Uma vez mais um guião muito bem preparado e executado quase sempre na sua perfeição
Antes de começar a minha análise sobre a edição deste ano do Masters em Augusta, queria deixar uma nota de agradecimento à Sport TV pela forma como, ano após ano, vai promovendo esta modalidade de que tanto gostamos, assegurando os direitos de transmissão dos principais eventos mundiais. É de facto, um privilégio para os golfistas portugueses podermos assistir a estes eventos, mas pena é que os nossos principais dirigentes não aproveitem estas oportunidades para promoverem a modalidade com campanhas de marketing associadas, visando a promoção deste desporto.
Estes eventos têm uma visibilidade completamente diferente. Lembro que hoje o golfe na Sport TV já não está no pacote premium e, consequentemente, pode ser visto por muito mais pessoas. Estima-se que a Sport TV poderá ter cerca de 500.000 assinantes e, assim sendo, uma campanha de marketing visando a promoção da prática do golfe poderia “atrair” muitos dos curiosos que durante estes dias viram este Masters.
Mas vamos à análise da primeira prova do Grand Slam deste ano. Desta vez a tradição não foi cumprida e o Masters não foi ganho nos últimos 9 buracos do último dia. Jordan Spieth saiu forte logo no primeiro dia e no final do segundo já estava com 130 pancadas (14 abaixo do par). E se formos ver mais em detalhe, de facto, Spieth ganhou a Rory, o grande favorito, nos primeiros 27 buracos: Spieth terminou-os com 97 pancadas (-11), enquanto Rory fazia 111 (+3), ou seja, é só fazer as contas, 14 pancadas de diferença. Lembro que no final Spieth bateu Rory por 6, mas o primeiro, um texano de Dallas, foi sem dúvida um justo vencedor.
O que eu também vi no Masters deste ano foi mais uma vez um guião muito bem preparado e executado quase sempre na sua perfeição, provando novamente que o Marketing funciona e que os responsáveis do Augusta National Golf Club, ano após ano, conseguem surpreender preparando de forma exemplar este major.
O Take 1 deste guião começou logo na quarta-feira como manda a tradição, com o mais famoso torneio de Par-3 do mundo, com honras de transmissão televisiva em directo para centenas de países e milhões de telespectadores. Ali juntam-se as velhas glórias com os novos talentos, que por sua vez levam as mulheres, os filhos, as namoradas para um grande passeio nos jardins de Augusta, e, como se não bastasse esta chuva de estrelas, dando autógrafos, parando para tirar fotografias, eis se não quando, e como que de uma inspiração divina se tratasse, Jack Nicklaus faz um hole-in-one. Era, sem dúvida, um bom começo, sabendo ele que apenas tinha sido “contratado” para o dia seguinte, para ser mais uma vez um dos três starters honorários, juntamente com Arnold Palmer e Gary Player.
No Take 2, devidamente preparado, visto e revisto, estava a despedida de Ben Crenshaw, vencedor de duas edições dos Masters (84 e 95) e um grande discípulo de Harvey Penick. Esta despedida certamente superou as expectativas, com a televisão a dar grande destaque ao jogador, tendo tido o seu ponto alto na chegada ao buraco 18. Foi de facto um grande momento e estavam lá todos para o cumprimentar, o seu antigo caddie Carl Jackson, a família, Bubba Watson (que grande embaixador da modalidade) e muitos outros jogadores.
No Take 3 e finalmente, seria quase inevitável não falar de Tiger Woods e de mais um regresso. Confesso que excedeu as minhas expectativas, gostei do que vi (positive signs), embora não tivesse gostado da sua insistência em querer bater o drive em draw contrariando o seu shot natural com aquele taco que é o fade. Mas gostei da sua atitude, do seu empenho em jogar bem, do seu putting e sobretudo, da forma como apadrinhou Spieth, jogando com ele e Crenshaw a volta de treino (o tal guião bem escrito), e também da forma amistosa como ele e Rory enfrentaram juntos a última volta.
E, como se de um filme se tratasse, mesmo antes de começarem o início das suas últimas voltas, lá estavam eles no putting green a afinar os seus putters, Mickelson, Woods, Rory e Spieth, os “veteranos” a passarem o testemunho, provavelmente, aos dois melhores jogadores desta nova geração de grandes jogadores.