A Ricardo Melo Gouveia abre-se agora um sem número de oportunidades
Acabo de saber que o "Melinho" ganhou o EMC Golf Challenge Open no Olgiata Golf Course em Roma.
Conheci o Ricardo quando fui viver para o Algarve em 1997. Tinha ele 6 anos.
Pouco tempo depois já batia umas bolas mas do que ele gostava era de râguebi e de ténis. Era um jeitoso para o desporto que se irritava quando não conseguia “lá chegar”.
Sendo o Tomás, pai do Ricardo, um viciado em golfe e morando a família no Algarve, não havia muita hipótese. O Ricardo estava destinado a ser golfista.
Começou na grande escola de Vilamoura. Passou por todas as seleções. Os anos passaram e, com o acumular de troféus, o temperamento foi temperando. Deixou de ser o menino que se irritava para ser o homem que não se conformava.
Julgo não estar errado ao dizer que ele se tornou de facto homem no dia em que acabado de ganhar tudo em Portugal e com uma bolsa para uma universidade dos EUA, contra toda a lógica e o que era esperado, com muita coragem disse NÃO.
Foi um choque. Primeiro porque assim deitava tudo a perder. Depois porque até esse dia nunca se tinha visto o Ricardo tão determinado numa decisão.
Nesse dia disse que quem tomava as decisões da vida dele era ele.
Dois ou três meses depois, em que praticamente não tocou nos tacos de golfe, estava decidido. Já tinha uma VISÃO. Queria estar nos melhores do mundo. Era nisso que se iria FOCAR.
Foi para os EUA, fez o seu curso e ganhou mundo. Jogou golfe a um nível muito competitivo.
Ganhou, perdeu, sofreu, teve alegrias, sentiu falta do Algarve da família e da namorada. Foram anos complicados. Mas estava FOCADO e isso superava tudo.
Porque o seu golfe era de facto promissor os sonhos começaram a ser cada vez maiores. Com o apoio incondicional do pai seguiu o seu caminho e sonhou cada vez mais alto.
Acabou o curso. Tornou-se profissional. Começaram os grandes desafios.
Não passar um cut para um miúdo, que é um homem, pode parecer uma coisa menor mas para quem lá anda é um monstro.
E aqui estamos. Cerca de meia dúzia de torneios jogados como profissional e já com um segundo lugar na Escola e o troféu desta semana. Abriu-se um sem número de oportunidades a um Homem (que ontem era um menino) que um dia ousou dizer NÃO, formou a sua VISÃO (irrealista de tão ambiciosa que era) e se FOCOU.
Hoje parece uma tarefa fácil, que o Ricardo teve sorte e que pode acontecer a qualquer um. Lembro-me da frase do Gary Player que disse “quanto mais treino mais sorte tenho”. Assim deixa de fazer sentido desejar-lhe boa sorte. Bons treinos Ricardo!
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Agrónomo