Múltiplas realidades devem ser atendíveis para tornar o golfe mais apetecível
Nos últimos tempos tivemos conhecimento das intenções, por parte das entidades competentes, de alteração de algumas regras do jogo. Subjacente a essas intenções estará a necessidade de tornar mais rápido e menos complicado o jogo, ou seja, tornar a sua prática mais desejável. Comparando com alguns desportos individuais, ex. ténis e agora o popular padel, a prática do golfe na variante de 18 buracos é na verdade demorada, o que tem sido considerado como impedimento não só à adesão de novos jogadores, como também a diminuição da prática por parte dos existentes.
No entanto outras realidades existem que julgo deverem ser atendíveis para tornar o golfe mais apetecível.
As pressões na duração do tempo de trabalho têm vindo a aumentar, sendo que em muitos sectores económicos essa pressão se expressa no aumento dos períodos médios de trabalho. Atualmente, o período normal de trabalho em Portugal é de 40 horas.
Conjuntamente, outras realidades têm vindo a implementar-se, como a maior flexibilização do horário de trabalho e outros tipos de contratos de trabalho, como o contrato no domicílio.
Como consequência, a dinâmica da prática normal do desporto altera-se, podendo considerar que os hábitos dos jogadores se alteram, se adaptam às realidades laborais.
Como forma de as estruturas se adaptarem a essas novas condições julgo que a aposta em organizações mais sociais, clubhouses e ofertas desportivas no contexto social poderão ser respostas eficientes
Nesta conjuntura, penso que o aproveitamento das zonas de treino, driving ranges, a criação de circuitos de jogo curto, a aposta em pequenas provas de skills, ajudarão a criar condições de adesão de jogadores e sócios.
Outro aspeto em que o golfe pode sobressair será na sustentabilidade ambiental. Numa época em que a exploração do solo é vista numa perspetiva de confiança da manutenção do planeta para as gerações futuras, a implementação de regras de sustentabilidade ambiental promoverá uma maior integração dos campos junto das comunidades onde se inserem, trazendo um acrescentado intercâmbio.
Em conclusão, se a sociedade é dinâmica, a prática desportiva como elemento social terá de ser dinâmica. Nesse dinamismo se jogam as oportunidades.
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*Advogado e golfista. Criou no Facebook o grupo "Golfe Juvenil"
**Esta crónica foi publicada originalmente no suplemento GOLFE do jornal Público de 15 de Abril