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Vasco Alves quer chegar ao PGA Tour
16/06/2015 17:30 Rodrigo Cordoeiro
Vasco Alves já leva quatro vitórias em 2015 e o 6.º lugar no Nacional Absoluto / © FILIPE GUERRA

Com 15 anos feitos em Abril, jovem do Oporto desponta no golfe nacional

Vasco Alves começou por dar nas vistas em Abril, quando, acabadinho de fazer 15 anos, alcançou o sexto lugar no Campeonato Nacional Absoluto Peugeot empatado com Tomás Bessa, com um total agregado de 1 pancada abaixo do par-73, no campo de golfe de Santo Estêvão. Era um bom sinal – e a verdade é que, no corrente mês de Junho, ele tem dado cartas no calendário do seu clube, o Oporto: venceu a Taça Kendall (36 buracos em medal gross) com voltas de 68-69, para um total de 5 abaixo do par-71; e no último domingo, anteontem, foi o melhor em gross na Taça Skeffington, com 68. Isto sem esquecer o triunfo na Taça Paulo Reis, em Abril, em que foi o vencedor em medal net conseguindo uma volta de 67 gross no segundo dia, a melhor que fez no seu home course. Se a estes triunfos acrescentarmos o êxito, em Março, no Campeonato Nacional de Clubes de Sub-18, já lá vão quatro títulos este ano. É mais uma jovem promessa do golfe português, na mesma linha de Pedro Lencart (Miramar) que, sendo da mesma idade, tem tido mais notoriedade, até porque é o bicampeão nacional de sub-14 e foi o único português a passar o cut no último Internacional de Portugal. Nesta entrevista, Vasco Alves, natural do Porto e residente em Leça da Palmeira (Matosinhos), 0,0 de handicap, diz que o seu grande objectivo para este ano é vencer em Julho o Campeonato Nacional de Sub-16 e não esconde a sua ambição de um dia estar a jogar no PGA Tour entre as grandes estrelas da modalidade. É de jovens assim, dedicados e ambiciosos, que o golfe português precisa. 

GOLFTATTOO – Neste mês de Junho já venceste duas das mais emblemáticas provas do Oporto Golf Club, a Taça Kendall e a Taça Skeffington. O que significaram para ti estes dois títulos? 

VASCO ALVES – Foram muito importantes para mim. A vitória na Taça Kendall foi dos melhores momentos momentos que já vivi no golfe, a par do hole-in-one que fiz no Match Portugal-Espanha de 2013 e do último shot no Campeonato Nacional de Sub-12 no Montado, em 2012, em que bati um ferro 6 e a bola ficou a um metro do buraco, fazendo birdie e garantindo o segundo lugar na prova. Quanto à Taça Skeffington, apesar de o torneio ser jogado na modalidade medal net, considero que ganhar gross é mais importante e estou muito feliz, até porque ganhei com um resultado de 68 pancadas. 

68 é o teu melhor resultado no campo do Oporto? 

Não, o meu melhor resultado foi conseguido no segundo dia da Taça Paulo Reis, que também se joga em medal net, e que venci. Vinha com -5 para o buraco 18, mas infelizmente, bati o segundo shot para a água, fiz bogey e acabei com 67 (-4). 

A maioria dos melhores jogadores do Oporto não competiu na Skeffington Cup. Sentiste-te na obrigação de ganhar? 

Não, de todo. Quando jogo, não sinto a obrigação de ganhar, mas claro que preferia que os melhores jogadores estivessem presentes, como o João e o Afonso Girão, o João Magalhães, o Tiago Rodrigues… De qualquer maneira, acho que ganhei com um excelente resultado e não seria muito fácil um destes jogadores apresentarem um melhor cartão. 

Quem consideravas o teu mais perigoso adversário, o João Maria Pontes? 

Sim, o João Maria é um adversário à altura. Tem um grande potencial, mostra empenho naquilo que faz e somos grandes amigos. Por coincidência joguei com ele como companheiro de formação, mas ele foi-se abaixo nos últimos buracos e não apresentou um bom cartão.

Voltas abaixo do par são cada vez mais recorrentes em Vasco Alves  / © FILIPE GUERRA 

Este ano já tinhas estado em evidência com o sexto lugar no Campeonato Nacional Absoluto Peugeot, no par-73 do campo de Santo Estêvão. Conta-nos como foi esta prova para ti? 

Esta prova é uma das quais eu mais gosto de jogar e foi a terceira vez que a joguei. O João Girão tinha-me dito que no Campeonato Nacional Absoluto que ele jogou em 2012, no mesmo campo, tinha conseguido um agregado de +8, e eu tomei isso como um objetivo para superar, até porque não conhecia muito bem o campo. Entrei confiante para o primeiro dia, apresentando um cartão de 72 (-1). Esse resultado deu-me muito mais confiança para os outros dias e apresentei cartões de 76 (+3), 69 (-4) e 74 (+1), terminando com um total de -1. 

O facto de não teres feito qualquer duplo bogey nos 72 buracos de jogo em Santo Estêvão demonstra consistência da tua parte… 

Sim, de facto. Durante os quatro dias, tentei ao máximo segurar o meu jogo, acabando por não cometer nenhum desastre, o que podia facilmente ter-me afectado psicologicamente e o Campeonato podia ter corrido pior. 

Fizeste uma volta de 69 (-4) no terceiro dia. Foi a tua melhor de sempre em provas do calendário federativo? 

Sim, foi um dia em que tudo me correu bem, desde o tee shot, ao putting, e acabei com 3 birdies nos últimos 4 buracos, o que me deixou muito satisfeito. Também joguei com dois grandes jogadores: o João Ramos e o Carlos Laranja, que me ajudaram a estar mais descontraído durante o jogo. 

Como viste o duelo entre o Tomás Silva e o Vítor Lopes, os quais terminaram destacados da concorrência. 

Só acompanhei o último buraco, porque eu joguei na antepenúltima formação. Adorei ouvir o grito do Tomás quando meteu o último putt e imaginei-me na mesma situação daqui a uns anos. 

Além da Skeffington Cup, este ano ganhaste pelo Oporto o Campeonato Nacional de Clubes no escalão de sub-18 anos. Como foi? 

Eu faço parte do Oporto apenas desde 2013, mas já tinha jogado duas vezes pelo Quinta do Fojo, no escalão de sub-14. Pelo Oporto, também em sub-14, joguei em 2013 (primeiro lugar) e 2014 (segundo lugar). Este ano foi ainda melhor, porque fiz parte da melhor equipa possível em sub-18 e apresentei um bom cartão de 71 (-1) no último dia; dia em que entrei nervoso para o campo, estando +4 ao fim de seis buracos, mas uma conversa inspiradora com o meu treinador Eduardo Maganinho no tee do 7, fez-me ficar confiante e nos últimos doze buracos fiz birdies no 7, 8, 9, 15, e 18. 

Tens ambição de fazer parte este ano da equipa de homens do Oporto no Campeonato Nacional de Clubes? 

Sim, sem dúvida. O ano passado, já tinha feito parte da equipa, mas fiquei no "banco”, podendo assistir de perto aos melhores momentos da equipa. Este ano espero jogar como titular e fazer a diferença na equipa. 

E em relação ao Campeonato Nacional de Jovens individual, vais fazer a tua estreia no escalão de sub-16… 

Sim, este ano já jogo como sub-16, e o torneio vai realizar-se no meu campo, o que acaba por ser vantajoso. Espero ganhar. Sem dúvida alguma, é o meu grande objetivo para este ano, até porque há grande concorrência: Pedro Lencart, Carlos Laranja, António Teixeira, João Maria Pontes… Nesta prova, fui vice-campeão de sub-12 em 2012 e terceiro o ano passado em sub-14. 

No Campeonato Nacional Absoluto de 2014. De lá para cá, um grande salto / © FILIPE GUERRA

Como é que o golfe começou para ti? 

O golfe começou graças ao meu pai. Eu tinha seis anos, em 2006, e ele levou-me a experimentar no Golfe da Quinta do Fojo, em Vila Nova de Gaia. Adorei e logo me inscrevi na Academia, onde permaneci até ao final de 2012. 

O que te fez mudar para o Oporto? 

Na Quinta do Fojo não havia muitos jogadores, eu era o único, e depois o campo é muito pequeno e eu tinha necessidade de mudar para um campo maior, com mais jogadores. No Oporto, a maioria dos jogadores é de selecção. 

E tens uma irmã golfista que foi campeã nacional de sub-12 em 2013… 

Para dizer a verdade, tenho duas irmãs golfistas. A Teresa, tem 13 anos e foi campeã nacional em 2013. Apesar de não se dedicar tanto ao golfe como eu, adoro vê-la jogar, dado que ela tem um potencial enorme, e por vezes sou bastante exigente com ela. A minha outra irmã, a Isabel, tem 9 anos e, assim como a Teresa, tem um grande potencial. 

Quem foi a pessoa mais importante para ti como golfista? 

O meu pai. Ele apoia-me sempre em todos os momentos e na “viagem de regresso a casa”, quando vamos no carro e o jogo não correu como eu queria, diz sempre as palavras certas para me fazer acreditar em mim e no meu potencial. Valorizo também o apoio que a minha mãe me tem dado, exigindo sempre que eu me divirta e que não esqueça os estudos, e o apoio do meu avô que se disponibiliza para me levar a treinar durante a semana. 

Que importância tem tido o treinador Eduardo Maganinho desde que foste para o Oporto?

O Eduardo é uma pessoa muito importante para mim. Quando entrei no Oporto, acolheu-me da melhor maneira e mostra sempre prazer e dedicação quando trabalha comigo. Quanto à parte técnica, tenho notado uma grande evolução, o que atribuo também a ele e ao seu irmão Zé Maganinho, e na parte psicológica também me ajudam muito, tanto nos torneios como nos treinos. 

Estás a trabalhar especialmente nalguma parte do teu swing? 

Agora nem tanto. Há cerca de dois, três meses, estava a trabalhar muito no take away, porque a face do taco estava muito fechada, mas agora estou apenas tentar começar o swing um pouco mais por dentro. 

Enquanto cresceste, quem foram as tuas referências no golfe, em termos nacionais e internacionais? 

Enquanto cresci, fui tendo como ídolos os irmãos Girão, o João Magalhães, Tomás Bessa, Gonçalo Pinto, Tomás Silva, Pedro Figueiredo e o Vitor Lopes… A nível Internacional, o Tiger Woods, Phil Mickelson, Matt Kuchar e Rory McIlroy. 

Qual é a tua experiência internacional em termos de golfe? 

Em termos internacionais, já tive a oportunidade de jogar três vezes o Match Portugal-Espanha (em 2012, 2013 e 2014). Em 2013, joguei bastante bem, ganhei os dois matches a pares e os singles e fiz o meu primeiro hole-in-one, enquanto fazia parelha com o Zé Maria Cunha. Joguei também em Inglaterra o Reid Trophy em 2013 e 2014 e joguei o Evian Championship em França em 2014. Um dos meus pioresmomentos no golfe foi no Reid Trophy de 2014: no segundo dia vinha par do campo ao fim de nove buracos e acabei +9 para o dia, passando o cut apenas por uma pancada. 

Quais são as tuas ambições no golfe? 

No futuro, pretendo chegar ao PGA Tour, o mais cedo possível e ter a oportunidade de jogar com algumas das “estrelas” que admiro hoje.

Se tivesses de fazer uma descrição de ti próprio como jogador de golfe, o que dirias? 

Enquanto jogador de golfe, considero-me muito empenhado e determinado, sempre com vontade de jogar e de trabalhar para alcançar os meus objetivos. Tenho sempre vontade de fazer mais e melhor, dado que sou muito exigente comigo próprio. Aproveito para agradecer à minha família, aos meus treinadores e amigos, pelo apoio que me têm dado desde que comecei este longo caminho e por terem feito de mim a pessoa que sou hoje. 

O que gostas de fazer nos teus tempos livres, fora do golfe? 

Ouvir música, estar com os amigos, jogar ping-pong, bilhar, futebol, fazer exercício físico, ver filmes.