Parece de loucos, sim, eu sei, mas precisamos de mais campos de golfe, para competir com outros mercados
Após 10 anos de crise, período em que nenhum campo de golfe foi construído, tendo, inclusive, fechado alguns, com a recente abertura do West Cliffs (Óbidos) em 2017 e as recentes noticias que dão conta da abertura ainda este ano de um novo campo em Loulé, o Quinta da Ombria, desenhado pelo arquiteto português Jorge Santana da Silva, e do início da construção do segundo campo em Monte Rei (Sul), com a assinatura de Jack Nicklaus, são, sem dúvida, boas noticias para o golfe nacional e para o turismo em Portugal.
E esse é o tema da minha crónica: precisamos de mais campos de golfe em Portugal. Parece de loucos, sim, eu sei, mas precisamos mesmo, para competir com outros mercados, para sermos mais atrativos, para termos mais razões para nos visitarem. O turista de golfe gosta de conhecer locais novos. Tal como na neve, onde os esquiadores procuram novas estâncias, novos destinos, em Portugal também precisamos de novas atrações turísticas para aumentar o número de dias de cada estadia.
E não é só campos de golfe, devemos também investir em espaços e momentos culturais . São sempre um bom investimento. Vejam os números de visitantes que o Palácio da Ajuda tinha antes e depois da exposição da Joana Vasconcelos: aumentaram 10 vezes mais. O mesmo se passa este ano no Porto em Serralves para a exposição da mesma artista. Mais museus, mais coleções, mais atrações, precisam-se, são sempre um bom investimento. Investir para crescer culturalmente é um investimento garantido!
Não precisamos de aumentar o numero de turistas, mas sim de aumentar a receita por turista. E o turista de golfe é conhecido por gastar mais que um turista normal. São cerca de 400.000 turistas que jogam golfe em Portugal por ano e que ficam entre 5 a 7 dias. O turismo residencial também pode ajudar a que estes projetos tenham sustentabilidade, com os “reformados europeus” que procuram uma segunda casa.
Também já passámos no teste da qualidade dos nosso campos, do desenho dos mesmos e da sua manutenção irrepreensível, tudo isto aliado à nossa gastronomia, à nossa cultura (que não se fabrica), à segurança, ao clima excecional que temos e à simpatia especial para com os estrangeiros, temos tudo para dar certo.
Falharam os projetos na Comporta, e tantos outros ficaram pelo caminho, mas o Alentejo (encabeçado pelo fantástico campo de Tróia) podia ser um dos novos destinos com mais 4 ou 5 campos. No Algarve ainda podemos ter mais campos e mesmo a região de Lisboa, apesar da falta de jogadores nacionais, podia ter mais campos. Não podemos é ter demasiada burocracia, dificuldades nas aprovações dos projetos, precisamos é de maior agilidade nos licenciamentos.
Um campo de golfe equivale a um museu com 250.000 visitantes por ano. Digam-me quantos museus chegam a esse número.
Golfe, Vinho, Autoeuropa queremos mais e…. menos ais.
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*Presidente do Lisbon Sports Club