Não considero um retrocesso o já não termos jogadores a tempo inteiro no European Tour
Temos assistido a uma evolução muito grande no nível de golfe jogado pelos atletas nacionais que representam as nossas selecções amadoras. Nos últimos 10 anos os resultados têm vindo a ser mais consistentes, jogadores como o Ricardo Santos, Tiago Cruz, Pedro Figueiredo, Ricardo Melo Gouveia, João Carlota, Gonçalo Pinto... fazem-nos acreditar que ter jogadores profissionais a jogar nos principais tours mundiais (European Tour e PGA Tour) é uma realidade cada vez mais próxima.
Enquanto isso não acontece, os jogadores que estão envolvidos nesta transição têm tido um trabalho difícil, jogam com mais pressão, com muitos olhos atentos ao seu desempenho, o que pode ajudar em momentos de glória, mas também pode prejudicar nos momentos menos bons. Isso foi notório nos últimos meses desta época de Ricardo Santos.
Se num país com vários jogadores no tour a imprensa tem sempre um jogador numa boa fase para escrever, em Portugal a imprensa só se pode focar em 2/ 3 jogadores, e nem sempre é fácil de gerir.
Acredito, no entanto, que a trabalhar com equipas cada vez mais profissionalizadas, com muito trabalho psicológico – que é fundamental para enfrentar a esgotante tarefa de jogar sobre pressão durante 4, 5 horas – e com o trabalho desenvolvido entre a Federação Portuguesa de Golfe e a PGA Portugal, que o golfe nacional dará esse salto.
Temos jovens com muito talento, mas, nesta profissão, o talento não basta.
Em 2015 não temos um jogador a tempo inteiro no European Tour, mas não considero que tenhamos dado um passo atrás. Acredito que 2015 vai ajudar jogadores como o Ricardo Melo Gouveia e Pedro Figueiredo a ficarem mais maduros, vai ajudar o Ricardo Santos a limar as coisas que este ano correram menos bem, vai ajudar João Carlota, Gonçalo Pinto e Tiago Cruz a darem passos importantes no sentido de conseguirem em acesso a um circuito que lhes permita competir e ganhar ritmo.
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Antigo golfista das selecções nacionais; ex-director de golfe do Belas Clube de Campo; actualmente a residir em Nova Iorque