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Serão Faldo e Woods exemplos a seguir?
Crónica

Oiço dizer que os jogadores da alta-roda mundial devem adaptar a técnica às exigências

O primeiro torneio de golfe que reportei foi em 1992, o British Open, em Muirfield, para a extinta revista Golfe Europeu.

Lembro-me de reportagens nos jornais britânicos sobre como Nick Faldo tinha mudado o seu swing, quando já era um bom jogador, sob a batuta do guru David Leadbetter, tendo em vista os objectivos de ser n.º 1 mundial e ganhar majors. O inglês atingiu ambos os desideratos.

Desde então, oiço frequentemente a defesa da tese de que é preciso ir melhorando os gestos técnicos, adaptando-os às exigências cada vez maiores ao longo da carreira.

Tiger Woods – por razões muitas vezes diferentes, devido às múltiplas lesões nas costas e nos joelhos – é outro exemplo de alguém que operou mexidas profundas no swing, designadamente com os treinadores Butch Harmon e Hank Haney.

Lembrei-me disto quando o jornal Record desafiou-me a solicitar conselhos aos portugueses que já actuaram no European Tour, antes do Ricardo Melo Gouveia (RMG) iniciar o seu primeiro ano como membro efectivo da primeira divisão europeia.

Não falei com Daniel Silva, há anos emigrado no Canadá, mas houve uma significativa coincidência nas “dicas” de Filipe Lima e Ricardo Santos, que andaram, respectivamente, sete e quatro épocas no Tour.

“Ele que faça-me o favor de não mudar nada. Que a cabeça fique igual e com o mesmo swing. Todos fazem o mesmo erro, sobretudo os jovens que sobem ao European Tour – fazem coisas diferentes para serem melhores”, disse Lima.

“Está no auge da sua carreira e só posso dizer para continuar assim, para evitar colocar coisas na cabeça que não fazem falta nenhuma quando tem a confiança a 100 por cento. Só tem de manter o que tem feito”, acrescentou Santos.

David Silva, irmão de Daniel, lembra-se de que “ele não mudou o swing quando acedeu ao Tour. Eu ajudava o Daniel tecnicamente até essa altura, mas depois tentou melhorar algumas coisas com outros treinadores”.

David, treinador na Finlândia, tem uma visão do desafio que enfrenta RMG: “O Challenge Tour e o European Tour são diferentes. Há jogadores que conseguem bons resultados no Challenge e depois não têm sucesso no Tour. Os campos são mais difíceis, os fairways mais estreitos, os roughs mais altos, os greens mais firmes, as bandeiras mais complicadas. Se tecnicamente há deficiências no jogo comprido não há hipótese de sucesso. Há dados que provam isso. O tee-shot tornou-se crucial para boas aproximações ao buraco em posições favoráveis no fairway. Ser-se só bom no jogo curto já não chega!».

RMG tem no drive o seu ponto forte e o seu treinador, David Llewelyn, não é adepto de grandes mudanças de swing, como se tem visto com o trabalho que tem feito com Pedro Figueiredo. É pouco provável que vejamos mudanças na técnica de RMG em 2016.

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*Comentador de ténis e golfe no Eurosport

**Esta crónica foi publicada inicialmente no caderno GOLFE do jornal Público, dia 30 de Janeiro.

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