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Miudagem
Crónica
28/12/2015 14:24 MÁRIO MARQUES PINTO

Podemos e devemos lutar para que o golfe seja mais apelativo para a juventude portuguesa

Fui há uns meses ao colégio do meu neto para o recolher após o jogo semanal de futsal. Como este estava atrasado uma boa meia hora, quedei-me a apreciar o ambiente e os jogadores. 

Petizes de 5 ou 6 anos, grande parte envergando equipamentos a demonstrar inequivocamente a filiação clubista dos pais, empenhavam-se na partida com uma intensidade que não empregariam noutras atividades escolares. Ainda muito jovens para apreenderem as subtilezas da tática de jogo, vagueavam todos-ao-molhe pelo recinto com o único intuito de chutar a bola fosse para onde fosse que estivessem virados. Por vezes falhavam o pontapé e acertavam no ar, e ocasionalmente na anatomia dos parceiros de jogo, mesmo os da própria equipa. Mas não descortinei qualquer atitude de alheamento ou desistência, mesmo dos que se reduziam a correr para não despegarem do pelotão perseguidor da bola. Alguns dos mais afoitos arrimavam-se na cerca da linha lateral para carpir lacrimejando um qualquer falhanço de que tivessem sido os protagonistas. Mais encantador foi porém o momento em que, sabe-se lá bem como, um deles enfiou a bola numa das balizas. De punho no ar e aos gritos de “golo” abraçavam-se e arrojavam-se todos (sim, das duas equipas…) para cima uns dos outros numa espontânea pirâmide de ruidosa celebração tribal. 

Os familiares alinhados ao longo das laterais do campo não se limitavam a aguardar pacientemente pelo final do jogo. Outrossim, incentivavam com gritos a descendência sempre que a bola passava ao sue alcance e com fortes aplausos os intervenientes nas jogadas mais sucedidas fossem eles familiares ou não. 

Concedo que porventura será mais fácil incutir na juventude o gosto pelo desporto através da prática de modalidades coletivas fisicamente mais dinâmicas do que o golfe. E que algumas delas, como por exemplo o futebol, gozem de uma exposição mediática que tornem essa prática inescapável à maioria da juventude. Mas podemos e devemos lutar para que o golfe lhes seja mais apelativo. 

Para começar apostando fortemente nos jovens, apoiando as escolas de golfe dos campos e clubes, v.g. inscrevendo nelas os filhos, netos, sobrinhos, etc. Depois, recomendando assertivamente que os professores e monitores não deixem passar nenhuma aula sem competições. Para testar o que precede, basta perguntar a um aluno duma escola como decorreu a última aula. Mais do que relatar correções do swing ou de técnicas de putt, o mais provável é que comunique o resultado da sua equipa no match do dia. Na mesma linha conceptual, será aconselhável a realização de torneios frequentes entre escolas vizinhas. Esta focagem pedagógica na competição, tão presente nas modalidades coletivas, não deixará de contribuir decisivamente para atrair e fixar a juventude no nosso desporto favorito. 

Por fim, e não menos importante, é imperioso que os familiares apoiem com a sua presença e o encorajamento de todos os jovens participantes nos torneios entre escolas. Ainda que venham a ocorrer atrasos durante essas provas, como aconteceu no episódio relatado na abertura desta cronica, estou convicto que os familiares e acompanhantes não se sentirão enfadados. Já o mesmo não poderei dizer quanto à esmagadora maioria dos outros atrasos da vida como engarrafamentos de trânsito ou filas de espera duma qualquer repartição de finanças!

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*Presidente da Federação Portuguesa de Golfe de 1984 a 1999

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