
Na crónica anterior levantei algumas questões. Aqui estão as minhas respostas.
Questão 1: os clubes sem campo serão prejudiciais para o golfe?
Questão 5: existem demasiados clubes de golfe?
Questão 6: existem demasiados clubes de golfe com autoridade de handicap?
Minha resposta: Os clubes sem campo são uma realidade no golfe, não só em Portugal. Recordo que o primeiro clube sem campo a ser inscrito na FPG foi o Clube TAP. Daí ser o clube número 6 na listagem portuguesa de clubes. Isto aconteceu na década de 60 do século passado. No final do século XX e início do actual século, surgiram muitos clubes sem campo. Pode dizer-se, sem desconsideração, que muitos deles são efetivamente golfing societies e não clubes (por não terem formação e por as competições que organizam serem essencialmente de lazer em vez de pura competição). E como a direção da FPG, no seu passado recente. atribuiu, de forma benevolente, autoridade de handicap a praticamente todos os clubes independentemente da sua dimensão, isso gerou uma pulverização de jogadores por clubes pequeníssimos não tendo o efeito multiplicador de crescimento do número de jogadores que se acreditava que esse fenómeno poderia criar. Ou seja, as direções anteriores da FPG criaram um monstro que esta actual direção decidiu matar.
Questão 3: a maior parte dos clubes de golfe associados a campos são verdadeiramente clubes ou apenas muletas orgânicas das entidades proprietárias esquecendo o associativismo inerente a um clube?
Questão 4: a maior parte dos associados dos clubes de golfe participam na vida dos mesmos ou nem sequer estão para aí virados, utilizando os clubes apenas como um veículo funcional para jogarem a sua modalidade?
Minha resposta: São poucos os clubes com atividade de clube. Um clube é um fenómeno associativo que pressupões adesão para uma causa comum, com a participação dos seus membros nas tomadas de decisão dos destinos do clube. Poucos são os clubes onde isto acontece. Acredito que chegam os dedos das duas mãos.
Questão 7: A maior parte dos jogadores de golfe amadores portugueses precisa de handicap minucioso ou apenas de handicap indicativo?
Questão 8: A maior parte dos golfistas amadores portugueses gosta de jogar competições prefere jogar competições com amigos e conhecidos?
Minha resposta: Sendo a maior parte dos jogadores portugueses pertencentes ao escalão sénior, a larga maioria entende o handicap como uma referência em relação à sua capacidade de jogo. Efetivamente o handicap que possuem serve-lhes para jogar de forma lúdica com os amigos, uma vez que essa é a principal motivação da maioria dos jogadores amadores portugueses. Uma vez que em 2019 vai entrar em funcionamento uma nova forma de cálculo de handicap, mais real, é correcto admitir-se que os jogadores, mesmo sendo golfistas de lazer, devam possuir um handicap aferido.
Questão 2: os campos de golfe têm feito uma gestão lógica e sensata relativamente aos jogadores nacionais?
Questão 9: Para jogar 12 vezes por ano é mais prático ser membro de um clube de campo ou apenas pagar o green-fee sempre que se vai jogar?
Questão 10: Para jogar com os amigos frequentemente é mais prático pertencer a uma associação de clubes (com ou sem campos) ou apenas a um clube de um único campo?
Minha resposta: A utopia é possível e sem essa forma de olhar o futuro não haverá ideias novas.
Na Meca do golfe, St Andrews (que por sinal é um campo público), qualquer jogador não residente pagará cerca de 160 libras para jogar. Mas se for residente, paga por volta de 30 libras. Será que os campos portugueses conseguiriam fazer esta discriminação forte de preços, de modo a fomentarem o jogo do golfe entre os portugueses?
Será que se poderia pensar em associações formais ou informais de campos, que criariam fórmulas de intercâmbio e incentivo entre os jogadores da região?
Suponhamos os quatro campos de Óbidos, a nova reserva nacional do golfe. Porque não, um deles, especializar-se em membership e os outros no mercado internacional?
Olhemos por exemplo para os campos na franja norte de Lisboa (que até já têm uma prova anual) e vamos supor que a todos os associados de cada campo seria permitido jogar gratuitamente, uma vez por ano, em cada um dos outros campos.
Não vou dar o exemplo do grupo Orizonte, que tentou criar um grande clube em que os associados podem jogar praticamente em todos os campos, uma vez que a continuidade deste grupo de campos está dependente da decisão final do Novo Banco, mas pode olhar-se para esta realidade e tirar dela alguns ensinamentos.
Ou, por exemplo, criar a associação de campos do East Algarve (Monte Rei à parte) e os seus associados passarem a disputar uma Ordem de Mérito comum.
Tudo isto são exemplos teóricos e não reflectem nenhuma tendência de que eu tenha conhecimento, mas baseiam-se numa ideia: a de congregação de esforços.
Do mesmo modo, a maior parte dos pequenos clubes atualmente existentes, só terá a ganhar se optarem por se associarem (em forma de fusão ou em forma de secções de clubes já existentes), preferencialmente de forma regional. Ganham dimensão, seja funcional, seja negocial, podem até encarar a formação como uma realidade lógica da sua atividade. Podem até tornar-se donos de um campo que esteja à venda por um preço acessível. Acredito que a junção formal de muitos dos atuais pequenos clubes irá dar uma nova dimensão ao golfe.
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*Presidente da Indy Golf, Associação de Golfistas Independentes de Portugal