Sean Côrte-Real é o novo director de golfe dos Las Colinas Golf & Country Club, em Alicante
Depois de três anos no Iguassu Golf Resort, no Brasil, Sean Côrte-Real regressou à Europa, mais concretamente a Espanha. Iniciou funções a 11 de Novembro como director de golfe do Las Colinas Golf & Country Club, em Alicante. Nunca é de mais lembrar, ele já foi um dos melhores golfistas portugueses: sagrou-se campeão nacional amador absoluto em 1996 e, entre 1994 e 1997, teve distinta carreira ao serviço da universidade de Pacific, em São Francisco, Califórnia, terminando 12 vezes no top 10 e 21 vezes no top 20 em provas do NCA (o circuito universitário dos Estados Unidos), incluindo a vitória no USF Invitational (1996), no famoso Olympic Club de São Francisco. Noutra ocasião jogou taco a taco pela vitória com Tiger Woods, que então representava a universidade de Stanford. Foi jogador profissional de golfe entre 1997 e 2002 e chegou a iniciar a última volta de uma prova do European Tour em terceiro lugar, por ocasião do Estoril Open de 1999, na Penha Longa (viria a acabar em 24º). Finda a aventura nos tours, recuperou o estatuto amador e começou a trabalhar como director de golfe em Vila Sol, no Algarve, onde esteve até 2010. Mas apesar de o jogo de golfe ter então passado para segundo plano voltou a sagrar-se campeão nacional absoluto em 2006 e conquistou dois títulos de campeão nacional de clubes por Vila Sol (2005 e 2007). Aos 40 anos, reconhece que treinar é uma coisa do passado, mas mostra-se grato por trabalhar naquilo de que mais gosta: golfe.
GOLFTATTOO – Como surgiu a oportunidade de regressares à Europa, depois de três anos no Brasil?
SEAN CÔRTE-REAL – A Troon Golf, com quem tenho tido contacto desde os meus dias nos EUA, recomendou-me a Las Colinas devido a uma abertura para director de Operacões do resort. Falámos durante alguns meses e acabou por tornar-se realidade. Já tinha tido algumas propostas de outros resorts na Europa durante este ano, mas nenhum foi de interesse, e acabei por aceitar este desafio fantástico aqui em Espanha. O nosso plano era para ter ficado no Brasil no mínimo mais dois anos, devido ao projecto em andamento, mas achei que a oportunidade era muito boa, e além disso estamos mais perto das nossas famílias e amigos, especialmente para os nossos filhos.
Agrada-te a localidade onde passaste a morar desde que iniciaste funções em Las Colinas?
Estamos perto de uma cidade chamada Torrevieja, a sul de Alicante, junto ao mar e numa região com um clima muito bom, e com vários campos de golfe. Até agora estou bem impressionado com a região, tirando a arquitectura residencial massiva Espanhola.
Quais são os desafíos que tens pela frente em Las Colinas?
Manter a qualidade e o serviço em todo o resort, desde o campo de golfe aos vários restaurantes, passando pelo apart-hotel, o beach club e obviamente os resultados financeiros das várias áreas. Os standards da Troon Golf são bastante elevados, algo que me agrada muito em termos de desafio, mas que requer um trabalho pormenorizado.
Estiveste em Vila Sol entre 2002 e 2010. Como aconteceu depois o Brasil?
A empresa GJP, uma cadeia brasileira com mais de 20 hotéis e resorts no Brasil, tinha acabado de comprar um resort com um campo de golfe que tinha sido abandonado. Contactaram-me para saberem se eu podia ajudar na construção e abertura do campo. Fui como Project Manager para depois passar a ser o director de golfe. Fizeram o convite, achei um desafio muito interesante, tanto em termos profissionais como pessoais. Foi uma mudança grande para mim e para a minha família. O campo chama-se Iguassu Golf Resort, em Foz de Iguaçu. Fica junto das famosas Cataratas do Iguaçu, uma das 7 maravilhas naturais do mundo, e realmente uma maravilha incrível. Fica no sul do estado do Paraná, junto à fronteira da Argentina e do Paraguai.
Como foi essa experiência?
Foi uma experiência fantástica. Sempre sonhei em viver no Brasil, agora esse sonho ficou realizado – aliás, um outro sonho que sempre tive foi o de um dia poder morar em Espanha… e aqui estamos! A região era muito interessante, por exemplo, tínhamos a engraçada experiência de almoçar no Paraguai, jantar na Argentina e estar em casa no Brasil no mesmo dia. Em termos profissionais foi uma experiência muito boa de aprendizagem, porque acabei por construir um campo de golfe, algo com que também sempre sonhei, e tive a ajuda de um dos melhores arquitectos do mundo, Erik Larsen, que foi o arquitecto principal da empresa do Arnold Palmer durante 30 anos. Montei a estrutura para a operação do campo, as vendas, o marketing, o greenkeeping, no fundo foi de A a Z, num país onde existe pouca experiência nesta área. Foram 3 anos, que passaram a voar, fizemos amigos muito especiais no Brasil, tivemos um filho (brasileiro!), por isso acabou por marcar-me e à minha mulher de uma forma muito positiva. Vamos ter algumas saudades, mas também é bom regressar à Europa.
Fala-nos um pouco do golfe no Brasil…
Infelizmente ainda existem muito poucos jogadores de golfe, tendo em consideração o tamanho do país, e continua a ser considerado um desporto elitista, muito diferente daquilo que se tem passado na Europa nos últimos 20 anos, onde o golfe passou a ser um desporto para todos. Com os Jogos Olímpicos vai haver alguma abertura e possivelmente umas mudanças em termos de ideias, mas acredito que será muito pouco. Para os poucos jogadores que existem, cerca de 20 mil, existe um base boa de jovens com grande talento, o que mostra as capacidades naturais para desporto dos brasileiros. A maior dificuldade que vejo é o tamanho do país e a distância entre campos de golfe, especialmente para o turismo de golfe.
Continuas a jogar golfe ou a treinar?
Durante estes três anos no Brasil joguei muito pouco, praticamente nada. Primeiramente porque o campo esteve em construcão, e depois por falta de tempo. Aqui em Espanha espero jogar mais, mas treinar, isso é uma coisa do passado. Já tenho muito sorte em poder trabalhar numa área que adoro, o melhor desporto do mundo, golfe!