Ricardo Santos em entrevista antes de ter começado a jogar Final da Escola de Qualificação
Ricardo Santos, o golfista português com os melhores resultados de sempre nos circuitos europeus, concedeu uma entrevista ao Diário de Notícias e ao Gabinete de Imprensa da Federação Portuguesa de Golfe antes de começar a jogar na Escola de Qualificação do European Tour
FPG/DN – Já conhecias os campos Stadium e Tour do PGA Catalunya Resort, onde vai decorre uma vez mais a Final da Escola?
Ricardo Santos – Um deles, o Stadium, porque joguei lá o Open de Espanha deste ano.
Nas declarações que deste ao European Tour depois do Perth International manifestaste-te mentalmente exausto. Calculo que nestas semanas que mediaram entre esse torneio do European Tour e esta Final tenhas colocado um acento tónico na recuperação psicológica.
Sim, o trabalho tem sido mais nessa área. Comecei a treinar apenas na segunda-feira da semana passada e na primeira semana depois da Austrália não peguei nos tacos. Foi só para descontrair, em casa, o que foi muito bom. Foi uma semana em que me senti desligado do golfe. Às vezes faz falta e até deveria fazê-lo a meio da época, mas nem sempre é possível.
É nestes períodos que o teu psicólogo desportivo, o Gonçalo Castanho, é importante.
Falámos bastante, “numa de” desabafar. Mas o trabalho que fizemos nestes últimos tempos foi mais virado para o médio e longo prazo, porque isto não é bem um medicamento que se possa tomar e fica logo tudo bem.
(Façamos aqui um parêntesis, porque, aproveitámos a deixa para conversar um pouco com o próprio Gonçalo Castanho que, como é óbvio, não se alongou em particularidades: “Estamos a limar arestas, no sentido de encarar de forma mais ajustada a próxima época. Em termos mentais, pretende-se que a Escola seja encarada como uma oportunidade de um bom desempenho, no lançamento da próxima época. Não mais do que isso.”)
E sentes que esse trabalho deu resultado, pelo modo como vais para a Escola desta semana?
Penso que estou mais calmo. Vou à Escola para melhorar de categoria e em vez da 16 que já tenho passar para a 15. A diferença entre as duas categorias é entrar em mais torneios e também em torneios maiores do European Tour para o ano. Eu já tenho garantida a presença para o ano nuns 15 ou 20 torneios, pelo que, se passar esta Final da Escola e ficar com a categoria 15, não será uma grande diferença no meu calendário. Para mim, terá mais importância os torneios que vou jogar na próxima época do que esta Final…
Em que sentido?
Porque às vezes o mais importante não é a quantidade de torneios que se joga mas a qualidade dos resultados. Eu, no ano passado, em maio já tinha praticamente o cartão assegurado. Há sempre a hipótese de ganhar um torneio e fico logo com o cartão e também quando se consegue um top-10 normalmente entra-se no torneio seguinte.
E como já ganhaste um torneio do European Tour em 2012 e em 2013 fizeste 5 top-ten quase de rajada, sabes que não é algo de impossível.
Pois, por isso, vou encarar a Final da Escola como mais um torneio normal e tentar abstrair-me de pressões acrescidas.
A grande diferença é que são 6 voltas e não 4.
Mas fisicamente eu estou bem, aliás, melhor do que no ano passado. Não tem sido pela parte física que os resultados não têm aparecido.
Disseste que recomeçaste a treinar na segunda-feira da semana passada. Vais chegar à Final da Escola com duas boas semanas de treino. Como te sentes em termos técnicos?
No campo, sinto-me a bater bem na bola. Estou a swingar bem, mas o melhor medicamento para a parte mental do jogo são sempre os bons resultados.
Há quem diga que é mais difícil vencer a Final da Escola do que um torneio do European Tour. Concordas?
Não posso opinar porque é a primeira vez que vou jogar a Final, mas, se tiver de pensar nisso, parecem-me ser coisas diferentes. Vendo de fora, diria que, para mim, ganhar um torneio do Tour deve ter mais pressão. Na Escola, o 2º classificado ganha quase o mesmo do que o 1º – o apuramento para o Tour e o prize-money não é tão diferente. Agora, a diferença de prémio em torneios do Tour entre o 1º e os outros é enorme. E a partir dos 1,5 milhões de euros, os torneios dão dois anos de isenção! Acredito que a Final da Escola possa ser mais dura em termos mentais e físicos, por serem 6 voltas… aliás, com as voltas de treino são 8, mas a pressão de meter um putt para ganhar a Escola não se comprara à pressão de um putt para vencer um torneio do Tour. Na Escola, se falhar aquele putt, sou apurado na mesma. Num torneio do Tour aquele putt tem muito mais valor.