
Mais do que a promoção ou o IVA do Golfe, o que verdadeiramente me preocupa é a escassez de água
Que o Golfe enquanto produto turístico tem uma importância crucial para o nosso País, parece não deixar dúvidas a ninguém. Senão, vejamos:
Deve assim ser uma atividade acompanhada e acarinhada por qualquer Governo, nas suas múltiplas vertentes, e particularmente no que concerne à fiscalidade, promoção internacional e questões operacionais.
É uma reivindicação unânime que a taxa de IVA deveria descer, dando assim aos operadores portugueses condições de concorrência mais próximas das de outros destinos. A prática do Golfe deveria ser considerada, fiscalmente, não como um produto de luxo taxado à taxa máxima de Iva, mas como um negócio estratégico para o País, e de capital importância para algumas regiões.
Uma redução do IVA permitiria concorrer em igualdade de circunstâncias com Espanha, Turquia e outros, tornar os operadores mais sólidos financeiramente e mais capazes de enfrentar os investimentos que serão necessários no futuro
A promoção internacional específica do golfe tem perdido intensidade nos últimos anos. Parece passar a ideia que Portugal, e o Algarve em particular, é um destino consolidado de Golfe, e que não carece de investimento significativo; e é neste contexto que os apoios a eventos internacionais têm vindo a diminuir, e não se conhece uma estratégia de comunicação específica para o produto.
Mas são aspetos operacionais que me preocupam face ao futuro; e em particular, a questão da água.
Todo o País enfrenta períodos prolongados de seca severa, e o Algarve sofre neste momento um desses períodos, que dura há já pelo menos 4 anos.
E se é certo que não é fácil contrariar a natureza, há um conjunto de medidas que poderiam mitigar a falta de água que, segundo todos os especialistas, tenderá a agravar-se nos próximos anos. Concretamente:
Não tenhamos dúvidas, a questão não é se iremos enfrentar escassez severa de água que poderá por em risco campos agrícolas e de Golfe; a questão é, quando.
Não vejo autoridades centrais, regionais e locais a planear e menos ainda a investir em meios de enfrentar este problema; e isso, mais do que a promoção ou o IVA do Golfe, é o que verdadeiramente me preocupa
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*CEO - NAU Hotels & Resorts
** Crónica publicada originalmente no suplemento "Golfe" do jornal Público de 9 de Setembro