E se cada federado tentasse criar um jogador por ano?
Neste momento a viver em Manhattan, NYC, deparo-me com uma realidade muito diferente da que estava habituado. Embora os hotéis desta cidade estejam constantemente cheios, muitos com taxas de ocupação media anuais de 90 por cento, o turismo de golfe é inexistente, os campos são na maioria privados e os que aceitam visitantes são “alimentados” por jogadores locais.
Em Portugal, que conta com aproximadamente 80 campos de golfe, na sua maioria localizados no Algarve, assistíamos até há relativamente pouco tempo a 3 estratégias de promoção muito distintas:
No norte, onde espírito de clube é sempre uma realidade muito presente, os campos estavam essencialmente focados nos jogadores locais.
O centro, apostava numa estratégia mais híbrida, chamando a sócios os jogadores que pagavam um green fee anual, e também a promover os seus campos junto de operadores estrangeiros por forma a aumentar as suas receitas.
O sul, onde os campos estavam e estão focados essencialmente no mercado internacional, é claramente o destino que mais sucesso tem além-fronteiras (não posso deixar de referir os excelente trabalho que o CG Vilamoura tem feito no que diz respeito a formação de jovens talentos mas neste texto estou a falar das 3 regiões de um ponto de vista geral).
As estratégias comerciais do centro e norte têm vindo a alterar-se.
O centro está cada vez mais a impor-se no panorama internacional como um destino de golfe fantástico, pois concilia já um vasto leque de campos com muita qualidade e também programas culturais alternativos de grande interesse (Lisboa, Sintra, Cascais, Óbidos ....)
No norte, muito impulsionado com a renovação do paradisíaco Vidago Palace, estamos a começar a assistir a promoção feita para mais mercados que apenas Espanha, e o evento do European Senior Tour que lá se vai realizar esta semana vem reafirmar isso mesmo.
Começam assim a não haver argumentos para Portugal não se unir e não se promover internacionalmente como um todo, e com isso gastar menos e melhor. Temos um clima fantástico, campos de grande qualidade, hotéis para todos os gostos, uma gastronomia inesquecível, e não nos podemos esquecer de outra grande qualidade que temos, somos um povo muito simpático e que gosta de receber.
Não podemos no entanto desfocarmo-nos do mercado interno, porque sem os jogadores nacionais os campos não existem, e por isso volto desafiar cada federado a tentar criar um jogador por ano, um desafio acessível mas cujo impacto seria enorme. Vamos apontar menos dedos à Federação Portuguesa de Golfe e vamos contribuir nós mesmos.
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Antigo golfista das selecções nacionais; ex-director de golfe do Belas Clube de Campo