Pequeno contributo para uma abordagem de uma proatividade colaborativa
O atual estado do golfe tem sido uma questão bastante discutida a nível internacional e nacional.
Socorrendo-me dos excelentes dados publicados pela Alexandra Betâmio Almeida em diversos grupos do Facebook constato que:
Analisando estes dados, o estado do golfe português não diverge muito do da Europa, sendo de salientar que em termos de crescimento e manutenção de jogadores, Portugal tem apresentando melhores resultados.
Isto são percentagens, estatísticas, que não refletem o número efetivo de praticantes. Mas são uma boa forma de análise porque, analisando-as e integrando-as na cultura social e desportiva do nosso país, temos demonstrado conseguir manter o número de filiados e até crescer.
Claro que a pretensão de todos nós interessados no golfe é que os valores percentuais passem a ter uma correspondência numérica.
É nesse sentido que eu escrevo e denomino este escrito como pequeno contributo, pois a relevância da matéria, a sua vastidão e a sua importância não poderiam ser analisados por uma única pessoa. Não sendo assim, qualquer contributo seria apenas uma forma presunçosa de abordar questões para que não estou totalmente habilitado.
Mas como amante da modalidade atrevo-me a partilhar estes meus pensamentos e preocupações.
As ideias conceptuais para a divulgação e promoção do golfe têm sido debatidas a nível mundial, porquanto quase todos os países tradicionais na modalidade têm sofrido perdas de jogadores. Por isso o atual Presidente da English Union, no seu discurso de tomada de posse assumiu essa preocupação, querendo partilhar a mesma com entidades aparentemente estranhas ao desporto, tais como universidades do domínio económico e startups.
Lendo o que muito está escrito, penso serem muitas as abordagens a nível internacional, “estando tudo inventado”.
Por isso e de modo a podermos encontrar um grande e consensual projeto de promoção e desenvolvimento do golfe português, não nos podemos alhear dos trabalhos já desenvolvidos, tal como em países como Nova Zelândia, Austrália, Canadá, Inglaterra e Irlanda, e muitos outros.
Analisando a grande maioria dessas abordagens verificamos que a generalidade assenta na iniciativa dos agentes; federações, clubes, praticantes, profissionais, empresas, etc. As instituições estaduais intervêm numa base de promoção e apoio logístico sempre num quadro de políticas de desporto pré estabelecidas.
A jeito de exemplo, posso referir que em Portugal, a FPG tem cedido equipamentos a iniciativas organizadas por clubes, como tem convidado clubes e profissionais para os seus Open Days e outras iniciativas.
Não duvido pois que existe no nosso quadro social e desportivo uma verdadeira e genuína intenção em desenvolver o desporto, pelo que não me arrepia a existência dum salutar “egoísmo” dos clubes desportivos, porquanto sabem que se não tiverem praticantes não existem razões para a sua existência, obrigando-se a tomar iniciativas necessárias à introdução de novos jogadores.
Se não existir uma proatividade dos agentes, não atuando no sentido de proporcionar mais adesões de jogadores, bem como criar condições de retenção já existentes, estes vão “fugindo”.
Sabemos que existem muitos clubes que com as suas próprias ideias de captação, formação e desenvolvimento de jogadores criam estruturas de formação devidamente contextualizadas e organizadas, lideradas por profissionais com formação e competência para esse efeito.
Sendo que ao mesmo tempo criam condições de integração dos novos praticantes no clube.
Outros “vão assobiando para o lado”, como se a perda de jogadores não se devesse a eles, mas a outrem, designadamente apontando armas à FPG.
Nenhuma instituição será perfeita a 100 por cento, e não acredito que quem faça ou tenha feito parte dos quadros da FPG não tente – ou não tenha tentado – fazer o melhor, mesmo podendo estar errado. O que não pode acontecer é querer tornar a FPG bode expiatório de projetos falhados sem qualquer ideia conceptual.
Para se vencer o referido entendo essencial que clubes e federação atuem no mesmo sentido, mas em fases diferentes.
A FPG divulgando, promovendo e defendendo o desporto e os seus agentes (veja-se o bom exemplo dos Open Days e o Drive Challenge) e os clubes criando condições de adquisição desse valor, fazendo com que os potenciais interessados se fixem no desporto.
Agora, tenho uma certeza, não será desejo de ninguém introduzir no golfe um subsídio de dependência dos clubes, em relação à FPG.
Além de mitigar fortemente a autonomia dos clubes, poderia afetar as regras de concorrência, pelo eu não vejo quadro legal para isso.
Sendo esta a minha opinião pessoal, estou certo que muitos terão uma perspetiva diferente, aceitando eu que possa ser a mais acertada.
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Advogado e golfista. Criou no Facebook o grupo "Golfe Juvenil"