Começamos a sonhar com a estreia de um português no circuito-rei do golfe, o PGA Tour
Com a grande estreia de Ricardo Melo Gouveia no European Tour começamos a sonhar com uma outra estreia, essa sim inédita, a de um Luso no circuito-rei do golfe, o PGA Tour. Rory McIlroy resumiu bem a dinâmica entre os dois circuitos quando, em 2009, explicou a sua decisão de atravessar o Atlântico dizendo: "Jogarei em fields de nível mundial com mais pontos disponíveis e a única maneira de evoluir é jogando ao lado dos melhores.”
Para além dos óbvios pontos a favor, como mais dinheiro e mais competitividade, jogadores como Luke Donald enunciam outro fator que contribui para o salto: a redução de viagens e da fadiga que estas causam. O European Tour é cada vez mais um circuito global com torneios em África, no Médio Oriente e na Ásia enquanto que o PGA Tour permanece centrado nos EUA e tenta reunir torneios em clusters geográficos (West Coast Swing, Florida Swing, etc.).
Para sublinhar a importância de reduzir tempo passado em aeroportos e aviões basta olhar para as declarações de Jordan Spieth sobre como o seu jogo se ressentiu após o périplo dos últimos meses.
Mas avancemos porque mais difícil do que decidir ir é conseguir entrar. Dada a recente alteração dos critérios de admissão é agora mais difícil ou pelo menos mais moroso chegar à “liga milionária”. Até 2012, à semelhança do que ocorre no European Tour realizavam-se torneios de qualificação (Qualifying Schools), sendo que os 25 melhores obtinham um cartão de um ano. Estes torneios de qualificação continuam a existir mas agora dão acesso ao Web.com que é o principal circuito americano de desenvolvimento de jogadores – equivalente ao europeu Challenge Tour.
Sendo assim, como é que se acede ao olimpo do golfe? Há várias maneiras, mas a mais direta, tirando um pouco provável convite do comissário Tim Finchem, é mesmo jogar no Web.com. Tour. Isto porque todos os anos são atribuídos 50 cartões do PGA Tour aos melhores jogadores deste circuito. Vinte cinco vão para os melhores jogadores da época (Money List) e vinte cinco são conquistados diretamente nos três torneios que compõem as finais. Por outro lado existem as promoções de batalha (battlefield promotions) onde jogadores do Web.com que ganhem três ou mais torneios numa temporada são premiados com acesso a eventos do PGA Tour nesse ano e no seguinte.
Fora isto existem desafiantes atalhos que são tipicamente utilizados pelas grandes estrelas. Por exemplo, ganhar um torneio do PGA Tour ou um major vale um cartão de dois anos. Este período pode aumentar um ano por cada nova vitória até um máximo de cinco anos. No entanto, como o jogador em questão não é membro do PGA Tour, terá de conseguir acesso especial aos tais torneios e só há duas formas de o fazer: convite de patrocinador (Sponsor Exemptions) ou apuramentos, nem sempre disponíveis, que tipicamente se realizam na segunda-feira que antecede o torneio (Monday Qualifying).
Caso o jogador não consiga uma vitória mas passe múltiplos cuts poderá obter um cartão de um ano acumulando pontos suficientes para ficar no top 125 do FedEx Cup. Por fim há ainda uma figura chamada Special Temporary Membership. Para usufruir desta o jogador tem de igualar os pontos FedEx Cup do 150.º jogador do ano transato.
Dito isto, uma coisa de cada vez, porque o salto é traiçoeiro. Sem deixar de sonhar com o dia em que se fale português no PGA Tour, vamos fazer força para que Melo Gouveia continue a sua excelente prestação no European Tour.