AcyMailing Module

Posts
> Home / Posts
Todos queremos ser o Tiger Woods
Crónica
11/03/2015 12:07 Miguel Teixeira Bastos

Por todo o país os jogadores de handicap médio-alto portam-se como autênticos profissionais

Quem assistir à maior parte dos torneios amadores em Portugal e perceber pouco de golfe, deve achar que todos os jogadores são quase profissionais.

Basta andarmos por qualquer campo do Norte ao Sul do País (imagino que nos Açores e na Madeira se passe o mesmo) todos os sábados e domingos, para ficarmos com a percepção de que se está a jogar o Campeonato do Mundo e não a tradicional prova do respectivo Clube.

Os jogadores de handicap médio-alto portam-se como profissionais, apontando a bola em cada shot, medindo a distância quase ao milímetro, medindo o vento quando é impossível não ter ainda percebido de que lado sopra, vendo a linha de putt de todas as direcções possíveis, etc, etc. Exageram tanto que até fazem mais ponderações do que os próprios profissionais!

Mais ainda, os golfistas, na sua maior parte, não conseguem segregar os torneios em que se devem inscrever ou não, não discorrendo porque não devem jogar certos torneios dependendo da modalidade em que são jogados, porque querem tentar mostrar que são capazes de jogar as modalidades mais complicadas, nos campos mais difíceis.

Não podemos todos querer ser o Tiger de 2000 ou o Rory de 2014, jogar sempre abaixo, ficarmos chateados por errarmos a distância ou a direcção por 2 metros, ou por não acertarmos todos os fairways, ou por fazermos 1 green a 3 putts

Aquilo que vemos na Sport TV todos os fins-de-semana é quase inatingível para a maioria de nós, é produto de um sem-fim de horas de treino golfístico, mental e físico. O Jiménez não passa os dias a fumar charutos e a beber rioja!

Quem analisar as estatísticas dos principais circuitos profissionais verifica que contêm parâmetros irreais para o comum dos golfistas.

Toda esta rotina do super-profissional faz com que se gaste muito mais tempo do que é suposto numa volta de golfe. Irrita os parceiros de jogo, os outros jogadores do torneio e até aqueles que não estão a jogar o torneio e estão tentar jogar os seus 18 ou 9 buracos do fim-de-semana.

O que temos é que jogar o nosso Golfe, apostar um fino (uma imperial abaixo do Mondego) ou uma Pro V1, jogar o número de buracos que tenhamos tempo para (sejam 18, 9 ou até 6), ou uma volta no pitch & putt, ou um balde de bolas no driving range, porque o importante é jogarmos golfe

A especialização, a do plus ou 0 de handicaps, vai sempre existir. Mas isso não sustenta o nosso querido desporto. É preciso mais, sem preconceitos, mas com a consciência de saber onde “cabemos”, onde podemos dar o nosso contributo. 

Vamos a isso!

______________________________________________

Jogador do Oporto Golf Club, handicap 3

  • Comentários