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Tempo de férias
Crónica

Algumas sugestões de leituras e conversas de golfe para o Verão em curso

Tomei a liberdade de utilizar este título num artigo recentemente publicado pelo meu amigo José Manuel Fernandes no Observador. Assim sendo, não são sugestões de leituras de Verão, mas sim de conversas para o Verão, que podemos ter com os nossos parceiros regulares de jogo, com os sócios do nosso Clube à beira de uma piscina ou num passeio de praia propício a algumas divagações. 

Começo com a recomendação da leitura de um estudo efetuado pelo R&A com o título “Pace of Play – Global Survey”, que pode ser visto (gratuitamente) através do site www.randa.org. Este estudo foi realizado em 122 países, de todos os continentes, tendo sido efetuadas mais de 56.000 entrevistas. 

Algumas conclusões interessantes podemos retirar do mesmo, e a maior surpresa vai para o fato de que a duração do tempo de jogo não é um fator tão importante para o decréscimo de jogadores. Cerca de 70 por cento dos inquiridos estão confortáveis com a duração do seu tempo de jogo. Claro está que quando confrontados com a pergunta sobre se ficariam satisfeitos com uma menor duração de cada partida de 18 buracos, cerca de 60%, responderam afirmativamente: sim, se jogassem em menos tempo, ou seja, entre 30 a 60 minutos mais rápidos. 

Outro indicador que merece alguma reflexão foi a resposta a que os inquiridos deram sobre a quantidade de buracos que preferiram jogar; a resposta é conclusiva, cerca de 90% prefere jogar 18 buracos. Quando tanto se fala na redução do número de buracos, de maior velocidade, são dados que não podemos ignorar. 

Continuando ainda com algumas conclusões mais curiosas que o estudo revela, o custo do equipamento e o custo para a iniciação da modalidade (lições) não são um fator preponderante para deixar de jogar com mais frequência ou para dar as primeiras tacadas. 

As razões profissionais e familiares são apontadas como as razões principais para o decréscimo da frequência de jogo (mais de 60%), assim como a prática de outras modalidades desportivas ou hobbys que são apontadas, sobretudo pelas mulheres, como uma boa alternativa ao golfe. 

A falta de conhecimento das regras de etiqueta, o mau jogo de alguns jogadores, as rotinas demasiado lentas, a dificuldade dos campos, a modalidade de jogo, stroke play ou stableford são alguns dos indicadores mencionados num estudo que merece alguma reflexão e que recomendo a sua leitura. 

Lisboa como um novo destino de golfe é outro assunto interessante que merece uma discussão. 

Se o Algarve é provavelmente o melhor destino de golfe do Mundo, por que razão Lisboa não pode ser um dos melhores destinos de golfe do Mundo? 

Eis os fatos: o Algarve tem 37 campos de golfe e jogam-se cerca de 1.100.000 voltas por ano, o que dá cerca de 30.000 voltas por campo. E se o turista de golfe gasta em média mais três a cinco vezes que um turista normal, por que não replicar o modelo e colocar Lisboa no mapa como um destino de golfe de excelência? 

Lisboa, sendo uma capital europeia, tem acessos únicos em termos de aeroporto, podendo-se jogar quer no dia da chegada ou no próprio dia da partida, e de autoestradas, o que permite a um turista jogar golfe, com uma deslocação que não será superior a 45 minutos e em muitos casos entre 20 a 25 minutos. 

A qualidade dos campos é excelente, desenhados por arquitetos de renome. Temos desde championships courses, como a Penha Longa, Ribagolfe, Oitavos, Tróia ou Praia d’El Rey, até aos campos clássicos e cheios de tradição como o Estoril e o Lisbon Sports Club, e até alguns campos de cidade (9 buracos) como o Jamor, Paço do Lumiar, Capuchos, para aqueles com menos tempo disponível. Isto para não falar dos excelentes hotéis que alguns destes campos dispõem, assim como a enorme oferta que existe na capital do país. 

São 23 campos no total, que vão desde Óbidos até Tróia. O número de voltas jogadas em 2014 nestes campos foi de cerca de 350.000, ou seja, apenas 15.000 voltas por campo, metade da ocupação dos campos do Algarve. Podemos ter três destinos dentro do Destino Lisboa (Lisbon South, campos a sul das pontes), Lisbon Center (Cascais, Sintra e Estoril) e Lisbon North (campos acima do Campo Real). Obstáculos a vencer, o clima, nem sempre bem vendido  (Lisboa tem um clima fantástico), e o trânsito, o medo de vir para uma grande cidade jogar golfe. Mas, como diria Chris Stratford, num artigo recentemente publicado no Yorkshire Post, “…Lisbon has golf, history and culture”, e isso é imbatível em relação a qualquer outro destino de golfe do mundo. 

Se os nossos governantes acham que o golfe, tal como o vinho do Porto, representa um grande sucesso na economia portuguesa aqui vai mais uma possibilidade de crescimento. Só falta investimento e marketing para que tal seja uma realidade. 

Por fim, um outro assunto que deve merecer a nossa atenção este Verão. 

Iremos continuar a seguir a carreira dos nossos golfistas profissionais que se encontram a disputar o European Tour e o Challenge Tour. Já na próxima semana temos o Open da Madeira (um major do Challenge Tour), esperemos que alguns deles possam mostrar o seu real valor recuperando a boa forma e nos dêem algumas alegrias. 

Enquanto nos amadores, estaremos a observar com atenção ao aparecimento de mais um talento, o jovem de Miramar, Pedro Lencart, que juntamente com Tomás Bessa (Miramar) e Vasco Alves (Oporto), parecem ser os jovens que em melhor forma se encontram nesta fase da época. Enquanto isso, os consagrados Tomás Silva (Estoril) e Vitor Lopes (Vilamoura) irão procurar ter boas prestações nos Europeus Individuais que se disputam em Agosto. 

Certezas já temos algumas, uma vez que o Ricardo Melo Gouveia já assegurou o cartão para jogar no European Tour no próximo ano, mas não poderá deixar de ambicionar, face à boa posição em que se encontra, de conseguir atingir o topo do Challenge Tour, o que lhe dará uma grande visibilidade, acesso a melhores torneios, e desta forma atrair potenciais patrocinadores. 

A cereja em cima do bolo, e se tudo correr bem, será conseguir a qualificação para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro no próximo ano. Para já tudo parece bem encaminhado, o popular “Melinho” encontra-se na 44.ª posição e lembramos que são apurados os primeiros 60 classificados do ranking Olímpico. Todos sabemos que estes eventos promovem uma grande união no país à volta dos atletas e existe uma forte mobilização num sentido único sempre que um representante luso utiliza as camisolas com as cores nacionais.

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*Presidente do Lisbon Sports Club

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