A Golf Premium Tours chegou a ter dois grupos de franceses contratados, quando se dá a deflagração da pandemia e foi tudo cancelado.
Os grupos de golfistas, a quem prestamos os serviços de golfe aqui em Lisboa, são formados por um máximo de 12 jogadores. O atendimento é personalizado desde o momento em que aterram em Lisboa até que partem. Só não tratamos dos voos. De resto a assistência é total. E como o próprio nome do negócio indica, são tudo serviços Premium onde a qualidade é palavra de ordem, desde o alojamento, aos campos de golfe seleccionados. As componentes de entretenimento e cultura faz parte do programa da estadia em Lisboa.
Estamos confiantes de que, quando a situação se normalizar, como já está a caminho disso, este negócio tem excelentes perspetivas para vingar.