Contudo, a pergunta que se levanta à alteração às Regras é: será suficiente?
No passado dia 1 de Março, o R&A e a U.S.G.A. apresentaram uma proposta de alteração às Regras de Golfe. Tendo em conta que o que define uma modalidade desportiva é o conjunto de Regras pela qual esta se rege, isto significa, automaticamente, que está anunciada a modernização do jogo.
Contudo, a pergunta que se levanta é: será isto suficiente?
Esta proposta pretende simplificar a sua compreensão e aplicação, acabar com algumas delas, “escondidas” no livro das decisões, tornar o jogo mais justo, reduzir o seu número de 34 para 24, etc. É clara a intenção de adaptar o jogo aos tempos modernos, mantendo, todavia, as suas tradições.
Um dos exemplos é o forte encorajamento a uma mais rápida cadência de jogo, com a proposta de uma Regra que diz que o jogador deve preparar a sua pancada com antecipação e tem de executá-la em 40 segundos.
O tempo de jogo é uma crescente preocupação para quem gere campos de golfe, organiza torneios e principalmente para quem joga. Um dos vários motivos pelos quais o golfe tem perdido praticantes a nível mundial, é o facto de hoje haver uma grande procura de hobbies mais rápidos.
A rapidez de jogo não se prende só com o tempo que demoramos a executar a nossa pancada, mas também com factores como: a escolha do formato de jogo, do campo de golfe, dos tees de saída.
Se queremos jogar uma partida rápida com os nossos filhos, por exemplo, por que não jogar na modalidade por buracos (match play), em vez de jogar por pancadas (stroke play), uma vez que somos só dois? O jogo por buracos é claramente mais rápido.
Por outro lado, se estamos a jogar um torneio de stableford e, logo no primeiro buraco, por exemplo um par-4 em que só temos um ponto de abono, chegamos ao green com 5 pancadas e falhamos o putt, há que levantar a bola! Fazer mais um putt, para além de desnecessário, demora pelo menos 40 segundos. Se o fizermos uma só vez em cada buraco, são mais 12 minutos numa volta de golfe de 18 buracos.
Os clubes podem, e devem, organizar mais torneios de 9 buracos, agora válidos para gestão de handicaps (excepto para a 1.ª categoria), usar os tees vermelhos para iniciados e handicaps altos, desde que estejam classificados também para homens, preparar o campo, no dia-a-dia, de forma a torná-lo mais fácil de jogar, organizar formas divertidas de jogo para os jovens e iniciados, envolver os praticantes mais experientes na aprendizagem dos iniciados.
Vamos começar a modernizar o Golfe, já!
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*Director Técnico Nacional da Federação Portuguesa de Golfe; árbitro internacional