Manuel Batista, diretor-técnico de golfe do Pine Cliffs Resort, elogia campeã nacional
Manuel Batista, de 55 anos, é o diretor-técnico de golfe do Pine Cliffs Resort, a infraestrutura turística de 5 estrelas, repleta de belas villas e apartamentos, onde se situa também o renovado Sheraton Algarve.
Foi o desenho do arquiteto Martin Hawtree aos 9 buracos do campo de golfe do Pine Cliffs que me levou ao Algarve. Ouvira falar muitas vezes deste percurso de vistas oceânicas sobre a praia da falésia, no concelho de Albufeira, e desta vez fiz mesmo questão de jogar duas vezes no campo, a primeira sozinho e na segunda acompanhado do diretor da Federação Portuguesa de Golfe, Nuno Mimoso.
Noutro artigo terei oportunidade de falar do campo mas aproveitei a ocasião para conversar um pouco com Manuel Batista, um conceituado e histórico profissional de golfe, dedicado ao ensino, embora, esporadicamente o veja a competir no PGA Portugal Tour, dado ser, há muito, sócio da PGA de Portugal.
Manuel Batista entrega prémio do "Pine Cliffs Winner's Cup 2015" a Tiago Abreu / © D.R.
HUGO RIBEIRO – Desde que escrevo sobre golfe que te vejo no Pine Cliffs. Estás aqui seguramente há muito tempo.
MANUEL BATISTA – Estou aqui desde 1997 e já faço parte dos móveis. Mas desde que isto abriu, em 1992, comecei a utilizar as instalações do Pine Cliffs. Fui um dos primeiros profissionais a trazer clientes para aqui porque na altura estava no Balaia Village, no Club Med, eles não tinham campo de golfe nem de treino. Em 1997 pediram-me para ficar cá, contrataram-me e aqui estou.
É curioso porque, entretanto, há um campo na Balaia e há algumas semelhanças.
Os nossos buracos são um pouco mais compridos. Não podemos comparar com um verdadeiro campo de 18 buracos porque só temos 9, mas temos buracos muito interessantes como o n.º 6 que é um dos mais famosos da Europa e é um campo com uma localização lindíssima.
Já alguma vez tentaste traduzir para os teus clientes portugueses o nome do buraco 6, Devil’s Parlour?
Sim, há quem me pergunte mas então que nome é esse, e eu digo-lhes que compreendemos bem quando estamos no tee e queremos jogar para o green, especialmente quando há vento como hoje. Aí compreendem logo (risos).
Apreciei no campo o facto de, mesmo para um mau jogador como eu, jogar-se bem em uma hora. E se for preciso esperar, por termos algum grupo à frente não demoramos mais de hora e meia.
Exatamente. Os greens estão muito próximos dos tees seguintes, as pessoas não andam muito, o que faz com que o campo seja rápido.
Ele tem algum relevo, porque sobe-se um pouco e depois no buraco 7 começa-se a descer, mas não é nada de muito significativo…
… sim, temos o 5 que é preciso subir para o tee, sobretudo quando se sai das brancas. Aí gozamos de uma vista panorâmica lindíssima para o hotel, para o mar e esse é o tee mais elevado. Depois no 7 já se começa a descer…
Mas deu-me ideia de que mesmo para jogadores mais idosos é um campo que se faz muito bem a pé.
E é por esse facto que não temos buggies. Este campo é feito para se andar a pé e só com certificado médico é que alugamos os buggies. Mas faz-se bem a pé, não é cansativo.
Que tipo de clientela tens no golfe?
Este resort atrai de tudo. O Pine Cliffs, o Sheraton Algarve, chega aos holandeses, alemães, ingleses, portugueses, em certas alturas do ano muitos espanhóis, finlandeses, aliás, os europeus do norte gostam muito do Pine Cliffs, porque temos tudo concentrado, com a academia, o campo de golfe, o ténis, as demais atividades num resort pequeno em que não precisam de andar de automóvel. Isso é muito apreciado e depois voltam.
E notas alguma sazonalidade? Há picos?
Os alemães e os ingleses vêm praticamente todo o ano. No verão é que está muito calor para eles e preferem ficar na terra deles. Mas depois em setembro, quando o tempo começa a ficar ruim nos seus países eles vêm para cá passar o inverno inteiro devido ao clima algarvio. Mas mesmo no verão temos muitos jogadores de golfe e é nessa altura que vêm mais os portugueses, franceses, italianos, uma clientela diferente.
Para que funções és mais solicitado? Aulas individuais, em grupo, organização de eventos?
Tenho de fazer um pouco de tudo. Sou o Head Pro, sou diretor de golfe da área operacional, faço tudo o que é aconselhamento de campo conjuntamente com o greenkeeper, quando há clínicas ou lições individuais chamo os meus colegas, mas dou mais aulas individuais. São os pedidos mais frequentes que tenho. A maioria dos clientes fica alojada no hotel ou nos apartamentos. Mas há também clientes que vêm de outros hotéis, porque há muitos anos ensino aqui e não indo eu lá, onde estão, vêm eles aqui para treinar comigo.
E dás mais aulas de campo ou no driving range?
Nos dois lados. Às vezes pedem-me uma lição no campo, mas eu gosto que eles estejam uma hora na academia, para ver o que fazem, porque é sempre difícil mudar seja lá o que for num campo de golfe. Portanto, começamos na academia e depois vou para o campo.
Qual a importância da clientela que tem casa no resort e periodicamente regressa?
Os proprietários dos apartamentos e vivendas estão cá grande parte do ano. Talvez no mês de janeiro haja menos, mas a partir do Carnaval começam a vir e depois ficam cá. Esses, no final de tantos anos, já não são clientes, são amigos.
Os teus clientes têm, naturalmente, um forte poder económico, porque este resort não é para todos.
São clientes com um poder económico elevado, este é um resort de 5 estrelas e isso vê-se, por exemplo, em clientes que estão aqui duas semanas e marcam-me uma hora ou duas todos os dias. Querem aprender, querem melhorar, querem baixar o handicap e nós estamos aqui para isso.
Que profissionais de golfe tens a ajudar-te no Pine Cliffs?
Eu, a Mónia Bernardo e o Miguel Boavida que agora está também a começar. O Miguel ainda não é profissional da PGA de Portugal, mas sim via curso de treinadores da Federação Portuguesa de Golfe. Passou o 3º nível este ano, portanto, já pode começar a ensinar e depois um dia passará à PGA de Portugal. No meu caso, o meu primeiro diploma de monitor de golfe foi na Escola Federal Francesa. Quando eu estava em África não havia nenhuma federação e fazíamos todos parte da FFG e fui a França para passar o meu primeiro exame como profissional. Depois, da PGA de Portugal, fiz o 2.º e o 3.º nível, porque o 1º tinha de França. A Mónia também tem o 3.º nível.
Sentes que é importante para a equipa que diriges a Mónia querer continuar a competir de vez em quando e ter uma certa posição no circuito?
É porque funciona como uma mais-valia. As pessoas veem-na no circuito, a jogar, percebem que tem experiência de jogo, de aconselhamento, de inovação porque está a par de novas técnicas. É bom ela ter uma experiência diferente da que nós temos só em Portugal e creio que ela competir em circuitos internacionais ajuda-a depois no ensino.
Há clientes que sabem que ela ganhou o Campeonato Nacional por três vezes?
Sim, sabem. Noutras vezes eu mesmo lhes digo e é interessante como lhe dão valor por isso.
Mónia Bernardo quando se sagrou campeã nacional em Agosto de 2013 / © D.R.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.