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Buracos a menos dão mais ao golfe
Crónica

Uma tendência que se prevê fundamental para um novo crescimento da modalidade

Quando a 14 de julho arrancar o 145.º Open Championship no Royal Troon Golf Club, na Escocia, o R&A terá dado mais um passo histórico. A empresa que emanou do vetusto clube de St. Andrews mantém-se na vanguarda da modalidade que regulamenta em quase todo o Mundo. Na semana anterior ao terceiro major do ano, no dia 9, no mesmo Ayrshire links de Royal Troon, disputar-se-á o torneio inaugural de 9 buracos do R&A para amadores, a contar para efeitos de handicap

Trata-se de uma manifestação pública de apoio do R&A ao golfe de 9 buracos, uma tendência que se prevê fundamental para um novo crescimento da modalidade.

Em 2017 já haverá um circuito de torneios de 9 buracos em clubes de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, que apurarão jogadores para o tal evento principal. Não é complicado prever que em alguns anos as federações de vários países sejam convidadas a realizar os seus torneios de apuramento de 9 buracos.

Padraig Harrington, vencedor de três majors, considera que “para um amador anónimo, ter a hipótese de jogar no palco do Open Championship, na semana imediatamente anterior aos melhores jogadores do Mundo, nas condições com que eles irão deparar-se, é fantástico. Tenho a certeza de que este novo formato competitivo encorajará mais pessoas a irem para um campo de golfe para jogarem 9 buracos”. 

Nos últimos anos, o golfe – tal como a economia ocidental – tem estagnado e em alguns casos até perdido praticantes. 

Miguel Franco de Sousa, secretário-geral da FPG, acrescenta que “vivemos momentos conturbados desde 2008. Já não estamos nos tempos de fartura dos anos 90 do século XX. As pessoas têm menos disponibilidade de tempo e financeira. Ao longo da história, o golfe tem-se adaptado às novas realidades sociais e o mesmo irá acontecer agora. Mais tarde ou mais cedo a FPG terá de olhar também para essa realidade. Quem sabe se um dia teremos um Campeonato Nacional de 9 buracos? Ou se passaremos o Nacional de Terceiras e Quartas Categorias para 9 buracos?”. 

Em novembro, o R&A apresentou em St. Andrews uma sondagem, na qual 60% dos inquiridos disse que apreciaria mais a modalidade se uma volta demorasse menos tempo.

Manuel Agrellos, o presidente da FPG, vai mais longe e acredita que um dia poderemos ter campos de 18 buracos a serem reconvertidos em três percursos de 6 buracos. 

Visão teve François Mitterrand. Durante o seu mandato presidencial, de 1981 a 1995, financiou a construção de uma centena de campos municipais de 9 buracos em França. Veja-se o que era e no que se tornou o golfe francês depois disso!

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*Comentador de ténis e golfe no canal Eurosport

**Esta crónica foi publicada originalmente no suplemento GOLFE do jornal Público, no passado dia 30 de Abril

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