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Estrelas do golfe novamente aliciadas para Superliga
06/05/2021 14:21 GolfTattoo
Apesar dos seus 50 anos, Phil Mickelson ainda é um dos golfistas mais mediáticos e está na mira da Superliga © Getty Images

Deram-na como morta o ano passado, mas voltou a ser notícia esta semana. PGA Tour reitera avisos

No início do ano passado, deu que falar a projectada Premier Golf League. um circuito que seria financiado pelo regime da Arábia Saudita com garantias milionárias para os jogadores; nunca saiu do papel devido à resistência de alguns dos nomes mais sonantes do golfe, nomeadamente Rory McIlroy e Brooks Koepka; dir-se-ia que, tal como no caso recente da Superliga Europeia de futebol, não teve pernas para andar. No entanto, soube-se esta semana, ainda mexe. Voltou a ser notícia, agora com a designação de Super Golf League. 

Segundo o The Telegraph, um grupo de negociadores tem estado no sul da Flórida, onde residem muitos dos melhores golfistas mundiais. Os representantes de Dustin Johnson, Bryson DeChambeau, Phil Mickelson, Adam Scott, Justin Rose e Brooks Koepka, eventualmente entre outros, estarão na posse de ofertas multimilionárias – verbas entre os 30 e os 50 milhões de dólares – para deixarem para trás o ecossistema do PGA Tour rumo a uma nova liga que promete dias de pagamento garantido. 

O sistema proposto, apoiado por dinheiro da Arábia Saudita e que supostamente espera estar operacional em 2022, seria completamente diferente do habitual: em vez de torneios de 72 buracos com cerca de 150 jogadores, cada um por si, incorporaria um circuito com 18 torneios por equipas com um número bem mais reduzido de competidores (entre 40 e 48), num conceito de participações de propriedade para 10-12 jogadores que seriam os capitães de cada formação de quatro homens. 

Quando a ameaça de um novo circuito global surgiu em 2020, o comissário do PGA Tour, Jay Monahan, enviou uma mensagem clara aos seus membros, mensagem essa reiterada esta semana no Quail Hollow Club, em Charlotte, na Carolina do Norte, onde de hoje a domingo decorre o Wells Fargo Championship: qualquer jogador que entrar na Superliga do Golfe enfrentará a suspensão imediata e uma provável expulsão definitiva do Tour, terá garantido numa reunião do Players Advisory Council (Conselho Consultivo de Jogadores). 

Monahan reconheceu que a nova liga representa uma ameaça competitiva e que o PGA Tour está ciente de que os responsáveis pelo novo circuito proposto têm andado a sondar e a tentar recrutar muitos dos seus melhores jogadores do jogo nas últimas semanas na Flórida. Também repetiu a promessa de proteger o Tour e seus jogadores e patrocinadores. 

Há menos de duas semanas, a Golfweek noticiou que o PGA Tour lançara este ano o Player Impact Program (Programa de Impacto do Jogador), visto, precisamente, como uma resposta à Premier Golf League. Trata-se de uma lucrativa estrutura de bónus que recompensará as suas maiores estrelas de acordo com o seu desempenho fora do campo, nomeadamente a capacidade de impulsionar o envolvimento dos adeptos da modalidade e patrocinadores, com base na sua “Pontuação de impacto”, um número gerado a partir de várias métricas separadas que são projetadas para quantificar o valor agregado de cada indivíduo. 

A verba ascende aos 40 milhões de dólares e será distribuída pelos 10 jogadores mais mediáticos, cabendo ao primeiro 8 milhões – os prémios para os restantes nove não estão definidos. 

Estrela de primeira grandeza, o norte-irlandês Rory McIlroy é também o chairman do Players Advisory Council do PGA Tour e, tal como o ano passado, rejeitou a ideia da Super Golf League. “Vejam, eles entraram em contacto comigo, pela primeira vez, em 2014. Pode ser que a fonte do dinheiro ou os responsáveis tenham mudado, mas não aconteceu nada. Nenhum acordo de patrocínio, nenhum acordo de media, nenhum jogador se inscreveu. Houve tantas iterações neste ponto.” 

E acrescentou: “Voltemos à Superliga Europeia de futebol… As pessoas podem ver o que realmente é, uma forma de agarrar dinheiro. O que é bom, se estiveres a jogar golfe para ganhar o máximo de dinheiro possível. Nada contra, então vão e façam isso, se vos fizer feliz. Mas eu acho que os melhores jogadores do golfe, e estou apenas falando nas minhas próprias crenças pessoais, querem cimentar o seu lugar na história, deixar um legado de conquista de campeonatos importantes e nos maiores torneios do mundo. É por isso que eu jogo golfe.” 

O director-executivo European Tour, Keith Pelley, também se manifestou contra a Superliga, o que não é grande surpresa, dado que o seu circuito e o PGA Tour anunciaram uma “aliança estratégica” no ano passado. “Estamos alinhados com o PGA Tour na oposição, nos termos mais fortes possíveis, a qualquer proposta de uma liga de golfe alternativa”, disse em comunicado. 

O Royal & Ancient Golf Club of St. Andrews e a USGA (United States Golf Association), as duas entidades que regulamentam o golfe a nível mundial, e que além disso organizam, respectivamente, o The Open Championship, e o Open dos EUA, dois dos quatro majors do golfe, foram um pouco mais reservados. 

“A USGA está muito orgulhosa da sua parceria de longa data com o PGA Tour”, disse o presidente-executivo da USGA, Mike Davis. “Apreciamos muito tudo o que o Tour faz para criar uma plataforma global para os jogadores de elite do jogo e que o apresenta a milhões de fãs em todo o mundo.” 

A resposta do R&A foi: “Temos um relacionamento profundo com Tours e apoiamo-los. Não podemos fazer mais comentários até sabermos mais sobre o assunto. 

Da parte do Augusta National Golf Club, palco do único major que se joga sempre no mesmo palco, o Masters, manifestou-se em comunicado: “O PGA Tour e o European Tour têm servido, cada um, o jogo global de golfe com honra e distinção. Como tem feito por muitas décadas, o Masters Tournament apoia orgulhosamente ambas as organizações na sua busca por promover o golfe e os melhores jogadores do mundo.” 

O Official World Golf Ranking, elemento crucial para que qualquer jogador possa considerar uma mudança para a Super League Golf, declinou comentários sobre assuntos fora do ranking, mas a PGA of America, organizadora do US PGA Championship (o quarto major) e responsável pelo lado americano da Ryder Cup, escolheu um lado: “Apoiamos totalmente o PGA Tour e o European Tour no que diz respeito ao actual ecossistema do jogo profissional. Acreditamos fortemente que a estrutura actual é altamente funcional e no melhor interesse de longo prazo do jogo”, disse o CEO da PGA, Seth Waugh, em comunicado.