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E se o golfe desaparece do Algarve dentro de 20 anos?
Crónica

Só através da criação de mercado interno é que se pode inverter esta fatalidade anunciada 

O golfe no Algarve vai começar a sofrer de uma doença chamada envelhecimento. Não dos campos em si, não dos envolvidos na manutenção e gestão dos mesmos. Sim dos utilizadores. 

Se em Portugal esse karma já se nota, com um reduzido número de algumas centenas de praticantes abaixo dos 40 anos (que dentro de 20 anos não irão ser suficientes para alimentar um campo de golfe, quanto mais 85), o número de praticantes estrangeiros dos habituais mercados emissores está a começar a baixar. 

Não fora a crise dos países árabes (entretanto já em recuperação) e não teríamos tantos jogadores franceses e alemães ainda a procurarem os campos algarvios. Estes procuravam anteriormente destinos como Marrocos e Turquia, dois países que, em termos de golfe estão a recuperar o tempo perdido pelas convulsões sociais. E com Itália a meter-se de permeio como destino emergente. 

Acresce que os preços praticados no Algarve (globalmente) são mais elevados que, por exemplo em Espanha. É verdade que a maior parte dos campos do Algarve são de qualidade superior, mas o turista quando planifica umas férias de golfe calcula o que vai gastar e se o golfe lhe vai custar o dobro daquilo que ele vai gastar em comida, ele pondera, logicamente, qual o destino que lhe pode proporcionar umas férias com orçamento equilibrado. 

Como é que o Algarve pode inverter esta fatalidade anunciada? Criando mercado interno. Ou seja, são precisos 800 novos jogadores por ano por cada um dos próximos anos, e que fiquem com o prazer de praticar esta modalidade. Onde é que eles estão? Nas escolas primárias e secundárias. É lá que se têm de ir buscar. E, garantidamente, esses não irão pagar 90 euros por volta de golfe, uma vez que se pensarmos em ter jogadores frequentes, estes irão jogar pelo menos duas vezes por mês. Ou seja estamos a falar de uma despesa de cerca de mil euros por ano só para jogar, num país em que o salário médio mensal ronda os 900 euros. 

Ou seja, o jogador algarvio do futuro (já do próximo ano) deverá ter acesso a jogar golfe por 15 a 25 euros por volta. Os campos que não equacionarem esta realidade poderão ter de ponderar a sua reconversão para outra área de atividade.

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*Presidente da Indy Golf, Associação de Golfistas Independentes de Portugal

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