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A entrevista que nunca existiu
Crónica

Ou sublinhar Jordan Smith, sucessor de Ricardo Melo Gouveia no Challenge Tour

Vem esta crónica a propósito do artigo que escrevi na semana passada sobre o facto de Tiago Cruz ser, até ao momento, o melhor jogador na história do Algarve Pro Golf Tour. Valorizando igualmente o desempenho de outros portugueses, como Ricardo Santos, Pedro Figueiredo, Ricardo Melo Gouveia, João Ramos, Tomás Silva e João Carlota, sublinhei que não se tratava de um circuito qualquer, porque alguns dos seus participantes têm o cartão do Challenge Tour que começa em Março e os restantes são, na sua maioria, aspirantes.

Dei como exemplo Jamie McLeary, que nesse mesmo dia ficara em segundo, a duas pancadas de Tiago Cruz, no II Morgado Classic. O escocês fez 66-66, o português 66-64. Mas fiquei aborrecido por me ter esquecido de reforçar a nota lembrando o caso do inglês Jordan Smith, que em Janeiro do ano passado brilhou no Algarve Pro Golf Tour com duas vitórias e dois segundos lugares (um deles atrás do vencedor Ricardo Santos) nos quatro primeiros torneios de 2016, os únicos que jogou. 

Estava dado o mote para um ano notável deste inglês de 24 anos no Challenge Tour. Na verdade, seria ele o sucessor de Ricardo Melo Gouveia no primeiro lugar final da Road to Oman, a ordem de mérito do circuito que constitui a segunda divisão do golfe profissional europeu, com uma época muito semelhante à do português em 2015, com duas vitórias e múltiplos top-10’s. Melo Gouveia facturou 251.592 euros em prémios, o britânico €239.985. 

Agora, Jordan Smith é um bem sucedido rookie no European Tour. Em oito torneios, já obteve um 3.º (BMW SA Open) e um 6.º lugares (Commercial Bank Qatar Masters), ocupa a 19.º posição na Race to Dubai e já amealhou um pecúlio de mais €200 mil em prémios, estando inclusivamento dentro dos 100 primeiros no ranking mundial (94.º). Ou seja, é já um dos melhores do mundo. 

Quando Jordan Smith, há pouco mais de um ano, estava em grande no Algarve Pro Golf Tour, o GolfTattoo fez questão de ter uma entrevista com ele. Como não estávamos no Algarve, contactámos a PGA de Portugal, mais concretamente a Sofia Câmara, para me fazer entrar em contacto com ele logo após um dos torneios. A antiga vice-campeão nacional amadora, Assistente de Direcção da PGA, avisou-me que não valia a pena conversar com ele por telefone, porque momentos antes entrevistara-o e ele nada de jeito dissera, não fazendo qualquer desenvolvimento das respostas. 

Então passámos ao plano B, que era mais do agrado do jogador, e que passava por lhe mandar as perguntas por email. Assim fiz. Imaginava-o sentado uns 10 ou 15 minutos a um computador a responder, mas afinal utilizou um lápis, o que obrigou a Sofia a tirar fotografias das folhas e depois a enviar-mas por email. Como se não bastasse, a esmagadora maioria das respostas foram insólitas de tão curtas. Optei por não a publicar, mas, no actual contexto do jogador, vale a pena conhecê-la, porque foi a mais desconcertante que já se me deparou.

A primeira folha A4 da entrevista 

GOLFTATTOO – O que o traz a Portugal no início do ano para jogar no Algarve Pro Golf Tour? 

JORDAN SMITH Preparar-me para o Challenge Tour 

Duas vitórias e um segundo lugar, deve estar contente com a sua performance? 

Sim, muito contente. É bom estar em forma à entrada da época. 

Qual foi a sua volta mais especial este ano, e porquê? 

Provavelmente a de 8 abaixo do par na primeira volta do Boavista Classic. 

Que tal foi jogar com dois dos melhores jogadores portugueses, Ricardo Santos e Tiago Cruz? 

Foi óptimo, são grandes jogadores, com muita experiência. Por isso foi fácil aprender uma ou duas coisas com eles. 

Conhece outros jogadores portugueses? 

Não. 

Qual é o jogador que mais admira no golfe e porquê? 

Rory, porque gostaria de estar na sua posição um dia e sinto que temos jogos similares. 

Como descreveria o seu primeiro ano como profissional? Tem sido difícil? 

Tem sido um ano muito bom! O início do ano foi difícil. 

Até agora jogou três torneios no European Tour e fez o cut em todos. Isso deve dar-lhe confiança?  

Sim, muita, porque mostra que tenho o jogo para estar lá. 

O ano passado também jogou cinco torneios no Challenge Tour, desiludido no rescaldo, excepto em relação ao KMPG Trophy em que foi 12.º. 

Sim, o início do ano foi uma luta. 

Vai jogar os próximos torneios do Algarve Pro Golf Tour, a começarem em Fevereiro? 

Não. Estou de partida para duas semanas na África do Sul. 

Falhou o cut na Fase Final da Escola de Qualificação, quais são os seus planos para 2016? 

Bem, através do PGA EuroPro Tour, tenho o cartão completo do Challenge Tour e devo ter alguns convites para o European Tour. 

O ano passado assinou pela Nike, juntando-se a nomes como Rory McIlroy e outros. Que importância é que teve para si? 

Sim, foi muito importante, porque é a maior marca de desporto do mundo e tratam de ti muito bem. 

Tem mais patrocinadores? 

Sim. Gratte Brothers. 

O que é que Portugal significa para si? 

Bom tempo. Bons campos. Óptima preparação para o ano.

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