O acesso ao golfe é hoje mais transversal mas subsistem problemas
Sabemos que o golfe não cresce ao ritmo de outros países, e temos consciência que o nosso país é pequeno, e sofre de um passado “golfístico” muito rico, mas de certa forma estrangulador. Um passado que data de 1890 e durante o qual o elitismo sempre teve uma palavra a dizer.
Prioridades como a inclusão no desporto escolar, acesso a academias ou recintos de treino públicos pouco estiveram na linha da frente, e o golfe não era considerado mais um desporto, ou uma atividade a ser praticada por todos.
Felizmente, hoje em dia, o acesso é mais transversal, e praticamente já pouco nos podemos queixar das condições para competir, praticar, embora existam situações por resolver. Assistimos diariamente a tee times desperdiçados, nunca vendidos, e que precisam de alguém para os preencher. É um assunto pertinente, já que esse tee time poderia ter sido ocupado por um valor residual, mas vamos deixar este tema para uma próxima oportunidade.
Atrevo-me a replicar o título, acrescentando a palavra “provável”, dado que as soluções idealizadas não são uma ciência exata, mas antes uma vontade concreta, baseada em modelos estrangeiros, onde se colhem frutos reais.
Acredito que exemplos como o campo do Jamor, o Oeiras Golf, City Golf e a Quinta do Fojo, entre outros, representem soluções para o futuro, dadas as suas características quase ideais, como a proximidade do centro das cidades, o baixo preço, o profissionalismo e um acesso sem restrições, essenciais para atrair mais interessados e contribuir para o aumento de jogadores.
Agora, quando se pensa em réplica, não devemos esquecer a importância que uma academia profissionalizada poderá ter, e talvez privilegiar as áreas de driving range, zonas de jogo curto, putting green, em detrimento de um campo, que, na minha opinião, deve existir como um pequeno complemento, com poucos buracos, apenas para ajudar a dar o primeiro passo.
Os campos ou complexos mais pequenos criam mais valor, têm custos de manutenção baixos, preenchem as necessidades do praticante com ofertas a custos mais reduzidos e chamam mais gente. Não faz muito sentido que um balde de bolas seja mais caro num campo que numa academia, quando o primeiro precisa de cativar mais praticantes. Se um tee time ou um balde de bolas não é vendido num determinado momento pelo preço praticado, perde-se uma oportunidade.
O golfe português precisa de combater o problema cultural que o prejudica replicando modelos de complexos desportivos que ajudem a massificar o desporto, e deixar de parte alguns projetos de construção de novos championships courses, que têm encontrado muitas dificuldades de sobrevivência.
A modalidade claramente não beneficiou das bases que vigoraram no nosso país durante muito tempo, e por isso devemos tirar o máximo partido de alguns dos agentes que mais se identificam como o futuro angariador do desporto, e mostrar ao público em geral que o Golfe é fantástico e pode ser praticado até ao fim da vida, mas, que é apenas mais um desporto.
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Director do ACP Golfe