Tem enorme potencial de marketing, a começar como símbolo das comunidades portuguesas
Filipe Lima é o português com mais títulos em circuitos profissionais relevantes, distribuídos por um do European Tour (correcorde nacional com Daniel Silva e Ricardo Santos), três do Challenge Tour (correcorde nacional com Ricardo Melo Gouveia), um em torneios da Escola de Qualificação do European Tour (correcorde nacional com António Sobrinho, Tiago Cruz e Daniel Silva) e dois do Alps Tour (recorde nacional).
Obteve algumas vitórias quando ainda representava França, mas detinha dupla nacionalidade e era também português, mesmo antes de jogar pela bandeira do país dos seus pais.Filipe é carismático por razões que às vezes a razão não consegue explicar, mas também por fatores detetáveis.
É um homem atraente. Várias jornalistas, portuguesas e estrangeiras, salientaram-me esse facto. Tem um golfe de ataque que levou Seve Ballesteros a observá-lo. Explode “drivadas” de sonho, mas também maravilha pelo jogo curto que se sublima quando há público a puxar.
Lembram-se do chip-in no buraco 18 do Oitavos Dunes para assegurar o 3º lugar no Open de Portugal de 2005, num dia em que mais de duas mil pessoas foram à da Quinta da Marinha? E o bunker shot no 18 do Aa Saint-Omer Golf Club, apinhado de espectadores, para ganhar há dias o Najeti Open?
Não sei se Filipe Lima gosta de “jogar para a bancada”, mas sei que tem a noção do espetáculo, dentro e fora do campo.
Nos Pro-Am é o charme em pessoa e não uso a palavra francesa por residir em Paris, pois é muito mais típico do norte de Portugal (como a sua pronúncia portuguesa) do que da Versalhes onde nasceu. Vejam-no jogar ao lado de Joaquim Oliveira (da Olivedesportos) e perceberão.
Há 11 anos o Grupo Oceânico organizou na Estela um leilão de solidariedade social. Filipe Lima foi convidado para leiloeiro e, extrovertido, fê-lo na perfeição. Nos dois Torneios Filipe Lima organizados por Ribagolfe para convidados foi um anfitrião exemplar.
Há dez anos, a FPG organizou uma clínica com crianças no Jamor, apareceram mais de 200 e a sua relação com elas foi natural, imediata. Este ano viu-se o mesmo com crianças marroquinas no Troféu Hassan II.
É um santo? Longe disso. É lamentável a sua fraca ligação ao golfe português. Deveria olhar para os exemplos de Ricardo Santos e de Ricardo Melo Gouveia e jogar muito mais em Portugal, apoiar a PGA de Portugal, relacionar-se mais com os media portugueses.
Mas apesar dos defeitos, é um grande embaixador de Portugal e tem um enorme potencial de marketing, desaproveitado, a começar como símbolo das comunidades portuguesas.
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*Comentador de ténis e golfe no canal Eurosport
**Esta crónica foi publicada originalmente no suplemento GOLFE do jornal Público de 25 de Junho