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A estratégia do Oceano Azul
Crónica

Os outros se quiserem seguir Rory McIlroy terão de ir fazer os trabalhos de casa

Acredito que o Rory McIlroy já tenha ouvido falar do livro “A Estratégia do Oceano Azul”, dos professores do INSEAD, W. Chan Kim e Renée Maubourgne.

É um livro que fala de um estudo efectuado a mais de 30 indústrias durante mais de 100 anos, e que demonstra que as empresas para vencerem no futuro devem parar de competir umas com outras, no mesmo espaço de actuação, sempre preocupadas com as outras, e, consequentemente, terminando com a tradicional baixa de preços, levando à degradação e perda de qualidade dos produtos. Este é o território do Oceano Vermelho.

Tal como dizia o meu pai, é necessário preencher o vazio, e isso é exactamente ao que se referem estes dois professores no seu livro. Criar uma estratégia de Oceano Azul não é mais do que criar novos espaços, novas dimensões, novas categorias de produtos, tornando a concorrência irrelevante e elevando o nível e a qualidade dos produtos.

No golfe, Jack Nicklaus, foi o primeiro a fazê-lo. Na sua era, elevou o nível a outro patamar nunca antes visto. É certo que não tinha o carisma de Arnold Palmer, mas serviu-se dele para ter um rival e com isso conquistou o Mundo do Golfe. Nick Faldo tentou a seguir, com método, disciplina, alterações no swing; introduziu os treinadores no golfe – Leadbetter, lembram-se dele? Mas por alguma razão Faldo não chegou ao patamar seguinte. Ballesteros tinha o instinto, o carisma, retirou-lhe protagonismo, e Greg Norman era a sua sombra, apesar de lhe ter ganho mais vezes. O “Tubarão Branco” foi o primeiro golfista global (a TV e a IMG ajudaram muito) depois de Arnold Palmer. Vindo da Austrália, Norman veio cedo para aprender a ganhar e conquistar na Europa, depois foi para os Estados Unidos fazer o mesmo, Faldo esteve lá perto.

E a seguir veio Tiger Woods, esse sim, leu o livro várias vezes, elevou o nível de jogo para outra dimensão, mais atlético, mais técnico, mais completo, mas com uma enorme vontade de quebrar todos os recordes de Nicklaus e companhia. Tiger será sempre considerado um dos grandes atletas de sempre, tal como, Michael Jordan, Usain Bolt, Mark Spitz, Ronaldos (vários) ou Federer.

E, por fim, Rory McIlroy. Tive a oportunidade de ver ao vivo as suas duas últimas voltas no British Open em Liverpool e depois na televisão o PGA Championship. Que loucura incrível o que ele fez e como o fez. Não sou daqueles que agora só falam bem porque ele ganhou, mas vejam a forma como ganhou. Ele mudou o nível, subiu de escalão, tal como nos jogos da Play Station, tal como Woods o fizera antes. Ganhou quatro dos últimos sete torneios que jogou e nos últimos três torneios está 48 abaixo do par!

Rory melhorou as suas fraquezas, na minha opinião, a preparação física, os putts longos e o controlo dos ferros curtos (tal como Woods no início da carreira) e apostou no seu drive para a tal nova dimensão do seu jogo (o Oceano Azul). Vejam as dificuldades que Woods tem em colocar um drive no fairway e a facilidade com que McIlroy bate um drive de 300 metros a direito no meio do fairway. Vejam a forma como ele jogou o drive no difícil buraco 2 em Valhalla, ou o do 6 ou no buraco 16 do último dia, sob pressão. E, da mesma forma que em Hoylake (British Open), ele destruiu o campo, os par-5 e a concorrência com a precisão e a distância do seu drive. Tive a oportunidade de ver que ele (e Dustin Johnson) passavam Rickie Fowler e Sergio Garcia 20-30 metros e Francesco Molinari e Jim Furyk  40-50 metros. Vejam o que é a diferença entre poder jogar um ferro curto para greens secos e pequenos (não se vê na TV) em relação com um jogador que joga sistematicamente ferros médios ou longos. Fica tudo muito mais fácil.

Não estarei a exagerar se disser que Rory tem um pouco de tudo o que de bom têm os jogadores que atrás mencionei (Nicklaus, Woods, Ballesteros, Faldo e Norman).

Concluindo, Rory McIlroy, com esta arma poderosa, elevou o nível de jogo e também melhorou a sua parte psicológica, tornou-se um jogador mais completo, com menos fraquezas, elevou a fasquia. Os outros se o quiserem seguir terão que ir fazer os trabalhos de casa, durante o Outono e o Inverno até ao Masters em Augusta, algo que pelo menos o Ricky Fowler anda a fazer.

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Presidente do Lisbon Sports Club

 

Pr

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