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“Vamos ter o campo mais longo do país”
28/02/2017 11:39 Rodrigo Cordoeiro
Jorge Papa, junto ao troféu da prova, na conferência de imprensa de apresentação do Open de Portugal realizada na passada quinta-feira num dos hotéis da NAU em Lisboa / © Ramiro de Jesus

Jorge Papa, director do Morgado Golf, prepara palco do Open de Portugal

Para receber o Open de Portugal nos próximos três anos, a começar pela sua 55.ª edição, de 11 a 14 de Maio, o campo do Morgado – um dos dois que fazem parte do Morgado Golf & Country Club, em Portimão, do Grupo NAU Hotels & Resorts – vai crescer em quase 500 metros. A introdução de novos tees começou a ser feita ainda antes da primeira visita do European Tour e vai torná-lo o maior do país. Jorge Papa, director de golfe do resort, conta como tudo está a ser preparado. 

GOLFTATTOO – Presumo que estes dias estejam a ser mais atarefados do que habitualmente para ti e a tua equipa… 

JORGE PAPA – É fruto do trabalho que um torneio deste tipo exige. Estamos a preparar o campo em cima da hora, temos muito pouco tempo e estamos com muito trabalho. Estamos todos atarefados mas super-motivados também. Ainda ontem tivemos cá o director do torneio, Miguel Vidaor, e o agrónomo do European Tour, Scott McLean, para uma reunião de planificação. As coisas básicas de um torneio – alguns pormenores no campo, o parque de estacionamento, os lounges, etc. 

Que trabalhos é que estão a ser feitos? Quais foram as primeiras impressões dos responsáveis do European Tour, enfim, que tipo de upgrade é que foi preciso fazer no campo para poder receber o Open de Portugal? 

O dr. Mário Ferreira [CEO da NAU] e eu já tínhamos falado sobre o aumento do comprimento do campo, e quando os responsáveis do European Tour nos fizeram uma primeira visita, em meados de Janeiro, os trabalhos já estavam iniciados – e eles acharam que estavam bem e não disseram praticamente nada sobre o set up. Portanto mantiveram tudo o que estava a ser feito e pouco mais. gostaram do que viram, estão positivos, optimistas. 

© Ramiro de Jesus

Em quantos metros aumenta o campo e como? 

Estes novos tees conferem ao Morgado não só mais comprimento, como maior equilíbrio. O campo tinha 6.399 metros, vai ficar com mais ou menos 6.850m, ainda não tenho as medidas oficiais. Acho que vai ser o campo mais comprido do país. Antes, o Morgado era um campo com buracos de par-3 compridos, alguns par-5 exigentes e muitos par-4 curtos, na ordem dos 320 ou 330m – um deles tinha até apenas 280m. O que se fez foi selecionar os buracos mais curtos e dar-lhes mais distância e dificuldade.

O Miguel Vidaor gostou muito, qualquer torneio gosta de ter vários tees de saídas com que trabalhar e em função das condições poder alterar o campo todo.

Outro factor de dificuldade serão as envolventes dos greens, nomeadamente os colares: vão ser cortados rentes, criando dificuldades adicionais. Se se falha o green, a bola sai fora. Claro que a definição do campo, que está a começar a ser feita agora sujeita-se a eventuais alterações, não é imposta nem é fixa. 

Quais foram as impressões dos jogadores do Algarve Pro Golf Tour que lá jogaram recentemente dois torneios? 

Gostaram, gostaram principalmente dos greens. Infelizmente o tempo não ajudou, mas os greens portaram-se às mil maravilhas, estiveram impecáveis, drenaram sempre, aguentaram a água. E mantendo uma característica difícil nessas condições, a de rolarem muito bem e a uma velocidade razoável. 

Como definirias o campo para quem não o conhece, e o que o distingue do vizinho Álamos? 

São dois campos completamente diferentes. O Morgado é um campo generoso nas áreas, em que a dificuldade reside de facto no comprimento, nos obstáculos de areia, que estão estrategicamente colocados, e também no vento, que pode definir uma volta abaixo do par ou, inversamente, acima do par – as  condições climatéricas adversas exercem muito peso. Os Álamos é um campo com uma envolvência muito bonita, mas completamente diferente – mais curto, com green ondulados, muito estreito nos fairways – é um campo onde a selecção de tacos é o mais importante. 

Qual é o buraco ex-libris do Open? 

Na minha opinião o 18 (par-5), que aliás é o signature hole do arquitecto do campo, mas o 3 (outro par-5) também é conhecido pela sua dificuldade. O 18 está muito bem protegido por bunkers e exige uma saída e um segundo shot precisos, porque o green, embora longo, é estreito, não deixando muita profundidade para trabalhar. O 3 tem água em jogo e fora-de-limites, exige igualmente um segundo shot preciso para um green muito difícil. Normalmente é onde acontecem os duplos bogeys, e agora com os novos tees vai ficar ainda mais complicados. 

Perspectiva do campo com o buraco 18 em grande plano / © D.R.

Porquê o Morgado e não os Álamos como palco da prova? 

O Morgado é claramente o championship course. O comprimento é um factor decisivo para a escolha de um campo para um torneio deste tipo, e os Álamos não tem comprimento suficiente, e dificilmente teria mesmo acrescentando alguns tees, embora se possa tornar um campo mais complicado com greens a correr rapidamente. 

Houve resultados  baixos nos dois torneios do Algarve Pro Golf Tour no Morgado, com Pedro Figueiredo a ganhar com -10 em 36 buracos e Tiago Cruz com -13. São esses resultados que vamos encontrar? 

Eu espero que o campo fique mais difícil, é a minha expectativa, mas para o Open de Portugal estamos a falar de noutro nivel de jogadores, portanto é natural que tenhamos bons resultados. 

Quantas pessoas estão envolvidas na operação do golfe no complexo? 

Só na manutenção somos 24. Sou o responsável pela parte da manutenção, mas tenho um chefe de manutenção, que é o Sérgio, que no fundo orienta a operação do dia a dia, cabendo-me a mim a supervisão. 

Foi preciso reforçar as equipas para o Open de Portugal? 

Com algum trabalho temporário. Os tees estão a ser feito por uma empresa de fora, com nossa fiscalização. 

Como está a correr a operação de golfe em termos de números nos dois campos do Morgado Golf Resort? 

Muito bem. Temos tido um crescimento sempre sustentado. Desde que o Fundo ECS tomou conta dos campos e que pertencemos ao universo NAU, o crescimento tem sido sempre constante. Têm-se feito investimentos no campo. O dr. Mário Ferreira é golfista e percebe a temática do golfe, o que é uma vantagem. Temos feito investimentos ao nível de máquinas e maquinaria, e mesmo ao nível de recrutamento temos tido mais gente. E isso reflecte-se nas voltas, foram à volta de 56 mil voltas em 2016, agora esperamos 60 mil para 2017. 

O Open de Portugal no Morgado Resort vai contribuir para esse aumento… 

É obviamente uma ferramenta que irá dar retorno, disso não tenho dúvida nenhuma. Inclusivamente, já está a dar. Desde que se fala que o Open de Portugal vai ser no Morgado, que muitas pessoas têm procurado o campo.