Olhei-a acidentalmente, numa primeira vez. Estava com ar esplendoroso, moderno, apelativo
Foi arrebatador e fulminante!
E logo eu, que era céptico, que não acreditava na magia do primeiro encontro, na fatalidade do primeiro olhar.
Olhei-a acidentalmente, numa primeira vez. Estava com um ar esplendoroso, moderno, apelativo. Procurei várias vezes que aquele olhar fosse o último, pois o meu semblante era já de pura admiração, quase siderado, porque tinha cada vez mais dificuldade em ignorar a sua presença.
Era mais forte do que eu. Ultrapassava os limites e os princípios que havia imposto a mim mesmo, obrigando-me a um grande esforço, para não violentar a minha consciência.
Senti-me tonto, ao constatar que o meu olhar obsessivo, era observado por todos os que me rodeavam, que estava muito próximo de parecer um qualquer pateta hipnotizado.
Nunca me tinha acontecido, juro, foi a primeira vez, pois, com mais ou menos esforço, sempre consegui controlar o impulso do primeiro olhar.
A custo, desviei os olhos, virei costas, saí dali e apressei o passo, porque já me conheço: sou um Gémeos impulsivo e imprevisível.
Confesso que, enquanto caminhava, ofegante, me desviava dali, havia uma força que me puxava para trás, como naqueles sonhos em que queremos andar e não conseguimos. Receei a minha fraqueza, tive medo de pecar, logo ali, à primeira vista, sem a conhecer minimamente, sendo arrastado apenas pelo seu aspecto, belo, sedutor, com uma espécie de auréola, parecendo brilhar, ofuscando tudo à sua volta.
Procurei ser racional, resistir ao apelo interno, atribuir a fraqueza ao espírito natalício, mas sabia que era uma questão de tempo, pois ficara “apanhado” de tal maneira, que voltar ali era quase inevitável.
Apelei à mais profunda da minha capacidade de resistência, tive momentos, muitos, em que estava mas não estava, o meu pensamento voava sempre para aquele local, por muito esforço que fizesse, por muito que tentasse concentrar-me e não pensar nela. Adivinhava o desfecho, pois paixão e emoção fazem uma mistura terrível, quase impossível de controlar, levando-nos a agir de forma irracional, arrastando-nos para o lado contrário do bom senso, manietando tudo o que entendemos como razoável, contrariando juras e promessas, retiros introspectivos e de auto mentalização.
Apesar do apelo que fiz a toda a minha capacidade de resistência, não resisti! Fraquejei como um adolescente em busca da personalidade, voltei lá de novo e…comprei aquela madeira 3 que, apesar de moderna e tecnologicamente avançada, nem me estava a fazer muita falta, pois não acredito que vá acrescentar metros à minha distância nem melhorar a qualidade do meu swing.